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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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domingo, 28 de dezembro de 2025

Gosto de doces, mas...

 

O “Imposto Seletivo” foi criado na reforma tributária de 2024 e tem um objetivo inequívoco: desestimular o consumo de produtos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Entre eles, bebidas alcoólicas, derivados de tabaco, ultraprocessados e um de que gosto muito – as bebidas açucaradas.

Nisso a OMS também concorda. De acordo com ela, uma das políticas públicas mais eficazes para a redução de consumo de produtos nocivos à saúde pública é justamente a tributação mais alta.

Todavia, minha razão precisa escrever mais alto do que pedem meus desejos pecaminosos (risos). A literatura científica é certeira e cruel:

·       O consumo de refrigerantes eleva o risco de obesidade, leva a diabetes, doenças cardíacas e outras;

·       As crianças brasileiras consomem mais de 88 litros de bebidas açucaradas por ano!

·       Mais de 700 mil delas estão com sobrepeso ou obesidade;

·       O cuidado com obesidade e outras doenças provocadas pelo consumo de bebidas açucaradas chega a R$ 3 bilhões por ano para o SUS.

Enfim, reduzir o consumo desses produtos é passo fundamental para evitar a incidência de doenças crônicas e melhorar a saúde da população, economizando recursos para o SUS. Ainda que a indústria de refrigerantes e seus beneficiados não gostem dessa ideia amarga, tributar e conscientizar é preciso!

🧠 Quando o cérebro entra em estado de fadiga, ele passa a buscar fontes rápidas de energia para manter suas funções básicas ativas.

🍬 A principal fonte de energia do cérebro é a glicose, que vem principalmente dos carboidratos consumidos na alimentação.

🧠 Em períodos de estresse mental, excesso de tarefas, noites mal dormidas ou sobrecarga emocional, o consumo de glicose cerebral aumenta.

🍫 Por isso, o corpo envia sinais que costumam ser interpretados como vontade intensa por doces e alimentos açucarados.

🧠 O açúcar provoca uma elevação rápida da glicose no sangue, gerando sensação imediata de alívio e energia.

🍪 Esse efeito acontece porque o consumo de açúcar estimula a liberação de dopamina, neurotransmissor ligado ao prazer e à recompensa.

🧠 O problema é que esse alívio é temporário e costuma ser seguido por uma queda brusca de energia.

🍩 Após essa queda, o cérebro tende a pedir mais açúcar, criando um ciclo de cansaço e busca por doce.

🧠 Esse comportamento não significa falta de controle, mas um sinal de que o organismo está sobrecarregado.

🍫 Muitas vezes, a vontade por doce está mais ligada à exaustão mental do que à fome real.

🧠 Falta de descanso adequado, alimentação pobre em nutrientes e excesso de estímulos contribuem para esse padrão.

🍪 Sono de qualidade, refeições equilibradas e pequenas pausas ao longo do dia ajudam a reduzir esse impulso.

🧠 Entender esse mecanismo permite escolhas mais conscientes, sem culpa ou exageros.

🍫 Comer doce ocasionalmente não é o problema, mas usá-lo como solução constante para o cansaço pode agravar a fadiga.

🧠 Quando o corpo descansa melhor, a mente tende a pedir menos estímulos rápidos.

Nota sobre o cérebro.

 O cérebro humano é o objeto mais complexo de que se tem conhecimento no Universo! Ele abriga 86 bilhões de neurônios, todos dissemelhantes, conectados a milhares de outros neurônios que, por sua vez, transmitem sinais uns aos outros através de 100 trilhões de sinapses.

Entretanto, enquanto o cérebro é obra da Biologia, é a vida que transforma o cérebro em mente. E lá se vão 5 mil anos desde que poetas e filósofos, doutores de divindades e da medicina se debruçam sobre esse mistério. É na imensa vastidão da mente humana, com sua história, arte, literatura, religião, filosofia, poesia, música, mitos que se construiu a humanidade passada e se formarão nossos pares humanos do futuro.

Enfim, o trabalho do cérebro consiste em receber presentes; a arte da mente está em desembrulhá-los. Que saibamos desembrulhar com o devido zelo o que nos foi dado de presente: a vida!

