Não restam dúvidas de que os coletivos precisam melhorar seus consensos. É necessária a provocação de uma autocrítica social quanto à ânsia punitivista dominante.
Pela arte, podemos provocar essas reflexões profundas sobre a alma humana, sobre culpa e frustrações, sobre relações conjugais e parentais, sexualidade, misoginia... O que aconteceu com a nossa atenção focada no fardo emocional imposto aos envolvidos em processos? O que é sentir a agonia de uma ré ou os picos de nervosismo e ansiedade dos advogados? O processo criminal, em si, já é uma forma de punição. Sobretudo aqueles marcados por diálogo patriarcal e profundamente conservador.
Humilhante: há uma impotência perante o espetáculo performático do tribunal e o uso de ferramentas argumentativas distintas dos fatos discutidos no processo, para deslegitimar a personagem em razão de seu gênero, sexualidade e condição de estrangeira. Uma imagem estigmatizada da protagonista é amargamente construída. Sentar em um banco dos réus carregando os estigmas sociais, raciais, de gênero ou nacionalidade já impostos não é pouca coisa.
Enfim, a anatomia de uma queda.
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