Sistema bipartidário altamente competitivo pare anomalias. Uma nasceu na eleição presidencial dos EUA em 2016, no formato de empresário desaforado e exótico, sem credenciais, sem trajetória nem compromisso na política partidária.
O acontecimento marcou a entrada do populismo de direita na disputa frontal pelo poder na maior potência econômica e militar do planeta. Na Casa Branca, Trump praticou a cartilha iliberal e promoveu confusão, atritos e instabilidade.
Despediu-se do governo recusando-se a admitir a derrota nas urnas, dando azo a teorias conspiratórias e incitando uma multidão a tentar reverter à força o resultado. O Congresso foi depredado, e se seguiu uma dura reação judicial, que não poupou o ex-presidente.
Dezenas de acusações e três anos depois, Trump está prestes a tornar-se de novo o presidenciável republicano. Por quê? Porque ainda há uma forte conexão emocional quase religiosa com o líder, além de filiações a ideias e suas plataformas. A fera está ressentida e quer voltar mais forte. A preocupante possibilidade de um segundo mandato para Trump é recolocar um apolítico exótico no poder que não esconde de ninguém o seu ressentimento nem o desejo de se vingar de agências governamentais e instituições que tolheram as suas investidas cesaristas.
Não só! Outro efeito indesejado de um segundo capítulo da aventura trompista seria a deterioração geopolítica dos últimos anos, que ganharia um impulso poderoso. Líderes autocratas, populistas e extremistas de todo o planeta teriam um aliado na Casa Branca.
O mundo de 2024, com guerra na Ucrânia, no Oriente Médio e o problema climático agravado, é um mundo mais complicado do que o de 2016, que Trump já contribuiu bastante para bagunçar. Ter uma figura errática, divisiva e com sede de vingança no comando da maior potência do planeta não é boa ideia. Seria péssimo para o planeta!
Enfim, é verdade
que os eleitores votam com o bolso e que um político que disputa a reeleição
faz em condições muito vantajosas. Também é verdade que o mundo tem ficado mais
maluco, mas daí não se segue que tenha perdido inteiramente o juízo.
Quando o
retiro da política não é o melhor destino de políticos que perdem a reeleição,
a cadeia deveria ser. Isso vale para Trump, vale também para Bolsonaro. Como venceremos o trumpismo e o bolsonarismo? Quebrando a conexão emocional quase religiosa
com ele, além de romper com as filiações a suas ideias e plataformas. A mente
moralista não conhece, mas acredita. E, ao acreditar, Bolsonaro pode dizer e
fazer tudo, e seu contrário, que ainda assim continua altamente popular para
cerca de metade do eleitorado brasileiro. A educação precisa, desde a tenra
idade, produzir mentes conhecedoras e críticas para evitar uma geração de zumbis.
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