“Imagine o cérebro como aquele lustroso monte de vida, um parlamento acinzentado de células, uma fábrica de sonhos, um pequeno tirano dentro de uma bola de osso, aquele amontoado de neurônios comandando todos os lances [...], muitos ‘eus’ entupidos no crânio como roupas demais enfiadas num saco de ginástica. O neocórtex tem cumes, vales e dobras porque o cérebro continua a se remodelar, mesmo no espaço apertado. Consideramos normal o fato, à primeira vista ridículo e ainda assim inegável, de que cada pessoa carrega no alto do corpo um universo completo em que trilhões de sensações, pensamentos e desejos se escoam-se em muitos níveis, alguns dos quais nem percebemos – melhor assim” (Diane Ackerman, “Uma alquimia da mente”). 

Criminosos na Política.

 Fé, Milícia e Política. 

O avanço alarmante da criminalidade já há algum tempo dá sinais de infiltração na economia formal e nas instituições da República.

A porta de entrada na vida pública são os partidos (PL, PP, Republicanos), por meio dos quais deve ser barrada a infiltração do crime na política. Imagine só um deputado estadual suspeito de tráfico de armas, drogas e de atuar em favor de uma facção criminosa. É o mínimo! O presidente Jair Bolsonaro, e todo o seu clã supostamente devoto, uma familícia no poder que quase arrastou a nação inteira para o abismo de outra grande Ditadura!

De lá para cá, houve um crescimento em tamanho e sofisticação do crime organizado, que tem superado a capacidade da legislação de conter sua infiltração nas instituições – a começar pelo próprio aparelho de segurança pública.

É urgente e necessária a tarefa permanente dos partidos de filtrar seus candidatos, levando em conta prontuário policial e histórico penal dos postulantes. Já existe a Lei da Ficha Limpa desde 2010, que barra a candidatura de condenados em 2ª Instância em processos penais ou mesmo administrativos. Mas, foi o próprio Congresso Nacional quem afrouxou as regras de inelegibilidade, apesar de vetos do presidente Lula. Um mau sinal que só prova que a Casa já está sendo comandada por milicos.

Nas eleições para prefeito e vereador em 2024, a Ficha Limpa barrou 1.968 candidaturas. Com a frouxidão da Casa para o problema, infelizmente, ela deixará de ter a mesma eficácia daqui para frente, abrindo brechas de que criminosos tentarão se aproveitar.

Enfim, precisamos redobrar nossa atenção ao tema. É imperioso que se ampliem as barreiras. E os partidos políticos têm papel vital nessa missão!

sábado, 27 de dezembro de 2025

Calor-2025; Temporal-2026.

 Verão chega marcando o final de ano com forte Onda de Calor (2025), mas promete iniciar o Ano Novo com temporais perigosos (2026), especialmente no Sudeste.

“O ser humano controla sua temperatura de duas formas. A primeira é por meio dos vasos sanguíneos que se dilatam para levar mais sangue até a pele, para que o calor possa ser irradiado para fora do corpo. O segundo é por meio do suor, que refresca a pele por evaporação. Quando eles não funcionam, morremos”.

A Onda de Calor afeta 08 estados, em nível “grande perigo”. Tem termômetro de rua na capital paulista batendo os 40ºC. Do guarda-chuva para se proteger do Sol até a corrida aos Shoppings para abrigar sob o ar-condicionado. Aumentaram os atendimentos médicos devido ao calor, principais sintomas: tontura, fraqueza, desmaios e queimaduras solares. O calorão também ocasiona pontos de falta de luz e de água. A estiagem e as altas temperaturas derrubam o nível dos mananciais de abastecimento de água, enquanto a tendência de consumo é aumentar (média de 60%) em virtude desse cenário. Aqui no Nordeste, toda a região deve sofrer com chuvas abaixo da média, com destaque para nós, Bahia!

Já o contraste está logo ali na frente, à espreita. Estão previstas chuvas intensas para o estado de São Paulo, inclusive no período de réveillon. A virada de ano deve ser marcada por temporais em várias regiões. Tanto que o governo já instalou um gabinete de crise, inclusive para lidar com eventuais interrupções no serviço de energia elétrica. Mas, não só: enchentes, deslizamentos de encostas, inundações...

