O rancor do eleitor é tão genuíno quanto a incerteza.
A campanha eleitoral por lá foi altamente polarizadas como a daqui, na qual a difusão do discurso do medo ofuscou ainda mais a clareza do eleitorado.
Os argentinos vão às urnas cegos em relação a seu destino, embora cientes do quanto lhes pesa o descontrole da inflação, prevista em nível próximo a 200% no final do ano, e do quanto dependem de subsídios sociais para fechar as contas do mês.
Por que a extrema direita aposta no “quanto pior, melhor” (tipo inflação crescente, recessão, duas dezenas de taxas de câmbio e reservas internacionais exíguas)? Porque afundando a população em dívidas e falta de assistência social e muita pobreza, fica mais palatável privatizar as estatais, desfazer o funcionalismo público e desmontar o Estado de direitos, sobretudo dos trabalhadores. Isto é, jogar a população nas mãos dos setores privados. Afinal, grosso modo, as promessas centrais de Milei são a dolarização da economia argentina, eliminação do Banco Central e drástico corte nos gastos públicos. E se tudo isso desaguar no extremo da falta de governabilidade e rebelião social, tem a intervenção e tomada do poder pelos militares.
Na esquerda, temos as apostas de Massa no crescimento econômico a partir da exploração de gás, petróleo e lítio, além da preservação de subsídios sociais.
Enfim, os argentinos terão uma eleição que mais se parece com o juízo
final.
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