“Eu gosto de catar o mínimo e o escondido. Onde ninguém mete o nariz,
aí entra o meu, com a curiosidade estreita e aguda que descobre o encoberto”.
(Machado de Assis).
1º Passo: A “arte” de ler o que não foi escrito.
- nem
sempre os textos trazem explícitos todos os elementos que participam da
construção do seu sentido;
- ao
ler, portanto, estamos freqüentemente complementando as informações fornecidas
pelos textos com outras informações de que dispomos, ou que inferimos a partir
do que foi dito pelo autor do texto.
- a
explicitação de um implícito é uma condição necessária para se compreender o
efeito pretendido pelo autor do texto.
- logo,
algo não dito participa da construção do seu sentido final.
2º Passo: A realização de inferências.
- o que
precisa ser recuperado para compreender o sentido do texto pode ser concluído a
partir de pistas fornecidas no próprio texto.
- uma
vez obtidas as pistas, deve-se confrontá-las com aspectos conhecidos da
realidade para fazer uma inferência, ou seja, um tipo de raciocínio que conclui
alguma coisa a partir de outra já conhecida.
-
observar o uso de um raciocínio inferencial em diferentes situações de leitura.
- o
raciocínio inferencial se soma a outros procedimentos necessários para a
compreensão do sentido dos textos.
3º Passo: A identificação de pressupostos.
- faz-se uma pergunta e tenta-se inferir o que levou a tal
fato.
- ou seja, existe antecipadamente algo de ideológico ali que
conduz a um determinado tipo de fato, atitude ou comportamento.
- daí inferir que tipo de juízo ou momento anterior precedeu
o acontecimento antes de se chegar à expressão da opinião.
- eis o que é algo pressuposto, ou seja, uma idéia, uma
circunstância, um juízo ou um fato tomado como antecedente necessário de algo
que foi dito.
4º Passo: A explicitação de implícitos.
- nem sempre a leitura das entrelinhas depende apenas de
algo que foi pressuposto;
- a leitura das entrelinhas pode depender também de uma
informação conhecida do leitor e que está subentendida, sugerida pelo texto.
- é preciso preencher lacunas para compreender o sentido do
texto. Ou seja, para compreender, muitas vezes temos de reconstruir o sentido
do texto preenchendo algumas lacunas que ficaram sugeridas.
- um implícito é algo que fica subentendido, que é sugerido
pelo contexto estabelecido no texto e que depende, para ser explicitado, da
capacidade do leitor de resgatar informações evocadas pelo contexto e
confrontá-las com os dados obtidos no próprio texto.
- o leitor precisa compreender o sentido “que está por trás”
de...
- implícitos: eles sempre estão associados a uma informação
anterior, pressuposta.
5º Passo: O estabelecimento de relações intertextuais.
- cuidado! Algumas vezes nos deparamos com um texto ou
imagem que nos provoca a sensação de estar diante de algo conhecido;
- precisamos analisar o texto e as imagens que compõem a
tira.
- saber que são os personagens, suas teses, seus contextos
históricos, seus problemas... nos ajuda a retomar o texto e seu sentido. Ou
seja, reinterpretar a partir das relações existentes entre o pensamento de cada
um e o que ali se diz.
- a fala final ali posta ganhará sentido no contexto das
relações estabelecidas entre os vários “textos” evocados. É uma série de
relações intertextuais.
- a intertextualidade
é a relação que se estabelece entre diferentes textos quando um deles faz
referência (direta ou indireta) a outro. Trata-se de um recurso utilizado pelo
autor na construção do sentido de seu texto. A relação intertextual pode dizer
respeito ao conteúdo, à forma, ou mesmo à
forma e ao conteúdo.
6º Passo: A importância de saber ler as entrelinhas: fica aqui a
moral da história:
É importante ser capaz de fazer inferências, de reconhecer
pressupostos e implícitos e de estabelecer relações intertextuais. Somente os
bons leitores, que dispõem de um repertório cultural mais amplo, enfrentam sem
dificuldade o desafio de ler não apenas as linhas, mas principalmente as
entrelinhas dos textos. Sendo assim, LEIA MUITO e de forma DIVERSIFICADA, os
diferentes gêneros textuais e discursivos.
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