Há uma recusa histórica da Rússia em tornar-se um país europeu. É a “Rússia eterna” ou um monólito adornado pela face de Putin – o nacionalismo grão-russo.
A guerra da Ucrânia/OTAN contra a Rússia é um conflito de “nação moderna” que tenta se impor por fora ao país. Por fora, mas também por dentro, abaixo da superfície congelada, a oposição ocidental deseja infiltrar.
Ao longo de séculos, a elite russa oscilou entre tal recusa e uma tentação intensa de ser Europa. A Rússia da esquerda resistente ressurge na guerra imperial na Ucrânia. Para ela, Putin é uma espécie de Lênin reciclado. Uma Rússia verdadeira, que tenta resistir na projeção da imagem de Putin, mas atacada com as armas militares e ideológicas do Ocidente.
Diante desse conflito, algumas conclusões:
1.
A
Rússia de um PT embevecido pelo “feito histórico” da reeleição de Putin com 87%
dos votos é outra: a potência nuclear que faz contraponto ao “imperialismo
americano”;
2.
Na
Europa, o século 20 ensinou à esquerda o valor da democracia e de uma ordem
internacional baseada em regras;
3.
Na
América Latina predomina ainda uma esquerda resistente, mas relegada à caverna do
terceiro-mundismo e à figura incrível de Che Guevara;
4.
O
militante identitário e iludido quer um Congresso “mais representativo” pela introdução
de cotas raciais no sistema eleitoral, “corrigindo” a vontade do eleitorado;
5. Cada um tem a sua própria Rússia, mas a de Putin é mais verdadeira que a de Volodymyr Zelensky.
Enfim, a “alma profunda” das nações faz
gato e sapato do conceito de representação nessa história toda. Desse ponto de
vista, necessário! Ou assim ou o dito modernismo europeu se infiltrará no
realismo socialista, esterilizando-o. E a Rússia não seria o monólito resistente, sempre
igual a si mesmo, como o sorriso de Putin.
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