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“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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segunda-feira, 7 de novembro de 2022

O que fazer com o “Orçamento Secreto”?

Jair não só se entregou à velha política como aprimorou suas práticas mais tacanhas.

Enquanto isso, um dos maiores desafios do Governo é achar espaço no Orçamento para garantir programas que foram prometidos durante a campanha. Também ter governabilidade (ter uma base na Câmara e outra no Sando), tanto para aprovar propostas quanto barrar projetos que não estejam alinhados com o futuro governo.

Desafio gigantesco. Como governar com contas que não fecham? E negociar com o Congresso sem mensalão? Como reativar os instrumentos de Estado e investir nas pessoas (com o teto de gastos e a casa arrombados para a reeleição)?

O orçamento secreto nasceu com a finalidade de garantir apoio necessário para tentar barrar um eventual possível processo de impeachment de Jair Bolsonaro durante um período em que o presidente enfrentou e enfrenta alta rejeição, fazendo constantes ameaças à democracia, entre outros escândalos que marcam sua atual gestão.

Além de conferir superpoderes inéditos a parlamentares, o esquema atropela leis orçamentárias, não publiciza valores e destinações e não garante qualquer distribuição igualitária entre os congressistas: a receita para o troca-troca de apoios e votos. Bolsonaro é o chefe do Executivo que menos consegue aprovar projetos no Legislativo na História do Brasil!

O país precisa evoluir para não ter um presidente refém do Congresso Nacional! Como controlar esse mecanismo criado no governo Bolsonaro sem o desgaste do novo governo Lula.3? É preciso alterar as regras do mecanismo!

Opções ou alternativas do PT ao Orçamento Secreto:

1.     Por fim ou travá-lo pelo STF, decretando ilegalidade do instrumento (caso é relatado pela presidente Rosa Weber);

2.     Elevar o valor das emendas individuais;

3.     Mantê-lo só em parte;

4.     Fixar regras ou critérios de transparência para os repasses ou distribuição dos recursos (uma corrente liderada pelo ministro Gilmar Mendes);

5.     Substituí-lo por outra coisa;

6.     A proposta de Lula é substituir o “orçamento secreto” pelo “orçamento participativo”, apostando na cidadania participativa do povo na definição das políticas públicas, a partir de uma plataforma ligada à Internet.

NOTA: A ala que costuma votar acompanhando a presidente do STF, Rosa Weber é: Cármen Lúcia, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes. Nesse caso, Luix Fux deve seguir essa corrente. Se Rosa propor a derrubada do instrumento, a tendência é que talvez consiga fazê-lo.

 

Se Lula tomar posse com esse “segundo ovo da serpente” gestando no Congresso, as coisas serão ainda mais difíceis com a eclosão da corrupção. Afinal, a partilha dos recursos desse instrumento de barganha política é capitaneada pelos caciques do núcleo duro do Centrão: PP, PL e Republicanos (principalmente o atual presidente da Câmara, Arthur Lira, PP-AL, sedento por sua reeleição na Casa e aliado do Bozo, PL).

O orçamento secreto tem sido usado pelo governo Bolsonaro como forma de aprovar propostas de seu interesse no Congresso, e tem sido associado a acusações de corrupção. Por exemplo, é possível que se falsifiquem dados do SUS para aumentar o teto de repasses federais enviados via emendas de relator ao município. Aliás, a PF já deflagrou operação sobre um caso desses em 5 municípios do Maranhão. Com o desmonte promovido por Bolsonaro, o Brasil piorou duas posições no ranking mundial da corrupção em 2022, segundo levantamento realizado pela Transparência Internacional. Os dados foram divulgados em janeiro deste ano. Dos 180 países analisados, ocupamos a 96ª posição no Índice de Percepção da Corrupção (IPC). Em 2020, o Brasil ocupava a 94ª posição. Quanto mais pra cima no ranking, menos o país é considerado corrupto. Desde o final do governo Lula, Brasil piorou 27 posições – em 2010, estávamos em 69º lugar.

O relator do Orçamento é o senador Marcelo Castro (MDB-PI). Por que essa cobra é tão venenosa? Porque mexe com dinheiro, muito dinheiro (o Orçamento Secreto previsto para 2023 é de R$ 19,4 bilhões e os que estão reservados ainda para este ano de 2022 são de R$ 16 bilhões e as emendas de 2021 custaram R$ 18 bilhões aos cofres públicos). Bolsolão = a forma do governo de Jair Bolsonaro comprar a a filelidade de sua base no Congresso Nacional, distribuindo bilhões de reais através de Emendas de Relator. A questão é que uma parte do Orçamento já foi empenhado por meio das emendas de relator (então é preciso modular a decisão em vez de radicalizá-la, a fim de não gerar insegurança jurídica e gerar uma série de processos sobre o tema). Ou seja, é por meio do “Orçamento” que parlamentares indicam verbas da União de forma desigual e sem serem identificados – daí ser chamado de “Secreto”. Ao tomar posse, Lula estará exposto aos desgastes de uma negociação com o Congresso para pôr fim ao expediente que empoderou deputados e senadores. Frontalmente, Lula se coloca contra “as emendas de relator”, como eufemisticamente vem sendo chamado o instrumento. A questão é muito delicada, pois embora alguns parlamentares sinalizem a possibilidade de alterar as regras do mecanismo, isso não significa, porém, que a intenção seja diminuir o controle dos recursos. 


