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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

sexta-feira, 30 de junho de 2023

Um mergulho na Juventude brasileira.

 

A nova juventude brasileira é uma geração sem tabu. A turma não se curva às tradições e se sente mais à vontade para cutucar vespeiros.

A juventude é a janela de tempo compreendida entre a infância e a vida adulta, ou seja, dos 16 aos 24 anos – logo, a nossa nasceu no início deste século. Essa transição foi marcada de diferentes formas na história das civilizações, geralmente com ritos de passagem em que, de uma hora para outra, meninos e meninas assumiam responsabilidades que cabiam aos mais velhos.

E não se reconhecia (reconhece) fase tão marcante na existência dos indivíduos que essa dinâmica juventude. Ela se manteve praticamente inalterada até o século XX, quando ganhou uma característica bastante singular – uma turma de pouca idade precocemente constituindo famílias e estreando no mercado de trabalho. Ou seja, a invenção da juventude tal qual a conhecemos só veios a se sedimentar após a II Guerra Mundial, quando as primeiras vozes dessa faixa etária, massacrada no conflito, se elevaram e conquistaram espaço. A partir daí, transcorreu um período no qual rebeldia e transgressão formaram um caldeirão tão potente que eles, os jovens, assumiram de vez o leme das transformações sociais, culturais e políticas. E o mundo nunca mais foi o mesmo.

Um ponto essencial que caracteriza a nossa nova juventude é a determinação de deixar por terra vários tabus arraigados em outros estratos da população. No geral, eles têm a cabeça aberta, afeita à tolerância e à diversidade em seu sentido mais amplo, e são menos amarrados a convenções que tanto balizaram as últimas décadas, seja no trabalho, seja no campo das relações familiares e amorosas.


Vejamos algumas outras características da juventude do Brasil atual:

·       Fica mantido o DESEJO DE CHACOALHAR VALORES preestabelecidos;

·       Eles simplesmente encaram A VIDA COMO ELA É – e joga luz em assuntos que fogem do figurino comum;

·       Tem como lema FALAR É PRECISO, pois, enfrentando depressão e ansiedade, costumam romper o silêncio que ainda ronda os males da mente;

·       São ULTRACONECTADOS. Isto é, não da para compreender o jovem moderno sem entender o seu entorno, bombardeado por uma quantidade de estímulos muito maior do que as gerações anteriores;

·       Tem VISÃO LIVRE NO CAMPO DA SEXUALIDADE. Superando em 4x a média nacional, eles se declaram bissexuais ou pansexuais (aqueles que se veem atraídos por gente de todos os gêneros e orientações sexuais). E se declaram, pois para eles é libertador não se esconder – um legado da nova geração. Eis aí o avanço civilizatório – eles relatam não terem sentido nem culpa nem preconceito ao virem à luz do jeito que são.

·       Não segue modelos rígidos de hierarquia e tem uma maneira própria de encarar o sucesso, entrelaçada com a ideia de felicidade.

·       Os laços matrimoniais também não são vistos como algo determinante para essa turma, que, ao contrário de outras faixas, dá menos importância ao tradicional enredo de casar e ter filhos – para muita gente, uma linha quase que obrigatória;

·       Eles também são mais incidentes em admitirem a possibilidade de um relacionamento aberto do que o restante dos brasileiros (8% versus 2%);

·       A grande revolução sexual que aconteceu nos anos 1960, com a pílula, a contracultura, o feminismo e o movimento hippie trouxe hoje o resultado de anos de luta que se aprofundou ao longo do tempo. Os jovens, que naturalmente têm menos compromisso com filhos e família, podem e querem se abrir a essas experiências. Ou seja, as gerações que os antecederam (a era dos hippies e os movimentos feministas), evidentemente, deixaram bem plantada a semente da mudança, que germina agora como nunca antes;

·       É uma geração com uma maior abertura para se posicionar sobre qualquer assunto e com menos preconceitos diante de todos os aspectos da vida. Nos dias de hoje, o que pega mal para eles são os prejulgamentos (resta saber se são leitores vorazes e maduros os suficientes para escolher e defender posições acertadas sobre temas tão amplos e complexos, como a descriminalização da maconha e a liberação do aborto). Aliás, motivo de tantos conflitos entre pais e filhos, o uso de drogas é encarado com mais naturalidade pela geração Z – 1 de cada 5 indivíduos entre 16 e 24 anos se revela a favor da descriminalização da maconha, índice acima da média nacional.

·        As causas ambientais e sociais costumam incendiar esta geração;

·       Para eles, o ativismo se dá em boa medida nas redes, ambiente onde o jovem se sente à vontade para fazer amigos e cancelar sem dó quem se posiciona de maneira contrária a ele;

·       O universo virtual é o preferido para tecer contatos de todo gênero;

·       O trabalho remoto prevalece sobre o presencial no gosto dessa turma. Aliás, o futuro profissional é uma incógnita que paira sobre suas cabeças e os angustia – “atualmente, há muito mais incertezas no horizonte de quem está percorrendo a travessia para a vida adulta, pois o mercado de trabalho não tem mais as mesmas garantias de antes”;

·       A saída arquitetada pela maioria é se tornar dono do próprio negócio. Costumam não ter a mesma satisfação pessoal em um emprego comum. Desejam trabalhar de qualquer lugar do mundo (montar uma agência de intercâmbios, por exemplo);

·       São muito atraídos pelo AMOR SEM CULPA. Mesmo os que cresceram às voltas de uma ideia inescapável de futuro – casar e ter filhos, a suposta única forma de ter “uma família abençoada”, costumam mudar radicalmente a rota (“hoje, tenho relacionamentos com diversos gêneros, exercendo o amor sem culpa”);

·       PORÉM, viver imerso neste terreno de altas trepidações e instabilidades tem suas consequências – e elas vêm sendo mensuradas. A prevalência de ansiedade e depressão é maior entre a população que se aproxima da vida adulta.

·       Uma das grandes fontes de insegurança juvenil é com o próprio corpo. Porém, 51% dos jovens já procuraram ajuda de um profissional para cuidar da saúde mental ou cogitam fazê-lo. É preciso cutucar esse tema (o que não é problema para eles).

Enfim, se é bom combater a cultura de não falar sobre certos assuntos espinhosos, falemos! E vamos falar de forma democrática e construtiva, de modo a criar uma rede saudável de apoio. Afinal, assim vai caminhando a jovem parcela da humanidade, cada vez mais disposta a derrubar tabus.

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