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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Sistema Doente...

Quando um professor passa a controlar a turma com gritarias e ofensas ou quando ele já não consegue mais dar conta das situações cotidianas e muito menos das imprevistas, duas coisas são previsíveis: ou ele já está doente ou ele é inexperiente e caminha para um quadro patológico. Quem encontra respostas adequadas aos dilemas da profissão consegue manter-se equilibrado e alcançar sucesso. Quem não encontra pode ter um fim trágico. Ou seja, a dificuldade de relacionamento dentro da escola e com todos os seus membros ainda é a “disciplina” das mais difíceis.

As maiores causas de afastamento da sala de aula são: estresse, dores musculares e síndrome do esgotamento. Mas, podemos adicionar aí os casos de depressão, problemas com sobrecarga ou frustração, mal-estar e tensão, exaustão física e emocional (Síndrome de Burnout), descontentamento e angústia. O trabalho deve ser fonte de realização e prazer, mas pode causar sofrimento e enfermidade. A consequência é o número crescente de faltas, de pedidos de licenças médicas, etc. que eleva o custo anual para o Governo (que poderia estar usando o dinheiro para construir, mobiliar e equipar as escolas) para cuidar das enfermidades dos professores. Um ensino de qualidade não comprometeria a saúde dos profissionais da educação. As doenças de quem leciona tornam enfermo o sistema de ensino.

A falta não pode virar a única estratégia para lidar com as questões de saúde. Mas é importante que o direito de estudar acompanhe o direito de ter condições para oferecer uma boa aula. Entender o que causa as doenças ou o que contribui para que elas se manifestem requer olhar para a sociedade, para o sistema educacional como um todo e para a relação com o trabalho. Essa epidemia deve ser combatida com soluções urgentes: secretarias devem criar programas de prevenção, escolas devem reorganizar processos e educadores devem buscar formas criativas de enfrentar as dificuldades do dia a dia, gestão democrática e participativa, formação, organização do tempo, trabalho em equipe, relacionamento com os alunos, infraestrutura, currículo e valorização social.

É preciso contribuir para o bem-estar e o desempenho do profissional, ao mesmo tempo em que favorecer um impacto positivo na qualidade da Educação. Precisamos tornar o dia a dia dentro da escola menos desgastante para todos, para isso, o poder deve ser usado para minimizar as angústias do docente diante das adversidades.

Eis algumas dicas para sentir-se bem na profissão:

- aulas mais bem preparadas têm impacto no desempenho da turma e, por consequência, na satisfação profissional;
- às vezes é preciso diminuir as aulas e aumentar o lazer;
- ser menos mecanizado e mais criativo na escola;
- a formação inicial é tão importante quanto a formação continuada;
- formar grupos de estudos para também discutir e refletir as questões do dia a dia na escola a fim de acabar com que faz sofrer;
- a queixa deve se transformar em alternativas para enfrentar as adversidades. Só reclamar leva a mais mal-estar;
- o ambiente escolar pode ter espaço para o choro e as queixas que aliviam a tensão cotidiana, desde que isso se torne algo positivo;
- a escola precisa discutir princípios de forma sistemática para que os alunos entendam o porquê das regras – a autoridade nasce do respeito e do conhecimento;
- não se acabar diante de um ambiente sem condições acústicas, de iluminação, de temperatura e ventilação. Diante das adversidades, usar a criatividade para superar os obstáculos, sem sacrificar a própria saúde;
- criar políticas para reduzir os riscos para alunos e professores, pensando em saúde e Educação de forma articulada;
- ter clareza sobre o que ensinar é condição para que os docentes executem bem sua função em classe;
- com a certeza de ter as condições necessárias para desempenhar bem sua função, o educador sofre menos;
- ter a tranquilidade de ensinar, sabendo exatamente onde pisar;
- satisfação vem com prestígio, garantir a formação de qualidade e o justo reconhecimento do que faz; pois a progressiva desqualificação e o não-reconhecimento social potencializam o sofrimento dos docentes;
- quando se fala em valorização social, o sentido não deve ser apenas retórico, o que inclui homenagens e discursos em favor do Magistério. A valorização tem de ser real. Profissional reconhecido é aquele que dispõe de boas condições de exercer sua função no dia a dia, salário compatível com o que se espera dele e políticas públicas que cuidam de sua formação e sua saúde. 

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