Estamos diante de um bom argumento? Válido ou forte?
É por isso que quando desejamos que as palavras tenham mais
força do que podem, gritamos.
Mas, isso não dará mais sentido do que elas realmente têm.
A força das palavras não está no timbre, mas na relação entre as
premissas e a conclusão.
Conexão e encadeamento verdadeiros.
É pelo argumento que se convence. Não pelo grito.
(Neilton Lima).
Um argumento válido ou forte com premissas verdadeiras pode mesmo assim ser um mau argumento. As premissas de um argumento têm de ser mais plausíveis do que a conclusão para que o argumento nos dê boas razões para aceitar a conclusão. Porém, uma premissa não pode ser uma mera repetição ou antecipação da conclusão.
A validade
ou a força de um argumento:
A)
Não
depende de nós;
B)
Não
dependem do fato de as premissas serem ou não verdadeiras;
C)
Não
dependem do nosso conhecimento relativo à verdade ou falsidade das premissas;
D) Só depende da relação entre as premissas e a conclusão.
Assim, as condições para um bom argumento são:
A)
Deve
haver boas razões para pensar que as premissas são verdadeiras;
B)
O
argumento deve ser válido ou forte;
C) As premissas devem ser tão ou mais plausíveis do que a conclusão.
Outras condições:
·
Um
argumento pode não ser válido quando as premissas são verdadeiras e a conclusão
falsa;
·
Um
argumento é fraco quando as premissas são verdadeiras e a conclusão falsa;
·
Não
adianta utilizar termos para ponderar ou moderar um argumento para ele ser
válido. Expressões do tipo “realmente”
ou “talvez” apenas demonstrarão a
atitude de quem formula os argumentos tem ou pensa perante a conclusão (mas não
é isso que a tornará válida ou o fará forte). “Não tornamos um argumento forte ou válido só por lhe chamarmos “forte”
ou “válido”, tal como eu não transformo o meu gato numa fera por lhe chamar de “tigre””
(p. 39). Assim, por exemplo, palavras como “logo” e “portanto” não
fazem parte de uma afirmação. Servem apenas para nos dizer que a afirmação
seguinte é uma conclusão.
·
Basear
na experiência é um bom ponto de partida para ter argumentos fortes e bons (porém, não necessariamente válidos). “Quando raciocinamos a partir da
experiência, um argumento forte com premissas verdadeiras é às vezes melhor do
que um argumento válido com a mesma conclusão. Por exemplo:
A)
Todos
os periquitos têm menos de 20 cm de altura. Logo, os periquitos à venda na loja
têm menos de 20 cm de altura. É válido, mas não
sabemos se a premissa é verdadeira. De que nos serve a validade deste
argumento, se a sua premissa é duvidosa?
B) Todos os periquitos que todas as pessoas que conhecemos viram, ou de que ouviram falar, ou sobre os quais leram, têm menos de 20 cm de altura. Logo, os periquitos à venda na loja têm menos de 20 cm de altura. É bom e forte, com premissa claramente verdadeira. É melhor que o primeiro. Porém, embora no conjunto o argumento nos dá boas razões para aceitarmos a conclusão, ele não nos dá certeza.
Testes:
1.
Um argumento é mau quando a premissa é mais duvidosa
do que a conclusão ou quando as premissas não são mais plausíveis do que a
conclusão. “Os animais têm alma. Logo, devemos tratar
bem os animais”.
2.
Um argumento é mau quando é enganador ou a pessoa
argumenta em círculo, isto é, sua premissa se limita a reafirmar a conclusão ou
essa conclusão já está contida de forma imediata em uma ou mais premissas.
- “Deus existe. Porque a Bíblia afirma isso. Porque deus
escreveu a Bíblia”.
- “Os estudantes que trabalham não devem ser favorecidos nas
classificações porque isso não seria justo para com os outros estudantes”. O que significa, neste contexto, “justo”? Significa “tratar
todas as pessoas da mesma maneira”. Assim, o argumento se reduz ao
seguinte: “Os estudantes que trabalham não devem ser tratados de forma
diferente dos outros, porque devemos tratar todas as pessoas da mesma maneira”.
A premissa pode ser verdadeira, mas é apenas uma reafirmação da conclusão. E
tem mais: se muitos necessitam trabalhar e alguns não como isso já seria justo?
Pode-se alegar justiça se servindo do injusto?
3. Nem sempre podemos nos apoiar em argumentos válidos, porque válido não é sinônimo de bom, e vice-versa. “Platão é um filósofo. Todos os filósofos são gregos. Logo, Platão é grego”. Este argumento é válido. Mas, apesar de a sua conclusão ser verdadeira, o argumento é mau porque a segunda premissa é falsa. As duas premissas, em conjunto, não nos dão mais razões para aceitar a conclusão do que a mera afirmação da conclusão. “Sempre que como ovos, independentemente de serem cozidos ou fritos, sinto-me muito mal disposto. Devo ser alérgico aos ovos”. Este é um argumento forte, que apresenta boas razões a favor da conclusão. Mas não é válido: o autor poderia estar com hepatite, que o fizesse sentir mal disposto cada vez que come ovos.
CONCLUSÃO
"A classificação de argumentos de
muito fortes a fracos é como uma aposta necessária que busca ganhar a verdade.
Se não apostarmos em suas matizes, de mais próxima ou mais distante dessa
verdade, teríamos que aceitar a falácia da fronteira imprecisa. Pode haver
alguma imprecisão na classificação dos argumentos, mas podemos dentro de certos
limites distinguir os argumentos fortes dos fracos. Obviamente não podemos
fazer isso com uma máquina, ou com um programa de computador: essa é uma das
razões pelas quais o pensamento crítico não se reduz à lógica ou à matemática,
embora possa usar recursos de ambas” (pp. 37-38).
“Não tornamos um argumento forte ou válido só por
lhe chamarmos “forte” ou “válido”, tal como eu não transformo o meu gato numa
fera por lhe chamar de “tigre”” (p. 39).
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