Pelo menos 17 parlamentares declararam ter destinado cifras acima de R$ 100 milhões ocultas pelo manto do orçamento secreto, com total falta de transparência, numa soma de R$ 3.501.976.564,86 de dinheiro público repassado em 2020 e 2021. São números altos demais para que não passem pelo crivo da sociedade civil, da imprensa e da população em geral.

No Brasil, o presidencialismo é parlamentarista? Com o Orçamento Secreto, mais do que nunca! O orçamento secreto é uma transferência de uma parcela de poder do Poder Executivo (presidente) para o Poder Legislativo (parlamento). Hoje, o Bolsonaro não comanda o orçamento da União, quem comanda o orçamento da União é a Câmara dos Deputados e o Senado. Então, isso é grave, é grave porque diminui o papel e a importância que tem que ter um presidente. É o que desejam os parlamentares próximos a Lira (PP, PL e Republicanos), que exigem que o Legislativo mantenha o controle sobre quanto cada parlamentar deverá receber, ainda que o recurso engrosse os caixas dos ministérios. Esse grupo rechaça (resiste, é contra...) a ideia de que a distribuição dessas verbas extras volte às mãos do Executivo, como era feito no início do governo Bolsonaro e também nas gestões petistas e de Michel Temer. Enfim, o país precisa evoluir para não ter um presidente refém do Congresso Nacional!

Hoje, cada deputado e senador tem direito a destinar R$ 19,7 milhões do governo federal para a áreas que escolher. Metade desse montante, porém, deve ser indicado para saúde e educação. Ao contrário do Orçamento Secreto, as emendas individuais são distribuídas igualmente entre todos os deputados e senadores, independente de ser da base aliada ou da oposição, e de ter trânsito ou não com a cúpula do Congresso.

 

“Orçamento Secreto” e os prejuízos para a Educação.

A medusa da corrupção do governo Bolsonaro tem muitas serpentes. Importantes programas do Ministério da Educação foram prejudicados sob o atual governo porque o dinheiro que deveria compor as verbas discricionárias do MEC foi parar nas mãos de parlamentares em troca de apoio a Jair Bolsonaro – o velho toma-lá-dá-cá da política.. Ao menos 18 iniciativas foram prejudicadas pela destinação de R$ 3,7 bilhões ao orçamento secreto, como a Política Nacional de Alfabetização, os Exames e Avaliações Nacionais da Educação Básica e Superior (entre eles o Enem), o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), e a Concessão de Bolsas de Estudos no Ensino Superior (Capes). Este é apenas um dos efeitos nefastos do orçamento secreto de Bolsonaro. Dentre os outros programas prejudicados, estão ainda: Programa Nacional da Educação – Educação Especial, Programa Nacional do Livro e do Material Didático, Programa de Inovação Educação Conectada, Programa de Fomento à Implementação de Escolas em Tempo Integral, Programa de Apoio à Implementação da Base Nacional Comum Curricular, Programa Brasil Alfabetizado, Programa de Apoio ao Novo Ensino Médio, Programa Nacional das Escolas Cívio-Militares, Programa de Educação Tutorial, Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento das Instituições de Ensino Superior, Apoio à Manutenção da Educação Infantil, Programas de formação e concessão de Bolsas de Apoio a Educação Básica, Programa de Residência em Saúde, Programas de Bolsa-Permanência, dentre outros. Ou seja, é utilizar verbas do MEC como moeda de troca, na tentativa de salvar a vida de um presidente sem apoio popular – a parte de salvar não funcionou!

Ou seja, um dinheiro que deveria ser gerido pelo Executivo, destinando-o às áreas prioritárias (além da Educação, também a Saúde, a Segurança, geração de empregos e políticas públicas de geração e transferência de renda), vai direto para as mãos de parlamentares que o distribuem usando seus interesses pessoais.

O pilar da inclusão social é o ensino básico. Não se pode ficar prisioneiro do Ensino Superior. Porém, as duas pontas estão à míngua.  

- a previsão do orçamento do governo Bolsonaro para o Ensino Básico em 2023 é de R$ 5,2 bilhões (R$ 2,7 bilhões a menos do que o governo Temer);

- o orçamento para a saúde em 2023 é o menor desde 2014! Como financiar o SUS, reavivar os programas e o interesse da população pelas vacinas? 


Enfim, fisiologismo puro!

NOTA: Fisiologismo é um tipo de relação de poder político em que ações políticas e decisões são tomadas em troca de favores, favorecimentos e outros benefícios a interesses privados, em detrimento do bem comum. É um fenômeno que ocorre frequentemente em Parlamentos, mas também no Executivo, e está estreitamente associado à corrupção política, uma vez que os partidos políticos fisiologistas apoiam qualquer governo — independentemente da coerência entre as ideologias ou planos programáticos — apenas para conseguir concessões deste em negociações delicadas.

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