Cada um de nós decide o que tem
significado artístico. Portanto, cabe uma interrogação ao final da frase: “devem
existir limites para a arte?”. A paixão
oferece, por natureza, um componente necessário para que se dê qualquer
contribuição significativa ao conhecimento.
Não se pode perder o equilíbrio
argumentativo, mesmo diante do debate e do diálogo sobre gênero, diferença e
diversidade. Temas outros de interesse para a vida contemporânea também seguem
essa lógica, tais como aqueles que estão no centro da grande discussão pública
atual: liberdade de expressão e de escolha, a censura, o acesso ao
conhecimento, a verdade dos fatos e as notícias falsas, a difamação e seu
impacto social, a tal liberdade de imprensa e seus impactos na democracia.
A censura, seja ela de natureza
política, ideológica ou artística, esbarra sobre uma questão basal: o argumento
que limita, transforma-se em uma característica
subjetiva, que se dissemina pelo território da vontade de cada um, subjugado ao próprio desejo individual. Impor limites à arte seria restringir a produção
de conhecimento, porque a arte não é outra coisa. Ela revê muitas das
concepções do passado e aponta para outras tantas visões de futuro. Impedir o
acesso ao conhecimento também é uma forma de censura.
A Arte é um campo do conhecimento gerado pela expressão, como uma forma de manifestação da criatividade. Sua existência está garantida pela Constituição,
logo, é desnecessária uma discussão sobre seu direito de existir, seja numa perspectiva
do “como”, do “quando” e da “forma”. Assim, a arte, seja através da sua
realidade material ou de seu poder simbólico, não produz objetos criminosos. O
máximo que pode acontecer é, ao olharmos para objetos artísticos, projetamos
neles nossos preconceitos, crenças e desejos de acordo com expectativas e
experiências de vida. Não é diferente de nosso comportamento em relação ao
outro.
Nossa liberdade reside em termos a mais ampla possibilidade de escolha, sabendo de antemão que estamos elegendo aquilo que desejamos, de acordo
com nossas crenças, história de vida, sensibilidade, generosidade
e disposição, na sua presença ou na
falta delas.
Neilton Lima
Coordenador Pedagógico Escolar
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