As altas temperaturas estão entre os grandes problemas de saúde pública da década no planeta. Morrer de calor não é figura de linguagem: é um risco real! A insolação é um dos principais problemas, que acontece quando a temperatura corporal ultrapassa os 40ºC. O corpo acaba ficando incapaz de controlar a própria temperatura. Os sintomas incluem: elevação da temperatura corporal, pele vermelha, quente e seca, dor de cabeça, tontura, náusea, confusão, e, em casos extremos, perda de consciência. Outro problema é a desidratação. Altas temperaturas também agravam doenças pré-existentes, pois o calor impacta 07 órgãos: cérebro, coração, intestinos, fígado, rins, pulmões e pâncreas.

Existem 27 formas pelas quais o calor pode ser fatal! São cinco mecanismos fisiológicos que podem ser deflagrados pela temperatura elevada: isquemia (redução ou interrupção da irrigação sanguínea), citotoxidade (envenenamento das células), inflamação, coagulação intravascular disseminada (formação de trombos que podem destruir órgãos) e rabdomiólise (síndrome causada pela destruição das fibras musculares).

Para piorar, alguns medicamentos, como os anti-histamínicos, os antidepressivos, betabloqueadores e bloqueadores dos canais de cálcio de diuréticos (entre outros usados para tratar problemas coronários), aumentam o risco de doenças relacionadas ao calor. Esses remédios usados para tratar doença cardíaca, alergia, pacientes renais e depressão também podem afetar o fluxo sanguíneo, a capacidade de reter água e até a transpiração, que são respostas essenciais do corpo às altas temperaturas.

Ninguém está imune aos efeitos prejudiciais do calor extremo, mas obesos (a gordura retém mais calor), mulheres (têm maior composição de gordura), crianças (o sistema de regulação da temperatura é imaturo), idosos (o mesmo sistema começa a ter falhas), diabéticos, cardíacos e pacientes renais são mais sensíveis. O mesmo pode ser dito de profissionais que trabalham expostos ao sol.

Enfim, por um lado, é preciso fazer o uso consciente da água, priorizando alimentação e higiene pessoal e evitando desperdícios para fins não essenciais, como lavar calçadas, carros e encher piscinas. Por outro lado, é preciso preparo, prevenção e planejamento para as tempestades que prometem se suceder. Por fim, também vale manter suas condições médicas crônicas subjacentes bem controladas.

Bem-vindos ao Verão!

Ética e Liberdade.

 

O grande tema da ética, desde que ela se tornou questão filosófica é: o que está e o que não está em nosso poder? Até onde se estende o poder de nossa vontade, de nosso desejo, de nossa consciência? Até onde alcança o poder de nossa liberdade? Podemos mais do que o mundo ou este pode mais do que nossa liberdade? O que está inteiramente em nosso poder e o que depende inteiramente de causas e forças exteriores que agem sobre nós?

Filosoficamente, a questão da liberdade se apresenta na forma de dois pares de opostos:

1.     O par “necessidade-liberdade”: Possuem leis causais (da natureza) e normas-regras obrigatórias (da cultura), o necessário é aquilo que acontece por si mesmo, sem nossa intervenção ou interferência; é o que não depende de nós para ser tal como é (o todo da realidade, existente em si e por si, que age sem nós e nos insere em sua rede de causas e efeitos, condições e consequências).

- nesse par encaixam termos religiosos: fatalidade-liberdade (forças transcendentes superiores); e termos científicos: determinismo-liberdade (homem determinado pelas leis e causas químicas, biológicas, etc.).

2.     O par “contingência-liberdade”: Contingência ou milagre, vontade sobrenatural, força divinizada ou desconhecida, acaso, boa e má sorte, acidental, indeterminado (a realidade é imprevisível e mutável).

