A disputa global pela inteligência artificial se intensifica com a ascensão da chinesa DeepSeek, com um modelo que desafia o domínio dos gigantes americanos e redesenha o futuro nesse campo.
A atenção monstruosa que alguma coisa recebe faz dela o maior palco de propaganda do momento. Um spot de 30 segundos pode custar R$ 45 milhões. Entende agora o fetiche da mídia e das redes pelo sensacionalismo?
As Magnificas Sete – Nvidia, Meta, Amazon, Tesla, Apple, Microsoft e Alphabet – os titãs americanos têm superado com frequência o desempenho geral do mercado acionário nos EUA, o que se deve em boa medida ao apelo irresistível dos avanços tecnológicos. Por trás das disputas pela liderança tecnológica e por mercado, há também uma briga geopolítica (os EUA simplesmente proibiram a Nvidia de vender seus chips mais avançados para a China a título de segurança nacional. A tensão é ainda maior quando se leva em conta que os chips são fabricados em Taiwan, a 700 quilômetros da costa chinesa).
De um lado, ditaduras usam a tecnologia para roubar informações e ganhar poder; de outro, as democracias que criam regulações, também impedem o pleno desenvolvimento da IA. Já não há mais dúvida de que a IA gera muito valor, mas ainda não sabemos quem vai se apropriar dele (líderes fascistas? Bilionários? Consumidor final?).
A criadora do Chat-GPT vende a narrativa de que a única maneira de a tecnologia avançar é aumentando exponencialmente o poder de processamento dos chips e data centers, e chegou a pedir 1 trilhão de dólares ao governo do democrata Joe Biden, no ano passado, para que os Estados Unidos se mantivessem na liderança do setor. Ao lado dos parceiros Oracle, de computação em nuvem, e dos fundos de investimento SoftBank e MGX, a empresa conseguiu apoio do presidente Trump para o projeto Stargate, que promete colocar 500 bilhões de dólares até 2030 na maior infraestrutura de centro de dados de IA do mundo. Mas a rápida replicação da DeepSeek mostra que vantagens técnicas não duram muito – mesmo quando as empresas tentam manter seus métodos em segredo.
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Grandes
empresas de inteligência artificial (IA). A
concorrência é tão acirrada que, nessa nova era, apontar a empresa que sairá
vencedora na batalha da IA é uma tarefa impossível.
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Neste
ano de 2025, a Open AI (criadora do ChatGPT), Meta (dona do Facebook e da
ferramenta de IA I.lama) e Alphabet (Google e Gemini) travaram uma batalha
pelos corações, mentes e bolsos dos consumidores. Todas com um inimigo chinês
em comum: a DeepSeek (companhia de versão de IA comandada pelo executivo Liang Wenfeng (o dono controla um
hedge fund de sucesso), que se deu a missão de liderar engenheiros da
Universidade de Zheejiang, principal startup de IA da China, para construir uma
IA geral (AGI) tão inteligente quanto humanos que, em vez de começar a
ferramenta do zero, seus pesquisadores aproveitaram o que já existia e, com
isso, apagou em apenas 1 dia mais de US$ 1 trilhão em valor de mercado das
empresas concorrentes de tecnologia – no fatídico 27 de janeiro, o advento
estrondoso da DeepSeek fez a cotação
das empresas de tecnologia tombar). Ou seja, a rápida
replicação da Deepseek mostra que
vantagens técnicas não duram muito, mesmo quando as empresas tentam manter seus
métodos em segredo. Além do prejuízo, o feito também arrancou
parabéns/reconhecimento da Nvidia, Alphabet e o fundo de venture capital
Sequoia. Afinal, o feito conseguiu modelos fortes com recursos limitados. Ela
jogou por terra a ideia prevalecente de que só gigantes com capacidade para
investimentos da ordem de centenas de bilhões de dólares poderiam competir com
IA (a ferramenta custou apenas US$ 5,6 milhões no seu treinamento final, o
salário anual recebido por um desenvolvedor gabaritado nos EUA). A inovação da
empresa foi tamanha (em vez de começar do zero, construiu sua IA usando modelos
existentes open-source, ou seja, de
uso livre e gratuito, especificamente, foi usado o modelo Llama da Meta como base já pronta, com um pré-treinamento
mais eficiente e aprendizado por reforço)
que desmentiu tudo o que se acreditava a respeito da indústria, atingindo o
nível de qualidade e eficiência dos líderes de mercado americanos a uma fração
do custo (não menos que US$ 100 milhões a 1 bilhão gastos no desenvolvimento do
GPT-4), usando chips muito menos sofisticados.
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Ao
contrário das concorrentes, a empresa não quis replicar a lógica do pensamento
humano. Ou seja, as IAs até então disponíveis no mercado processam tudo o que
as pessoas produzem a fim de recriar o caminho que percorreram para chegar às
suas conclusões.
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O
R1 foca no processo conhecido como “tentativa e erro”. Sua inteligência é
alimentada por uma série de perguntas. Sempre que acerta, aprende e replica o
processo dali em diante. Se erra, não repete mais. Ao final do treinamento, os
pesquisadores jogam fora o que não serve, diminuindo drasticamente a quantidade
de informação de que precisam para rodar o sistema. Menos processamento, mais
barato para treinar sua IA, em menor quantidade, menos uso de energia. Essa
combinação permitiu: menos poder computacional e dinheiro. Enfim, truques de
engenharia mais inteligentes para obter mais resultados.
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O
que chocou o mundo foram duas coisas: 1) a arquitetura que levou a novos modelos;
2) ter conseguido replicar tão rapidamente as conquistas da OpenAI em meses
(que seria de 1 ano ou mais);
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Para
Sam Altman, do ChatCPT: a única maneira de avançar na tecnologia é investir
muito.
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Elon
Musk: o dono da Tesla e do X ofereceu 97 bilhões de dólares pela OpenAI.
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O otimismo veio com a ideia de que a produtividade das indústrias
iria subir drasticamente (notáveis ganhos e aumento de lucros com a IA).
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A
empresa que mais se beneficiou do ciclo de hype foi a Nvidia, fabricante dos
chips sofisticados que as empresas de IA usam.
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Bill
Gates, cofundador da Microsoft, disse que, se tivesse de começar tudo do zero
agora, investiria toda a sua energia em uma empresa de IA.
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