FALSOS PRESENTES DE NATAL: Natal chegando e todo mundo querendo presentes, principalmente as crianças. Então passei a refletir “o hoje” com base nos “tempos de antigamente”. Quando eu era criança, meus pais não tinham condições de comprar brinquedos “pré-fabricados” e eletrônicos como se vendem aos montes por aí. E era justamente daí, de uma coisa chamada humildade, que nascia a genialidade. Gastávamos nossas energias, tempo e criatividade construindo nossos próprios brinquedos, como o carrinho feito com duas rodas emborrachadas de palmilhas recicladas de sandálias, unidas por uma haste e conduzidas por um gancho de madeira que apoiávamos no ombro e dávamos, nós mesmos, o caminho que nossa imaginação quisesse. A gente era, literalmente, não só os inventores dos nossos carrinhos de brinquedo, mas os próprios motoristas do nosso destino. Eu e minha mãe modelávamos com barro uma fazenda inteira de animais, uma parte para eu brincar e a outra para ser a “lapinha” (presépio) de casa. Ao lado das meninas brincávamos de responsabilidades de gente grande, como arrumar a casa, sair para trabalhar e trazer o sustento do lar – o que chamávamos de “comidinha”. Sem saber eu era inventor, artesão, arquiteto, engenheiro, professor, pai de família e um monte de outros profissionais... Sem saber, eu fazia parte de um monte de profissões de forma divertida. Um pouco dessa história pessoal explica duas coisas, uma do lado de cá e a outra do lado de lá. A parte de dentro explica por que sou apaixonado pelo conhecimento e por que amo ser professor: não fui treinado para isso, pouco menos faço meu ofício por obrigação. As condições da minha infância me despertaram o que sou. Por que será que na nossa sociedade atual não se faz mais Pelé, Santos Dumont, Carlos Drummond de Andrade... Como antigamente? Por que o mundo atual não está mais produzindo Aristóteles, Albert Einstein, Mahatma Gandhi...? Sabem por quê? Porque nossas crianças já não fazem mais os seus próprios brinquedos e brincadeiras. As fábricas fazem tudo e vendem para nós. Estamos falando de vídeo games, carrinhos eletrônicos, internet, Tv, bonecas já enfeitadas e tudo mais. Eles estão assassinando nossos futuros gênios antes mesmo que eles nasçam. Isso não é Natal, é um aborto intelectual. Muita gente paga por esses embrulhos falsos, compra esses presentes enganosos e ainda os chama de “Presentes de Natal (nascimento)”. São, isso sim, “presentes de aborto”. Por traz dessa magia toda existe uma poderosa indústria de empresários lucrando com os sonhos e o assassinato precoce de talentos. Esse “novo” tipo de Natal está parindo outro perfil de infância: esse daí que corre atrás de trios elétricos, se prostituindo para comprar abadás e brincando de gente grande. Por esses e outros motivos é que nunca deixei de ser a velha criança... Agora uma criança um pouco mais velha. Ah, a criança de antigamente...!
Quem sou eu
- NeyGeoCrítica
- São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
- Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
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terça-feira, 18 de março de 2014
Amigos, acabei de produzir um texto crítico Nº 07 nesses "tempos de Natal".
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
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