Ambos os pares opostos impossibilitam deliberação e decisão racionais, definidoras da liberdade. Aí parece que todos os possíveis foram fechados para o humano, que ficará anestesiado, impotente, resignado, conformado, passivo e omisso. Ou existe saída? Como escreveu Sartre, o que importa não é saber o que fizeram de nós e sim o que fazemos com o que quiseram fazer conosco. Onde fica o campo da liberdade possível?

Do ponto de vista ético, a liberdade só será ética quando o exercício da vontade estiver em harmonia com a direção apontada pela razão. Outra constatação importante: há uma tensão entre nossa liberdade e as condições – naturais, culturais, psíquicas – que nos determinam (a liberdade como possibilidade objetiva).

O farol abriu, siga: buscar eliminar a violência na relação com o outro, manter a fidelidade a nós mesmos, a coerência de nossa vida e a inteireza de nosso caráter. Não desaprender a linguagem com que os homens se comunicam, deixar o coração crescer para sermos mais nós mesmos quanto mais formos capazes de reciprocidade e solidariedade.

Interiorizar e Criar.

A ética se move no campo das paixões, dos desejos, das ações e dos princípios, possuindo uma dimensão valorativa e normativa (que são exteriores e anteriores a nós, definidos pela cultura e pela sociedade em que vivemos). Mas, como sujeitos éticos, somos tanto capazes de interiorizar valores e normas existentes como de criar novos valores e normas. Ou seja, com atos de liberdade, interpretamos nossa situação (valores, normas, princípios) e dessa interpretação nasce em nós a aceitação ou a recusa, a interiorização ou a transgressão, a continuação ou a criação.

“Minha liberdade é o poder fundamental que tenho de ser o sujeito de todas as minhas experiências” (Merleau-Ponty).

“A ação mais alta da vida livre é nosso poder para avaliar os valores” (Nietszche).

“O essencial para nossa felicidade é nossa condição íntima e dela somos senhores” (Epicuro).

“A justiça não existe por si própria, mas encontra-se sempre nas relações recíprocas, em qualquer tempo e lugar em que exista entre os humanos o pacto de não causar nem sofrer dano” (Epicuro).

Enfim, o núcleo da vida ética é ser senhor de si (ser autônomo) e ser capaz de philia (reciprocidade, relação intersubjetiva como coexistência e não-violência).

sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

Liberdade Marxista.

 A liberdade como “possibilidade objetiva”.

Quando o limite é a própria possibilidade...

Não posso tudo; nem posso nada. Mas, posso alguma coisa – intervir, e tentar transformar a realidade! 

Escolhemos nosso mundo e nosso mundo nos escolhe. 

 “O mundo já está constituído, porém, não completamente pronto e acabado” (Merleau-Ponty).

 “O grande mundo está crescendo todos os dias pelo fogo e amor dos seres humanos, e o pior seria renunciar a ele por estarmos nele” (Carlos Drummond). 

Sabe aquela ação que acaba fazendo toda a diferença? Ou aquela atitude ou iniciativa que muda o curso e o rumo dos acontecimentos? Pessoas que provocam transformações porque ousaram agir, ainda que sob condições adversas, e às vezes por causa delas, exerceram sua liberdade como possibilidade objetiva inscrita no mundo. Que tipo de liberdade é essa?

É a liberdade como consciência simultânea das circunstâncias existentes e das ações que, suscitadas por tais circunstâncias, nos permitem ultrapassá-las, dando-lhes outro rumo e um novo sentido, que não teriam sem a nossa ação. Logo, essa ação recebe uma qualidade heroica tal, pois abre um futuro novo para muitos outros, mudando o curso do presente, que parecia inevitável.

É uma ação construída de forma inteligente, isto é, ela não brota de forma inexplicável, imotivada ou milagrosa. Seu agente precisa: 1) interpretar as condições e circunstâncias dadas, percebendo que, sem uma intervenção, elas seguiriam um curso que, depois, diríamos ter sido inevitável; 2) foi capaz de perceber alternativas que, pouco visíveis, também estavam presentes e poderiam ser realizadas.

