Corrupção acarreta custos políticos, sociais e reputacionais. Ela não é só pagamento de propina. As mais comuns são: a compra de votos, a utilização da máquina pública e o desvio de verbas e dinheiro público. Os votos de cabresto se modernizaram, graças ao usufruto do patrimonialismo, nepotismo e o desuso da máquina pública em prol do bem-comum.
Graças à cédula pública e a urna eletrônica, superamos algumas das principais práticas corruptas: a violação do segredo do voto e as fraudes na sua contagem. Entretanto, ainda sobressai o descompasso entre o progresso obtido pela utilização corrupta de contratos de obras públicas, em grande escala, para campanhas eleitorais.
A compra direta ou troca de vantagens
por votos, uma prática corrupta e ilegal, foi substituída por uma artimanha que
acaba não fugindo das tentativas de manipular – a mobilização do eleitorado em
bases programáticas (políticas públicas na véspera das eleições).
Como acabar com a corrupção eleitoral?
·
Eliminar
o descompasso entre lisura dos procedimentos e financiamento corrupto das
eleições;
·
Passando
por notável mudança institucional ou reformas;
·
Formando
coalizões majoritárias entre facções dissidentes de elites no poder e setores
emergentes fora do poder (partidos ancorados no operariado e setores de renda
média);
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Causando
choques políticos e econômicos ou conflitos intraelites que questionem e rompem
com o estado maculado existente, abalando as elites no poder que controlam
recursos e impõem seu domínio sobre rivais;
·
Observando
a qualidade das coalizões e evitando que elas despenquem em práticas corruptas;
·
Melhorando
as leis eleitorais que disciplinam os financiamentos de campanhas, gerando fundos
bilionários e descompassos na corrida eleitoral;
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Combatendo
os desvios de recursos de estatais e a concentração de emendas. Vide o Centrão,
o âmago da corrupção via máquina pública, com seus partidos envolvidos em
escândalos e que mais cresceu nas eleições subsequentes (controla muitos
estados, municípios e a verba federal);
·
Em
vez de alimentar, a sociedade precisa ajudar a combater o status quo da corrupção;
·
Combater
a contratação de servidores de forma direta, primando pelo concurso público em
detrimento de contratos e comissionados (e ainda juntam os terceirizados por um
tal instituto). Mas, para isso, o Ministério Público, o Tribunal de Contas e
outros órgãos de fiscalização precisariam funcionar bem;
·
Acabando
com a ilegibilidade de licitações, com as (bi-mi)lionárias sem licitação para
obras supostamente emergenciais às vésperas das eleições;
·
Alterar
a forma de administração do dinheiro público, que não pode acontecer por
administradores ou conselheiros em fim de carreira indicados pelo executivo
para manter o sistema sem rígida fiscalização (com no máximo “multinhas” e
relatórios de faz de contas);
· Evitando que o inelegível e sua reforma administrativa que acabava com a estabilidade do servidor voltem!
“[...] há um jeito mais fácil de extinguir a corrupção. Como, para existir corrupção, tem de haver um corrupto e um corruptor, e como o corruptor, de maneira geral, é aquele que tem dinheiro para corromper, basta então que este indivíduo não corrompa a outros. Do ponto de vista operacional, não é difícil. Se o empresário é aquele que possui dinheiro e a corrupção é feita com esse capital, não o utilize para fazer isso e a corrupção acaba. Pode parecer óbvio, mas o espanto é grande, porque sempre se supõe que o processo de higiene política tem de ser feito num outro lugar que não aquele em que estou” (POLÍTICA para não ser idiota, p. 47).
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