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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Livro 03: Uma Tartaruga a mil por hora.

É um livro infantojuvenil da escritora e fonoaudióloga Márcia Honora e ilustrado por Lie A. Kobayashi, impresso na China em 2008, da Editora Ciranda Cultural das Diferenças, localizada em São Paulo.

Existem tartarugas grandes e pequenas, que vivem em aquários e preferencialmente livres no mar. Dizem que a má fama delas é a lentidão. Pois bem, esse não é caso do rápido e agitado Tobias. Na Escola Concha da Alegria, que fica no fundo do mar, todas as tartarugas passam por lá para aprender tudo o que precisam saber para viver. E foi justamente lá que a preocupada mãe de Tobias o matriculou, deixando a diretora e todos os demais ansiosos por conhecê-lo. No seu primeiro dia de aula, Tobias aprontou: já entrou na escola correndo, apressado demais para o que era considerado normal e, antes mesmo que sua calma e paciente professora, a Dona Tânia, o apresentasse aos seus novos amigos, lá estava ele correndo dentro da sala de aula. 

Nem deu tempo a professora Tânia ensinar as regras da nova escola, e Tobias virou toda a sala de pernas pro ar. Por onde ele passava ficava um rastro de bagunça, deixando a todos assustados com sua alta agitação. Ninguém conseguia segurar o Tobias, nem fazê-lo ficar sentado na carteira. Sem mais recursos, a sábia professora teve a atitude de chamar a mãe do Tobias para conversar e ela contou que ali já era a terceira escola que ele frequentava, e que já havia levado o filho ao médico, o qual receitou um remedinho para diminuir toda aquela agitação. Ambas não gostaram da ideia do médico, e decidiram tentar outra estratégia: “colocá-lo num curso de natação na superfície para que gastasse as energias”. A ideia transformou Tobias – ele se transformou num excelente nadador, e venceu todas as competições de que participou. A tartaruguinha frequentou a Escola Concha da Alegria por algum tempo e, além de um aluno mais tranquilo, se transformou num verdadeiro campeão.

Às vezes, o melhor remédio para os nossos problemas é uma simples chance de construção. Precisamos investir nossas energias em algo bom e produtivo, transformando o caos em oportunidades de crescimento. Afinal, por trás de aparentes desordens podem esconder grandes talentos.

Você é mais agitado ou tranquilo? É mais paciente ou inquieto? Nem toda agitação excessiva é sinal de transtorno, mas quando é constante e extrapola todos os limites é sinal de alerta. Por exemplo, o TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) é uma desordem neurobiológica, de causas genéticas, caracterizado pelos sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Como consequências, principalmente na infância e na adolescência, a pessoa apresenta mais problemas de comportamento e dificuldades na escola e no relacionamento com as demais crianças, pais e professores, sobretudo por não respeitar regras e limites. Para agravar ainda mais o quadro, a falta de um diagnóstico cauteloso e de acompanhamento por profissional leva ao preconceito, rotulando o portador de “avoado”, que “vive no mundo da lua” e, geralmente, sendo taxado de “estabanado”, “bicho-carpinteiro” ou alguém “ligado na tomada” (isto é, não para quieto por muito tempo).

Falta de atenção e foco virou doença. O nome? TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade. A suposta solução? A “droga da obediência”. O remédio tarja preta ou a famosa Ritalina (cloridrato de metilfenidato), do qual o Brasil é o segundo maior consumidor do mundo (atrás apenas dos EUA), é receitado ou muitas vezes oferecido “off label” (sem receita). Psiquiatras culpam o cérebro; profissionais culpam a escola ou a família, outros, a sociedade. Entretanto, nenhum medicamento no mundo daria conta da complexidade que é o processo de atenção de aprendizado de uma criança, que sabemos envolver vários fatores como afetividade, desejo e outras tantas representações que a criança cria. Talvez a Ritalina ou ouras docas tenham sua importância e função na dose certa indicada pela área medicinal, desde que havendo diagnósticos profissionais corretos e prescrições responsáveis. O que não se pode é confundir diferenças com doenças e, muitas vezes, o melhor remédio na educação é o esporte, a ludicidade, os jogos e brincadeiras, as produções artísticas, a música, a dança, o respeito às diferenças e a capacidade de lidar com elas, e todas as atividades capazes de transformar agitação em talentos.



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