É possível reunir adversários históricos?
Fiesp, Febraban, CUT, UGT, CGT, Iasp, UNE e outras entidades se juntaram no mesmo manifesto com assinaturas. O manifesto é o “Em defesa da democracia e da Justiça”, que defende as eleições e o Judiciário. Inimigos históricos, que sempre tiveram e continuam a ter posições ideológicas opostas, assinaram juntos o novo manifesto.
O que essa miríade de entidades juntas significa?
Significa que, quando há algo valioso em comum a defender, o país supera divergências e consegue dialogar. Mesmo num ambiente político marcado pela polarização, a defesa da democracia é um consenso civilizatório inegociável. A democracia une profundamente o país?
É verdade que há muitas diferenças e embates no dia a dia da política. No entanto, mesmo com todas as discordâncias, o diálogo é possível. Na hora de defender a democracia, as entidades foram capazes de agregar esforços, sem titubear, em prol de um mesmo ideal.
A campanha de Jair Bolsonaro é golpista. Como ele ataca o regime democrático? A) colocando em dúvidas, sem nenhuma prova, a lisura do processo eleitoral; B) ameaçando e confrontando o Poder Judiciário.
Despertou, então, uma impressionante reação, plural e apartidária, em defesa do regime democrático. O mundo empresarial, junto com o setor financeiro e ao lado das centrais sindicais, além de instituições profissionais e inúmeras organizações do terceiro setor, como os movimentos negro, feminista e estudantil. Perfeito? Não!
Entretanto, uma ressalva: diz que o manifesto tem um caráter apartidário. Mas, se o capital fosse um partido, isso não seria verdade. Fiesp e Febraban têm campo de interesse próprios: assinaram o documento em defesa da democracia porque “já que não existe liberalismo, economia de mercado ou propriedade privada, valores tão caros à entidade e ao setor industrial, sem que exista segurança jurídica, cujo pilar essencial é a democracia e o Estado de Direito”, então vamos assinar e almoçar supostamente juntos.
Enfim, no fundo, continuamos bem
separados e delimitados. Seria esse o sentido maior do 7 de setembro neste ano –
o sentido do capital?
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