Desobrigar o ato de votar é convencer os mais pobres de espírito de que eles não precisam participar da política, para depois culpá-los da sua condição de excluídos. Todos nós sabemos que existem obrigações diárias as quais não devemos abrir mão de fazê-las sob o risco de comprometer a nossa sobrevivência. É o caso de limpar a nossa casa para não viver meio à sujeira e seus perigos de doença; de preparar a comida no horário devido para não passar fome; de trabalhar para não ficar em débito com as contas, etc. Mesmo sabendo dessas obrigações inalienáveis, muita gente deixa de cumpri-las, adia ou atrasa seus compromissos, negligencia suas datas ou as empurra com a barriga. Essa ideia lançada no país do voto ser facultativo, isto é, de ir votar ou não quem bem quiser é perigosíssima porque será mais uma obrigação lançada ao acaso ou ao famoso jeitinho brasileiro. Provavelmente é mais uma armadilha criada pela mídia e pela elite pensante. É verdade que o voto não é a única forma de participação popular numa democracia representativa como a nossa, no entanto, é uma das suas principais formas, após muitos anos de luta. Uma conquista social que não pode ser relaxada, muito menos abolida. Sim, o voto não só deve ser como é obrigatório por natureza numa democracia. Existe muita gente nesse país desinteressada pelos assuntos políticos ou que só entra numa discussão quando o prejuízo pesa no próprio bolso para reproduzir o que a TV diz sobre esse ou aquele político. É essa gente pobre de espírito, facilmente manipulável, que terá a preguiça de ir votar durante as eleições e deixará a valiosa importância democrática de escolher os seus representantes da pátria nas mãos de uma reduzida elite que diz ser o melhor governo aquele que representa os próprios interesses e as vantagens do capital. Sou adepto de uma política focada nas causas populares. Relaxar o direito de votar é enfraquecer a democracia. Se o que faz um sistema democrático é a participação de todos, não faz sentido desobrigar sua essência – o ato de votar. Isso é uma estratégia para excluir mais uma vez os excluídos. Isso mesmo, excluir os mais pobres por três vezes: materialmente, espiritualmente e agora politicamente.
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- São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
- Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
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terça-feira, 18 de março de 2014
CRÍTICA Nº 12:
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
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