“Há duas tragédias na vida: uma, de não alcançar o nosso desejo, outra, de alcançá-lo” (Bernard Shaw).
O protagonista do livro de Dino Buzzati, Giovanni Drogo, espera por toda a vida num quartel distante a chegada do inimigo para assim mostrar seu heroísmo e alcançar a glória. Mas, o tártaro não chega nunca, e quando ele se apercebe disso, já é tarde demais. O que isso significa?
Significa uma alegoria sobre a busca da glória, do reconhecimento, da celebridade ou de até um inimigo real que dê sentido à vida. A questão é que, às vezes, o tártaro chega. E aí?
E aí que, quem se joga de corpo e alma em busca de um desejo precisa estar ciente que o sonho pode trazer consigo também pesadelo. É o que mostra o trágico personagem Fausto e o gênio demônio Mefistófeles na obra de Goethe. Por exemplo, quem busca a celebridade deve saber que está negociando sua privacidade; quem anseia pelo conhecimento, pode estar cedendo em troca a ingênua felicidade; quem deseja o dinheiro a qualquer preço pode terminar atolado na corrupção.
Enfim, assim como o desejo é o combustível da vida, a morte é a combustão do desejo. Tão bom, tão tentador e tão paradoxalmente cheio de consequências, com as quais temos que saber lidar!
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