Profissional, legal, legítimo e poderoso.
Em 31 de agosto de 1993, surgia na Casa de Custódia de Taubaté, em SP, a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), criada sob o pretexto de combater a opressão no sistema penitenciário e de evitar massacres como o do Carandiru, que deixara 111 mortos um ano antes.
Três décadas depois, o PCC tornou-se uma potência do crime. Domina rotas internacionais do comércio de drogas, controla presídios, influi nos índices de violência e desafia governos.
Com faturamento estimado em pelo menos US$ 1 bilhão por ano (80% provenientes do tráfico internacional), a facção atua em 24 países, reúne mais de 40 mil integrantes e envia droga aos cinco continentes. Está presente em praticamente todo o Brasil, em vários países da América Latina, nos EUA e em parte da Europa e do Oriente Médio.
O PCC se expandiu e se profissionalizou (consolidou seu poder, estando presente em atividades legais e deu legitimidade às suas ações). Exporta drogas pelo Porto de Santos, de pequenas quantidades nas bagagens de marinheiros a grandes carregamentos em contêineres ou por métodos mais sofisticados, como esconder a carga no casco de navios com auxílio de mergulhadores. Ou que tal o elo da facção com dezenas de hotéis ou grandes empresas de ônibus para levar o dinheiro ilegal obtido com o tráfico?
Especializou-se tanto que acirraram as disputas do PCC pelo controle das rotas do tráfico com outras facções, como o Comando Vermelho (RJ) e organizações criminosas do Norte e daqui do Nordeste. Tudo se transformando em verdadeiras multinacionais do crime.
Isso explica porque a segurança é hoje uma das principais preocupações dos brasileiros. Veja só como o crime impacta o bom funcionamento social. Nessas eleições de 2024, o TRE do RJ decidiu transferir 93 locais de votação de áreas controladas por facções ou pelo crime. Em outra ponta, até agora violência ou confrontos suspenderam aulas em 368 escolas públicas do Rio. Áreas dominadas pelo crime onde o poder público não entra, populações achacadas por milicianos e traficantes, presídios dominados, assaltos, estupros e assassinatos à luz do dia transmitem sensação de anomia. Quem está no controle?
Enfim, de tanto combater milícias e máfias, aprendeu e igualou-se a elas. Nenhuma guerra é vencida quando oposição vira oponente. Se os princípios são os mesmos, o que ocorre não é luta por transformação, mas disputa por poder. O PCC desvirtuou-se. É preciso mais controle da União e combate constitucional dos Estados, num trabalho integrado, articulado e inteligente contra a insegurança e o medo. Por um plano robusto e eficiente para enfrentar as organizações criminosas!
Nenhum comentário:
Postar um comentário