Qual será o tema da redação do ENEM - 2021?
Chutes e palpites:
1. A segurança das crianças no mundo virtual.
O isolamento e o distanciamento social trazidos pela pandemia de coronavírus em 2020 afastaram as crianças das interações físicas e presenciais da escola. Do outro lado, trouxe os desafios de ministrar aulas à distância com a modalidade do ensino remoto. Nesse cenário, os pequenos ficaram mais expostos aos recursos tecnológicos e ao meio virtual.
As redes sociais, e não só elas, têm vantagens mas também possuem sérios perigos. Polemizadas pelos discursos de ódio, fake news, polarizações políticas e outros conteúdos inapropriados, as crianças ficam sujeitas a receberem esses impactos negativos em sua formação cognitiva, emocional e psicossocial. Até recentemente, o Facebook pretendia lançar um "Instagram só para crianças", e o produto não veio à tona porque a empresa foi acusada de priorizar o lucro e não a segurança de seus usuários. Podem as empresas privadas decidirem sozinhas o que as crianças vão acessar na rede? As plataformas de conteúdos diversos para adultos que invadiram os lares e as famílias brasileiras estão preocupadas com ferramentas que filtram o alcance e o impacto no mundo infanto-juvenil? Pais, professores e responsáveis estão preparados para lidar com a segurança das crianças frente aos perigos que moram no mundo virtual? Nossa legislação protege as crianças desses riscos?
E que perigos são esses? O da pornografia, da pedofilia, de abusadores e da erotização explícita; o do tráfico de crianças e órgãos; dos conteúdos de ódio, violência e fake news; da violência explícita, dos jogos violentos e videogames com conteúdos vis; dos filmes, novelas e todo azar de produções inapropriadas. Isso mostra que, se o mundo virtual apresenta inseguranças é porque nosso mundo real é cheio de ameaças. Assim, para proteger as crianças no mundo virtual é preciso resguardá-las primeiro no mundo real. Afinal, a segurança começa em casa e continua nas redes.
Desse modo, existe uma outra ponta, é importante destacar. Um contingente enorme de crianças e adolescentes estão livres desses perigos porque simplesmente ficaram excluídos do mundo virtual. Acesso a recursos tecnológicos não é um forte para as crianças e adolescentes pobres das famílias brasileiras que sequer conseguiram acompanhar o ensino remoto por falta de condições e ferramentas. Mas aí existem outros riscos também do lado de cá: o da exposição à violência doméstica e da brutal desigualdade que expõe as crianças à exclusão digital. Assim, é verdade que precisamos proteger as crianças do mundo virtual, mas é preciso protegê-las também do mundo real e suas injustiças sociais.
Enfim, estamos todos preocupados com a saúde física diante dos grandes riscos trazidos pelo coronavírus e os impactos da Covid-19 em nossas vidas, e não é por menos. Mas, há outra epidemia silenciosa nos lares brasileiros. Ela advém da exposição das crianças aos perigos do mundo real que saltam para o mundo virtual, e que ameaçam seu desenvolvimento físico e psicossocial. É da vida e da saúde integral, esses dois direitos fundamentais trazidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, que devemos cuidar com legislação e fiscalização, desde a tenra idade, tanto nas redes como fora delas.
Um tema muito pertinente!
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