Estudantes da USP realizaram assembleias que decidiram pela greve estudantil. Porém, fizeram barricadas nos prédios para impedir o acesso de professores e alunos. Assim, cabe questionar:
1.
Estudantes
não fazem greve (podem fazer uma paralisação), pois são usuários do serviço
público de ensino e não agentes econômicos;
2.
Recusar
a receber aulas é equivalente a pacientes que se recusam a usar os serviços do
SUS sem que tenham alternativa. Logo, os principais prejudicados serão os
próprios;
3.
Para
provar a legitimidade da greve/paralisação não basta a alegação de que houve
assembleias corretamente convocadas e o sagrado vencedor um grupo majoritário a
favor dela. É preciso que as deliberações sejam democráticas, isto é, a
ocorrência de um quórum amplamente convocado e representativo a favor, que
expresse antes, durante e após a decisão;
4. Só greves ilegítimas necessitam de barricadas. Afinal, medidas legítimas são acatadas e praticadas pela maioria pelo poder da argumentação e não pela imposição da força de uma minoria.
Enfim, uma greve exige um comando
unificado, clareza do que está sendo pleiteado, reivindicações justas e
coerentes com o âmbito de decisão administrativa, com possibilidade de
negociação e poder no âmbito administrativo para fazer o que se pede.
Estas greves em SP são na verdade uma clara antecipação de uma disputa eleitoral. O foco é a disputa pela Prefeitura de SP com Ricardo Nunes, com Tarcísio de um lado e Guilherme Boulos e setores da esquerda de outro. Estamos em um cenário em que os sindicatos são controlados por uma esquerda que não deseja diálogo, porém tem sede de tumulto e confronto – tudo isso para gerar desgaste mirando as eleições do ano que vem.
Essa unificação da luta é muito importante para que a gente consiga derrotar o plano privatista do Tarcísio, o herdeiro do bolsonarismo aqui de São Paulo.
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