A universalização do esgoto parece ser um sonho distante. Atualmente, cerca de 32 milhões de brasileiros vivem sem acesso à água potável e mais de 90 milhões não têm coleta de esgoto. Segundo o Plano de Saneamento Básico do governo federal, é necessário um investimento de R$ 231 anuais por habitante para universalizar o esgoto. Mas em 2022, a média foi de apenas R$ 111. Há alguns estados com situação muito graves, como o Acre, onde o investimento foi de apenas R$ 3 por habitante.
- Nos 10 estados
litorâneos mais populosos, 36% dos trechos analisados estão fora dos padrões
mínimos de balneabilidade (dos 1.035 pontos examinados, 347 se mostraram
impróprios). A sujeira mostra país longe da meta de esgoto tratado.
- Mostra como
está distante a meta estabelecida de tratar 90% de todo o esgoto até 2033. Por
exemplo, a porcentagem de esgoto tratado no país entre 2019 e 2022 evoluiu
apenas de 49% para 52%. É muito pouco!
- A persistência
do problema está relacionada à expansão do turismo sem investimentos em
infraestrutura. É uma expansão perigosa, pois turismo e investimentos
imobiliários sem controle (mais acelerado do que em esgoto) levaram ao aumento
do número de trechos impróprios para o banho.
- Muitos
municípios receberam novos moradores, mas sem estrutura de saneamento básico.
Logo, a forma de ocupação, sobretudo depois da pandemia, fez aumentar a
poluição.
- Há um “grande
contrassenso” entre a maioria dos gestores municipais – deixam de priorizar o
saneamento básico, o que garantiria a eficiência da qualidade ambiental das
praias e do mar e a vinda de mais turistas. Assim, muitas praias turísticas não
constam com estações de tratamento de esgoto. Ao mesmo tempo, têm investido e
apoiado grandes projetos imobiliários. A velocidade da implementação de
infraestrutura não seguiu a mesma do desenvolvimento urbano.
- Há, também,
influência do movimento de saída de pessoas dos grandes centros para morar em
cidades menores depois da pandemia.
- Há á fama de
praias que leva a uma ocupação descontrolada e consequente degradação, além do
apelo turístico que o fenômeno provoca.
- As cidades
cresceram sem acompanhamento de planejamento, e o saneamento básico ficou
comprometido.
- Os efeitos da
falta de tratamento ultrapassam a área ambiental ou da saúde de quem se arrisca
em águas impróprias:
- Se o Brasil
universalizar o esgoto até 2040, pode ganhar R$ 80 bilhões com o turismo
(Instituto Trata Brasil).
- Dos estados
analisados, repare que Pernambuco está em pior situação, com 63% dos trechos
examinados considerados impróprios.
- A sociedade
não enxerga o valor do tratamento de esgoto para a nossa vida. Muitas vezes mal
sabe se tem coleta e tratamento na nossa casa. É um setor que exige
investimento alto e obras que trazem transtorno.
- E não existe solução única. O país tem realidades diversas e uma desigualdade regional bem grande. Mas, em qualquer uma das soluções, a gente precisa de investimento, seja público ou privado. É preciso entender a realidade de cada estado e ter uma regulação forte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário