É um livro infantojuvenil da escritora e
fonoaudióloga Márcia Honora e ilustrado por Lie A. Kobayashi, impresso na China
em 2008, da Editora Ciranda Cultural das Diferenças, localizada em São Paulo.
Existem tartarugas grandes e pequenas,
que vivem em aquários e preferencialmente livres no mar. Dizem que a má fama delas
é a lentidão. Pois bem, esse não é caso do rápido e agitado Tobias. Na Escola
Concha da Alegria, que fica no fundo do mar, todas as tartarugas passam por lá
para aprender tudo o que precisam saber para viver. E foi justamente lá que a
preocupada mãe de Tobias o matriculou, deixando a diretora e todos os demais
ansiosos por conhecê-lo. No seu primeiro dia de aula, Tobias aprontou: já
entrou na escola correndo, apressado demais para o que era considerado normal
e, antes mesmo que sua calma e paciente professora, a Dona Tânia, o
apresentasse aos seus novos amigos, lá estava ele correndo dentro da sala de
aula.
Nem deu tempo a professora Tânia ensinar
as regras da nova escola, e Tobias virou toda a sala de pernas pro ar. Por onde
ele passava ficava um rastro de bagunça, deixando a todos assustados com sua
alta agitação. Ninguém conseguia segurar o Tobias, nem fazê-lo ficar sentado na
carteira. Sem mais recursos, a sábia professora teve a atitude de chamar a mãe
do Tobias para conversar e ela contou que ali já era a terceira escola que ele
frequentava, e que já havia levado o filho ao médico, o qual receitou um
remedinho para diminuir toda aquela agitação. Ambas não gostaram da ideia do
médico, e decidiram tentar outra estratégia: “colocá-lo num curso de natação na
superfície para que gastasse as energias”. A ideia transformou Tobias – ele se
transformou num excelente nadador, e venceu todas as competições de que
participou. A tartaruguinha frequentou a Escola Concha da Alegria por algum
tempo e, além de um aluno mais tranquilo, se transformou num verdadeiro
campeão.
Às
vezes, o melhor remédio para os nossos problemas é uma simples chance de
construção. Precisamos investir nossas energias em algo bom e produtivo,
transformando o caos em oportunidades de crescimento. Afinal, por trás de aparentes
desordens podem esconder grandes talentos.
Você é mais agitado ou tranquilo? É mais
paciente ou inquieto? Nem toda agitação excessiva é sinal de transtorno, mas
quando é constante e extrapola todos os limites é sinal de alerta. Por exemplo,
o TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) é uma desordem
neurobiológica, de causas genéticas, caracterizado pelos sintomas de
desatenção, inquietude e impulsividade. Como consequências, principalmente na
infância e na adolescência, a pessoa apresenta mais problemas de comportamento
e dificuldades na escola e no relacionamento com as demais crianças, pais e
professores, sobretudo por não respeitar regras e limites. Para agravar ainda
mais o quadro, a falta de um diagnóstico cauteloso e de acompanhamento por
profissional leva ao preconceito, rotulando o portador de “avoado”, que “vive
no mundo da lua” e, geralmente, sendo taxado de “estabanado”,
“bicho-carpinteiro” ou alguém “ligado na tomada” (isto é, não para quieto por
muito tempo).
Falta de atenção e foco virou doença. O
nome? TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade. A suposta
solução? A “droga da obediência”. O remédio tarja preta ou a famosa Ritalina
(cloridrato de metilfenidato), do qual o Brasil é o segundo maior consumidor do
mundo (atrás apenas dos EUA), é receitado ou muitas vezes oferecido “off label”
(sem receita). Psiquiatras culpam o cérebro; profissionais culpam a escola ou a
família, outros, a sociedade. Entretanto, nenhum medicamento no mundo daria conta
da complexidade que é o processo de atenção de aprendizado de uma criança, que
sabemos envolver vários fatores como afetividade, desejo e outras tantas
representações que a criança cria. Talvez a Ritalina ou ouras docas tenham sua
importância e função na dose certa indicada pela área medicinal, desde que
havendo diagnósticos profissionais corretos e prescrições responsáveis. O que
não se pode é confundir diferenças com doenças e, muitas vezes, o melhor
remédio na educação é o esporte, a ludicidade, os jogos e brincadeiras, as
produções artísticas, a música, a dança, o respeito às diferenças e a
capacidade de lidar com elas, e todas as atividades capazes de transformar
agitação em talentos.
Amei essa história e a turma ficou encantada!
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