Política educacional atabalhoada
Em mais uma de suas
falas transloucadas, Jair Bolsonaro afirmou que detém um aplicativo capaz de
alfabetizar a “garotada” em apenas 6
meses.
Vejamos
que história é essa.
O GraphoGame é
um aplicativo criado por pesquisadores finlandeses e foi adaptado para o Brasil
pelo Instituto do Cérebro, da PUC do Rio Grande do Sul. Por enfatizar bastante
as relações entre letras e sons – um dos pilares da política de alfabetização
do atual governo –, o aplicativo foi anunciado em 2020 com pompa e
circunstâncias pelo MEC. Se essa régua inventada por Bolsonaro for a utilizada
para avaliar a iniciativa, será fácil concluir que ela é um completo fracasso.
Vejamos por quê...
Acontece é que há
estudos internacionais mostrando que o aplicativo pode contribuir para
aprimorar a compreensão fonética, mas nenhuma pesquisa séria concluiu que isso
é capaz de alfabetizar de fato uma criança em 6 meses.
“O
aplicativo pode ser uma ferramenta de apoio, mas sozinho não é capaz de
alfabetizar. Este não foi e não é o objetivo da inciativa e dos pesquisadores
em nenhum momento. Para uma criança ser alfabetizada, ela precisa de instrução
sistemática e consistente, de vivências, e, sem dúvida alguma, do apoio da
Escola, especialmente de educadores” (fala dos próprios
pesquisadores do Instituto do Cérebro).
Ainda não há avaliação
feita no Brasil para mensurar o que disse Bolsonaro. Sua fala soa mais
ironicamente com o fechamento presencial das escolas no auge da pandemia. De lá
para cá colhemos uma queda significativa nos indicadores de alfabetização.
A utilização de jogos
como apoio à aprendizagem mais prazerosa encontra fundamentos. Mas, dessa forma
como foi trazida por Bolsonaro, operanda como milagre, não dá para creditar.
Interesses comerciais ou políticos não podem transformar programas de suporte
em receitas simples para problemas complexos. Enfim, em Educação, isso nunca dá
certo!
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