Os subterrâneos da nação...
Então... Esse inconsciente coletivo são ideias que atravessam os tempos, ideias que herdamos de nossos antepassados e nem sempre sabemos que influenciam nossa visão de mundo. Aí se busca um “caráter nacional” difícil de achar. Mas, encontra muitas coisas: canibalismo de alguns dos nossos ancestrais, vontade de poder dos nossos colonizadores, clima da Inquisição da nossa santa fé, medo de estar ao lado do diabo sem saber, preconceitos de toda ordem, a história (oculta) das crianças do Brasil, torturas macabras, entre outras. Mas, somente coisas traumáticas? Veremos que não!
A campanha eleitoral de Jair Bolsonaro vem desenterrando tudo isso (e um pouco mais). São falas, ataques e ações que partem de todos os lados escavando alguma coisa desse porão sórdido. Criou-se uma atmosfera de caldeirão do diabo fervendo onde há de arder os adversários que serão comidos pelos canibais do partido rival. Aliás, seu Jair já declarou seu apetite por carne de índio. Ou seja, as bases em que estão sendo disputadas essas eleições são boatos e murmúrios do nosso alucinado inconsciente que se faz cerne do debate público.
O homem primitivo andava mais, tinha um relógio biológico mais regulado, os membros familiares e amigos moravam mais próximos, a vida era mais livre e o trabalho não era tão brutal. Tudo isso não temos mais. Vivemos mais solitários. E aí veio a tecnologia com as promessas de felicidade e de ampliação do tempo livre. Ledo engano! A tecnologia veio pra gente trabalhar mais! Se pensarmos no celular, por exemplo, impacta na nossa memória, na nossa atenção e nas nossas relações pessoais. É muito difícil elaborar argumento ou postura que derrube a avalanche da dinâmica social. A sociedade nos impõe um ritmo. E aí vem a dependência de medicamentos... E nesse cenário todo nos cai no colo uma pandemia que nos impõe isolamento social.
Mas, vamos sair um pouco do nosso inferno social e largar esse diabo político. Como se disse, há muitas histórias de pavor, mas também de alegria; muita rejeição, mas também do bom prazer, enterrados em nossas mentes, bem no fundo, lá no subterrâneo do nosso inconsciente. É isso que nos dá direito ao delírio.
Num subterrâneo não tão fundo assim está o delírio das divertidas brincadeiras de criança, que iam para a creche e a pré-escola; dos jovens estudando e fazendo planos pra universidade e o mercado de trabalho; de mais diversidade respeitada na sociedade; de maior poder de aquisição das famílias; de poder viajar para o exterior; de ter mais condições de cuidar da saúde e de ter crédito para empreender; delírio de poder comer um churrasquinho e beber uma cervejinha no final de semana sem peso de consciência no orçamento.
Enfim, precisamos fazer do autoritarismo
que nos amedronta uma página virada da história e desenterrar do nosso
consciente coletivo o passado em que éramos democraticamente felizes e não sabíamos.
Lula presidente!
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