Epidemia de dependência dos Jogos: apostas esportivas online (Bets), cassinos e caça-níqueis on-line, como o Jogo do Tigrinho.
Pix para sites sobe 200%, e calote da baixa renda avança.
Ao todo, cerca de 24 milhões de pessoas físicas fizeram transferências a apostas só em agosto. Brasileiros gastam R$ 21 bilhões com essas apostas online, as bets, via Pix (não contabilizado desembolso realizado por outros meios, como cartões de débito ou crédito). O levantamento considera apenas 56 empresas, ou seja, as cifras podem ser bem maiores! Só para título de comparação, as loterias tradicionais da Caixa arrecadaram R$ 1,9 bilhão no mesmo período.
Estamos diante de um velho problema, inovado e potencializado pela era das redes sociais – a dívida de pobres com apostas online. São pessoas pobres tentando ganhar algum dinheiro fácil, mas caindo em grandes armadilhas. O problema precisa ser rapidamente regulado ou daqui a pouco teremos cassinos funcionando dentro da cozinha de cada casa, trocando a comida por apostas e dívidas.
O apelo comercial do enriquecimento por meio de apostas é mais atraente para quem está em situação de vulnerabilidade financeira. O pessoal não está jogando, está doando o dinheiro. E estamos falando só de Pix; fora cartão e outros meios de pagamento. E isso sem contar as famílias que estão pedindo dinheiro para pagar agiota.
Embora as apostas sejam realizadas por indivíduos de diferentes faixas etárias, a maioria dos apostadores tem de 20 a 30 anos. O valor médio mensal gasto com bets aumenta conforme a idade. Enquanto os mais jovens gastam em torno de R$ 100 por mês, a cifra pode ultrapassar R$ 3.000 mensais entre os mais velhos (de mais de 60 anos).
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Chama
atenção um corte dessa parcela de apostadores: 5 milhões dos 20 milhões de beneficiários do Bolsa Família
pagaram R$ 3 bilhões a apostas esportivas online em um mês, 20% dos R$
14,1 bilhões repassados no programa mensalmente (o valor médio por família pago
no mês foi de R$ 681,09). Na mediana, o valor gasto por pessoa foi de R$ 100. Desse
total de apostadores, 70% são chefes de família, ou seja, quem de fato recebe o
dinheiro transferido pelo governo.
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Ou
seja, a piora na inadimplência da/na baixa renda está ligada às Bets, apostas
online.
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As
apostas podem resultar em perdas frequentes, comprometendo o orçamento
familiar, especialmente na baixa renda.
· O apelo comercial do enriquecimento por meio de apostas é mais atraente para quem está em situação de vulnerabilidade financeira.
Enfim, o Banco Central (BC) tem
dificuldade de classificação das empresas que operam jogos de azar e apostas
online. Muitas o fazem sob nomes que não correspondem aos divulgados na mídia,
e várias delas não estão corretamente classificadas no setor econômico
apropriado. O alerta acende a necessidade urgente do Governo Federal
regulamentar o setor (já em regulamentação a partir de janeiro/2025, editada pelo Governo). Afinal, o comprometimento de renda das famílias nesses
sites de aposta está gerando uma percepção de que teremos uma piora na
qualidade do crédito na ponta, inclusive com um grande comprometimento (no orçamento familiar e o risco de vícios). Ou
seja, o efeito contrário do Programa Desenrola Brasil. Certeza que a
extrema-direita está bastante enrolada na causa desse problema também!
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A publicidade vende as chamadas bets como uma espécie de elevador
social. Celebridades sorridentes endossam a promessa de enriquecimento fácil.
Ditos influenciadores divulgam o jogo como uma diversão inofensiva, ao alcance
do clique no celular. A crise estava contratada desde 2018, quando Temer
liberou as apostas esportivas no último mês de mandato. O prazo coincidiu com o
governo de Jair Bolsonaro, que cruzou os braços e deixou o setor faturar sem
controle. No fim de 2023, o Congresso aprovou uma regulação frouxa, em votações
comandadas pelo Centrão e apoiadas pelo Planalto.
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