A privatização da Eletrobrás virará
reserva de mercado para grupos específicos, sob o falso discurso de aumento da
competição (quando na verdade se quer é maior controle e restrição).
Se a Eletrobrás for privatizada,
pagaremos uma conta de energia quase 3 x mais alta do que a atual. Nossa
principal fonte hidrelétrica cederá espaço para termelétricas, que além de ser
muito ruim para nós consumidores é também muito prejudicial para o meio
ambiente. Enfim, serão socializados os custos e privatizados os benefícios. A
quem interessa esse projeto? Aos produtores de gás, os investidores em
termelétricas e redes de gasodutos, os donos de centrais hidrelétricas, as
bancadas regionais (como Furnas e Chesf).
Atenções focadas na CPI da Covid-19 e
preocupações voltadas para a nova Cepa Indiana do vírus que apareceu no país
pelo Maranhão, temos outro problema sério: a tentativa de privatizar a
Eletrobras até dia 22 de junho.
A Câmara já aprovou por 313 x 166 votos
a MP que abre caminho para a capitalização da maior estatal do setor elétrico
(são 134 usinas de geração de energia e quase 71 mil quilômetros de linhas de
transmissão, o suficiente para dar uma volta completa no planeta)! A oposição
bem que tentou acionar o STF para tentar impedir a votação, pedindo que antes a
proposta passasse por uma comissão (mas o pedido foi negado). Isso mostra a
conivência do judiciário aos interesses da equipe econômica do Guedes em
empurrar as privatizações de qualquer jeito.
O fato está contextualizado no cenário
das campanhas eleitorais 2022 de Bolsonaro, pois há uma série de barganhas com
Deputados e Senadores que pedem concessões, em média, R$ 9 bilhões em obras,
como revitalização de bacias hidrográficas e outras promessas para os seus
currais eleitorais. Recursos futuros serão desviados para uma nova estatal
criada pelo Governo, bancar gasodutos novos atravessando o país e ativar outras
fontes, inclusive termelétricas (cara e suja) e eólicas.
Atualmente, a União possui cerca de 60%
das ações da Eletrobras, e controla a estatal. Se rolar a capitalização, o
Governo deverá reduzir sua participação na empresa para 45%. Com isso, a meta
do Governo é arrecadar R$ 50 bilhões – metade disso para o Tesouro Nacional e a
outra metade para um super fundo que será rateado por todo mundo.
O setor elétrico é o mais pulverizado em
seus lobbys, pois são em torno de 30 diferentes associações ligadas a ele. Do
jeito que ficou, essa capitalização levará o setor elétrico de volta para o
passado. Os custos para o meio ambiente serão altos, pois os impactos
ambientais com as termelétricas são gigantescos.
A União será obrigada a comprar energia
de termelétricas a gás de regiões onde não há infraestrutura e de pequenas
centrais hidrelétricas, que respondem por 65% da geração de energia para todo o
país (a queima de carvão, petróleo e gás além de mais poluente é mais cara). Nós
consumidores temos uma conta razoavelmente acessível graças a essa fonte
renovável das hidrelétricas, mas com essa proposta de privatização, tornando-a
mais atrativa com a compensação das termelétricas, vendendo nossa atual energia
mais barata. Essa exigência vai gerar um custo aproximado de mais de R$ 20
bilhões ao ano para os consumidores. A bandeira vermelha vai encarecer as
contas de luz até que o nível dos reservatórios voltem a subir.
O consumidor já sente no bolso o custo
de ter os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste em níveis
historicamente baixos. Colocar a Petrobras nesse Plano Nacional de Desestatização
é aprovar um impacto para o setor elétrico e para o conjunto dos brasileiros,
que acabarão pagando a conta quase 3x mais alta do que a atual.
Enfim, retirar do consumidor de energia
elétrica os recursos financeiros que poderiam ser utilizados para baratear
tarifa, reduz a competitividade da economia como um todo. Afinal, vai encarecer
os produtos industriais e os serviços. Além e social é ambientalmente injusto.
O Governo Federal emitiu um alerta de
crise hídrica para 05 estados da Bacia do rio Paraná que sustenta alguns dos
principais reservatórios do país. E a primeira consequência disso vai chegar no
bolso do consumidor em Junho. A ANEEL, que é a Agência do setor, decidiu que a
conta de luz ficará mais cara.
Decreto baixado por Bolsonaro regulamenta
leilões para contratação de usinas de geração de energia com o objetivo
declarado de tentar melhorar a segurança do Sistema Nacional. De acordo com o
Decreto, os custos dessas contratações serão pagos pelos consumidores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário