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Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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quarta-feira, 15 de maio de 2024

Pensamento Crítico (Parte VIII).

Estamos diante de um bom argumento? Válido ou forte?

É por isso que quando desejamos que as palavras tenham mais força do que podem, gritamos.

Mas, isso não dará mais sentido do que elas realmente têm.

A força das palavras não está no timbre, mas na relação entre as premissas e a conclusão.

Conexão e encadeamento verdadeiros.

É pelo argumento que se convence. Não pelo grito.

(Neilton Lima).

Um argumento válido ou forte com premissas verdadeiras pode mesmo assim ser um mau argumento. As premissas de um argumento têm de ser mais plausíveis do que a conclusão para que o argumento nos dê boas razões para aceitar a conclusão. Porém, uma premissa não pode ser uma mera repetição ou antecipação da conclusão.

A validade ou a força de um argumento:

A)   Não depende de nós;

B)    Não dependem do fato de as premissas serem ou não verdadeiras;

C)    Não dependem do nosso conhecimento relativo à verdade ou falsidade das premissas;

D)   Só depende da relação entre as premissas e a conclusão.


Assim, as condições para um bom argumento são:

A)   Deve haver boas razões para pensar que as premissas são verdadeiras;

B)    O argumento deve ser válido ou forte;

C)    As premissas devem ser tão ou mais plausíveis do que a conclusão.


Outras condições:

·       Um argumento pode não ser válido quando as premissas são verdadeiras e a conclusão falsa;

·       Um argumento é fraco quando as premissas são verdadeiras e a conclusão falsa;

·       Não adianta utilizar termos para ponderar ou moderar um argumento para ele ser válido. Expressões do tipo “realmente” ou “talvez” apenas demonstrarão a atitude de quem formula os argumentos tem ou pensa perante a conclusão (mas não é isso que a tornará válida ou o fará forte). “Não tornamos um argumento forte ou válido só por lhe chamarmos “forte” ou “válido”, tal como eu não transformo o meu gato numa fera por lhe chamar de “tigre”” (p. 39). Assim, por exemplo, palavras como “logo” e “portanto” não fazem parte de uma afirmação. Servem apenas para nos dizer que a afirmação seguinte é uma conclusão.

·       Basear na experiência é um bom ponto de partida para ter argumentos fortes e bons (porém, não necessariamente válidos). “Quando raciocinamos a partir da experiência, um argumento forte com premissas verdadeiras é às vezes melhor do que um argumento válido com a mesma conclusão. Por exemplo:

A)   Todos os periquitos têm menos de 20 cm de altura. Logo, os periquitos à venda na loja têm menos de 20 cm de altura. É válido, mas não sabemos se a premissa é verdadeira. De que nos serve a validade deste argumento, se a sua premissa é duvidosa?

B)    Todos os periquitos que todas as pessoas que conhecemos viram, ou de que ouviram falar, ou sobre os quais leram, têm menos de 20 cm de altura. Logo, os periquitos à venda na loja têm menos de 20 cm de altura. É bom e forte, com premissa claramente verdadeira. É melhor que o primeiro. Porém, embora no conjunto o argumento nos dá boas razões para aceitarmos a conclusão, ele não nos dá certeza.

Testes:

1.     Um argumento é mau quando a premissa é mais duvidosa do que a conclusão ou quando as premissas não são mais plausíveis do que a conclusão. “Os animais têm alma. Logo, devemos tratar bem os animais”.

2.     Um argumento é mau quando é enganador ou a pessoa argumenta em círculo, isto é, sua premissa se limita a reafirmar a conclusão ou essa conclusão já está contida de forma imediata em uma ou mais premissas.

- “Deus existe. Porque a Bíblia afirma isso. Porque deus escreveu a Bíblia”.

- “Os estudantes que trabalham não devem ser favorecidos nas classificações porque isso não seria justo para com os outros estudantes”. O que significa, neste contexto, “justo”? Significa “tratar todas as pessoas da mesma maneira”. Assim, o argumento se reduz ao seguinte: “Os estudantes que trabalham não devem ser tratados de forma diferente dos outros, porque devemos tratar todas as pessoas da mesma maneira”. A premissa pode ser verdadeira, mas é apenas uma reafirmação da conclusão. E tem mais: se muitos necessitam trabalhar e alguns não como isso já seria justo? Pode-se alegar justiça se servindo do injusto?

3.     Nem sempre podemos nos apoiar em argumentos válidos, porque válido não é sinônimo de bom, e vice-versa. “Platão é um filósofo. Todos os filósofos são gregos. Logo, Platão é grego”. Este argumento é válido. Mas, apesar de a sua conclusão ser verdadeira, o argumento é mau porque a segunda premissa é falsa. As duas premissas, em conjunto, não nos dão mais razões para aceitar a conclusão do que a mera afirmação da conclusão. “Sempre que como ovos, independentemente de serem cozidos ou fritos, sinto-me muito mal disposto. Devo ser alérgico aos ovos”. Este é um argumento forte, que apresenta boas razões a favor da conclusão. Mas não é válido: o autor poderia estar com hepatite, que o fizesse sentir mal disposto cada vez que come ovos.

CONCLUSÃO

"A classificação de argumentos de muito fortes a fracos é como uma aposta necessária que busca ganhar a verdade. Se não apostarmos em suas matizes, de mais próxima ou mais distante dessa verdade, teríamos que aceitar a falácia da fronteira imprecisa. Pode haver alguma imprecisão na classificação dos argumentos, mas podemos dentro de certos limites distinguir os argumentos fortes dos fracos. Obviamente não podemos fazer isso com uma máquina, ou com um programa de computador: essa é uma das razões pelas quais o pensamento crítico não se reduz à lógica ou à matemática, embora possa usar recursos de ambas” (pp. 37-38).

“Não tornamos um argumento forte ou válido só por lhe chamarmos “forte” ou “válido”, tal como eu não transformo o meu gato numa fera por lhe chamar de “tigre”” (p. 39).

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