O retrato da polarização que passou a dominar a política brasileira nos últimos anos.
Como Lula e o Inelegível impactarão as eleições municipais de 2024?
Numa escala de 0 a 100 sobre a percepção dos brasileiros quanto às diferenças políticas, religiosas, étnico-raciais, de classe e de moradia (urbana e rural), o Brasil bate 67 no índice de polarização social. Porém, no ranking específico das questões políticas, são 76 pontos.
Vamos ao cenário:
·
As
pessoas sentem um conflito muito forte entre quem apoiam partidos políticos
distintos (53%);
· As duas pontas da disputa dominam o jogo em proporções muito semelhantes. O que significa que os neutros (23%) e os de centro (6%), que procuram escapar dessa lógica, serão fortemente flertados.
Enfim, isso mostra que há aí duas dimensões preponderantes que são referências para definir o posicionamento político, diante de temas que são frequentemente debatidos pela sociedade: propostas dos candidatos, valores morais, religião, lideranças específicas, movimentos identitários, etc.
No objetivo democrático cabe alternância de poder. Eleitor tem ferramenta para responsabilizar os governantes. Democracias se beneficiam da estabilidade das regras políticas. Nem sempre o candidato governante sai vitorioso, pois quem abusar da irresponsabilidade no exercício do cargo, ainda que seja no comando da poderosa máquina administrativa federal, corre o risco de ser rejeitado na urna (vide o inelegível). Logo, quando o eleitor quer mudar, não é a reeleição que o impede. Quando deseja premiar um bom governante, a reeleição lhe propicia essa opção. Enfim, a melhor abordagem para reformas do sistema político em nações maduras é adotar mudanças pontuais e paulatinas, no sentido de aperfeiçoar os regramentos, não de virá-los de ponta-cabeça.
É da democracia o dissenso. Porém, os espaços públicos e privados têm sido palco de desvios éticos. A imprensa roeu a ética primeiro ao divulgar erros e injustiças praticados pela própria Lava-Jato. Quem pretendia combater o crime, o cometeu. Corrupção e ditadura são sombras que ainda galvanizam boa parte das controvérsias no país, onde rebrotam expedientes autoritários. A saída é reforçar a institucionalidade. A probidade e a democracia são luzes que necessitam transitar juntas. Não há saída legítima fora das liberdades, da democracia e da ética, sempre preservando as instituições do Estado de Direito.

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