QUAL É A RAZÃO pela qual tantos adolescentes e pré-adolescentes procuram conteúdos que reforçam sintomas depressivos e ansiosos?
O adolescente é capaz de tomar decisões adequadas e responsáveis sobre as imagens aos quais é exposto? Não! A porção anterior do cérebro – lobo frontal –, associada à:
1.
Tomada de decisões;
2. Controle inibitório e dos impulsos...
Ainda está em desenvolvimento. Logo, o cérebro adolescente não está preparado para responder adequadamente com tomada de decisões rápidas e formação de conceitos que antecipem os riscos e as consequências do conteúdo de mídias sociais, jogos de videogame, fóruns online etc.
Para piorar, as mídias sociais têm um sistema de recomendações algorítmico que identifica interesses. O adolescente sem supervisão que procure conteúdos reforçadores de comportamentos ou ideias negativas irá receber informações excessivas sobre o tema.
Outro ponto é que há evidências sólidas de que pais com transtorno mental são determinantes para a presença de transtorno mental de seus filhos.
Ainda tem o agravante da sociedade polarizada, atacada pelas fake news e o desejo de voto imediato dos conservadores e de pais desesperados que procuram uma solução rápida.
Aí vem o rombo: 293 milhões de indivíduos entre 5 e 24 anos têm um transtorno mental. A prevalência já elevada de sintomas ansiosos, depressivos e emocionais se acentuou na pandemia. Os fatores relevantes foram: isolamento, diagnóstico prévio de transtorno mental, exposição prévia a eventos traumáticos ou psicológicos, agressão, psicopatologia parental e menor quantidade de sono.
A melhor saída não seria legislar para banir a mídia social. Isso até poderia gerar o efeito oposto de “fruto proibido”, criando um sentimento de curiosidade e contravenção. Sem falar que os pré-adolescente e adolescentes são reconhecidamente capazes de criar identidades falsas que não permitem o seu reconhecimento. Aliás, os avatares estão aí para reforçar.
Enfim, as mídias sociais se tornaram
parte da identidade dessa faixa etária e do seu engajamento e aprendizado
social. Legislar e educar com bom senso é o caminho, mirando na verificação de
idade e restrições ao acesso excessivo de conteúdos de risco de forma
ponderada. Também investir na criação de políticas públicas para a assistência
à saúde mental dos jovens, visto o efeito benéfico da intervenção e prevenção
precoces. Afinal, jovens saudáveis identificam conteúdos e pensamentos
negativistas e podem evitá-los. Por fim, as plataformas deverão ser chamadas
com rigor para as suas responsabilidades no agravamento desse problema.
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