O Minério de Ferro e o perigo do Urânio...
Em Caetité, município com 46.192 habitantes no sudoeste
do Estado, a Bahia Mineração
(empresa com sede em Londres e origem no Cazaquistão) descobriu uma mina com potencial produtivo de 398 milhões t de
minério de ferro. A
vegetação predominante no território de Caetité é a caatinga. Fértil em minerais e outros derivados (ferro, ametista,
manganês, granito) o
município abriga empresas (cerâmicas,
mineradoras, eucalipto).
Outro
elemento preocupante é o líquido radioativo de uma bacia de decantação de urânio (a ser explorado pela URA/Caetité que é alvo de
denúncias, inquéritos, autuações, multas e acidentes nas instalações, ou com
operários). A extração, beneficiamento e transporte de material atômico
apresenta alto risco para o homem e o meio ambiente. A população está sujeita a
ocorrência de doenças relacionadas a danos genéticos e neoplasias (câncer ou
tumor) malignas na área de influência da mineradora. Além do mais, riscos e
efeitos da mineradora, sendo mais diretamente afetados pela liberação de radônio na atmosfera e pela
poeira gerada pelas explosões atômicas. Ou seja, compromete a água, o solo, a
vegetação e a saúde dos empregados e da população.
A complexa fabricação do combustível gerador de energia nuclear começa
na Bahia, prossegue no exterior e termina no Brasil. O início desse processo
acontece em Caetité: ali o urânio é extraído do minério, purificado e
concentrado em forma de sal amarelo, que vai para o Canadá, dali saindo para a
Europa (Alemanha, Holanda e Reino Unido), de onde volta para a Fábrica de
Rezende (RJ), onde a geração do combustível é concluída. A tecnologia nuclear,
cara e perigosa, produz o lixo atômico, que
dura pelo menos 50 mil anos e
para o qual nenhum país no mundo encontrou solução. A assistência à saúde
sempre foi precária na região, que não dispõe de um centro de diagnóstico de
câncer, decorrente de exposição a radiações ionizantes, e novos casos são
registrados, inclusive entre os trabalhadores da mineradora. Outro fato
reacendeu o debate entre a comunidade e os responsáveis pela saúde pública
municipal sobre o grau do perigo ao qual estão expostos: recente pesquisa
revelou que em Caetité, a média de incorporação de radionuclídeos (átomos que
emitem radiação) é de 52,3 ppb, 100 vezes maior que a média mundial, cerca de 2
vezes maior que a de Lagoa Real, 1 vez maior que a de Igaporã e 25 vezes maior
que a da região de comparação, a represa de Guarapiranga (SP).
O Brasil tem
a sexta maior reserva de urânio do mundo, e a mina baiana, descoberta na década de 1970 pela CNEN, fica entre os
municípios de Caetité e Lagoa Real, na microrregião econômica de Guanambi, na
Serra Geral, integrando as Bacias Hidrográficas do Rio de Contas e do São
Francisco.
Assista aos vídeos abaixo e veja as duas versões ou os dois lados dessa história: o desenvolvimento econômico X os impactos ambientais e sociais.
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