Qual é o lugar da Natureza em nossa consciência?
“Os animais têm pouca consciência, mas muitos impulsos e reações que apontam para a existência de uma psique; os povos originários fazem coisas cujo significado lhes é desconhecido. Mas perguntar ao homem de hoje sobre a árvore de Natal seria vão, já que as pessoas não têm a mínima noção do sentido desse costume” (Carl Jung).
Para começar, é voltar a ter um lugar. Mesmo pessoas que dominavam a escrita e o conhecimento racional no Renascimento reconhecia a lumen naturae. Parece que o problema foi se agravando com o advento tecnológico que trouxe uma perda de capacidade de explicar hábitos – uma queda do conhecimento contemporâneo sobre o mundo natural.
Por muito tempo a observação da vida ao redor era a leitura do livro do mundo. O guia maior para o conhecimento humano. Era um conhecimento derivado das lições dadas pelos ciclos naturais e expresso por ritos, especialmente os ligados aos temas da morte e do renascimento. Aí veio a vida intelectual da escrita que, graças ao toque cristão, definiu a natureza como mestra por ser criação divina. Essas duas forças paradoxais foram canalizadas pelo Cristo que morre e renasce na eternidade. Um caráter de nascimento duplo, material e espiritual.
Até aí, tudo bem! Mas veio a tecnologia nefasta. Uma bomba atômica sob a forma de luz de um sol negro que não é a natural. A grande explosão que marcou a perda radical da consciência da natureza pelo homem. Natureza e conhecimento se separaram no homem, pelo homem. Digamos que, o que Deus uniu a Tecnologia separou.
Essa natureza original, ainda hoje, está forte nos ecos de mitos, presentes, por exemplo, nas palavras de uso diário: o sol nasce, o dia morre. O que significa dizer que psique é muito mais do que consciência, e que ambas não são tábulas rasas no nascimento. Há instintos específicos; há vestígios de evolução.
Logo, o problema atual é o de recuperar o potencial de conhecimento necessário para lidar com a natureza, na consciência moderna. “Abre-te Sésamo! Quero sair!”.
Enfim, é preciso recolocar de volta a Natureza
para a nossa consciência, sem mitos fanáticos, mas recriados e adaptados às
exigências contemporâneas, saudavelmente.
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