Creio em algo, mas adoro a mentira.
As redes geram uma epidemia de inconsistências. Que democratização de informação e opinião que nada! A humanidade sempre teve uma relação delinquente com a fala, a linguagem e a emissão de opiniões. Trata-se de uma situação estrutural mais profunda.
Não aprendemos a falar “para” o conhecimento consistente de nada. Aprendemos a falar “para” garantir a sobrevivência, a defesa e convencer o outro aos nossos caprichos – entre eles, sexo. Nessa linha, a mentira é proporcional ao simples aumento da circulação da palavra, porque amamos a mentira em si, sem nenhuma razão especial. Logo, a linguagem está a serviço do delírio, da mentira, da fofoca, da manipulação das mentes e corações.
Antes das redes sociais, a esquerda (Lenin, Trótski, Stálin, Marx) usava a linguagem para revolucionar, desconstruir, aglutinar, lutar, materializar gente. Um pragmatismo revolucionário no uso da moral e da linguagem que já não vemos mais. Estão todos se desmanchando nas fake news desmoralizantes. Agora acharam graça de brincar de fazer federações partidárias para em seguida se desfazer, acuando a palavra do outro, esvaziando-a de valor, de sentido, só para gerar mais engajamento virtual de uma determinada narrativa. E só.
Enfim, é mais fácil ser inconsistente no
uso da linguagem do que seu contrário. Cadê o jornalismo e o intelectual decentes?
As redes sociais e suas fekes news comeram! Culpa primeira da delinquência
moral, que é estrutural em nossa espécie; e, depois, da conjuntura moral, essas
redes rasas e frenéticas que engoliram a praça pública para liberar o que temos
de pior.
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