Nosso mundo, nossa vida e nosso presente formam um campo de condições e circunstâncias que não foram escolhidas nem determinadas por nós e em cujo interior nos movemos. No entanto, esse campo é temporal: teve um passado, tem um presente e terá um futuro cujos vetores ou direções já podem ser percebidos ou mesmo adivinhados como possibilidades objetivas. Diante desse campo, poderíamos assumir 03 atitudes:

1.     A ilusão de que temos poder para mudá-lo em qualquer direção que desejarmos (o tudo);

2.     A resignação, que nos leva a dizer que nada podemos fazer (o nada);

3.     A disposição para interpretar e decifrar o que está posto e tentar intervir e transformar (alguma coisa).

A liberdade objetiva mora na atitude 3 – quando o limite é a própria possibilidade. A liberdade como possibilidade objetiva não se encontra na ilusão do “posso tudo” nem no conformismo do “nada posso”. Encontra-se na disposição para interpretar e decifrar as linhas de força e direções do campo presente como possibilidades objetivas, isto é, como abertura de novas direções e de novos sentidos a partir do que está dado.

Nessa perspectiva histórica, materialista e dialética, com pegada marxista, mas também fenomenológica e existencialista, a liberdade é a capacidade para darmos um sentido novo ao que parecia fatalidade, transformando a situação de fato numa realidade nova, criada por nossa ação. Essa força transformadora, que torna real o que era somente possível e que se achava apenas latente como possibilidade, é o que faz surgir uma obra de arte, uma obra de pensamento, uma ação heroica, um movimento anti-racista, uma luta contra a discriminação sexual ou de classe social, uma resistência à tirania e a vitória contra ela. 

Somos livres não contra o mundo, mas no mundo, pois somente nele meu coração também pode crescer. Não somos livres apesar do mundo, mas graças a ele!

Se nascemos numa sociedade que nos ensina certos valores morais – justiça, igualdade, veracidade, generosidade, coragem, amizade, direito à felicidade – e, no entanto, impede a concretização deles porque está organizada e estruturada de modo a impedi-los, então o que é preciso?

1.     Reconhecer a contradição entre o ideal e a realidade;

2.     Recusar a violência como exercício da liberdade e da vida ética;

3.     Buscar brechas pelas quais possa passar o possível;

4.     Concretizar no real aquilo que a nossa sociedade propõe no ideal;

5.     Ter ou construir o poder para tornar o possível real;

6.     Decisão de agir e da escolha dos meios para a ação;

7.     Realização da ação para transformar um possível num real, uma possibilidade numa realidade.

“Nascer é, simultaneamente, nascer do mundo e nascer para o mundo. Sob o primeiro aspecto, o mundo já está constituído e somos solicitados por ele. Sob o segundo aspecto, o mundo não está inteiramente constituído e estamos abertos a uma infinidade de possíveis. Existimos, porém, sob os dois aspectos ao mesmo tempo. Não há, pois, necessidade absoluta nem escolha absoluta, jamais sou como uma coisa e jamais sou uma pura consciência (...). A situação vem em socorro da decisão e, no intercâmbio entre a situação e aquele que a assume, é impossível delimitar a “parte que cabe à situação” e a “parte que cabe à liberdade”.

Tortura-se um home para fazê-lo falar. Se ele recusa dar nomes e endereços que lhe querem arrancar, não é por sua decisão solitária e sem apoios no mundo. É que ele se sente ainda com seus companheiros e ainda engajado numa luta comum; ou é porque, desde há meses ou anos, tem enfrentado esta provocação em pensamento e nela apostara toda sua vida; ou, enfim, é porque ele quer provar, ultrapassando-a, o que ele sempre pensou e disse sobre a liberdade.

Tais motivações não anulam a liberdade, mas lhe dão ancoradouro no ser. Ele não é uma consciência nua que resiste à dor, mas o prisioneiro com seus companheiros, ou com aqueles que ama e sob cujo olhar ele vive, ou, enfim, a consciência orgulhosamente solitária que é, ainda, um modo de estar com os outros (...). Escolhemos nosso mundo e nosso mundo nos escolhe (...).

Concretamente tomada, a liberdade é sempre o encontro de nosso interior com o exterior, degradando-se, sem nunca tornar-se nula, à medida que diminui a tolerância dos dados corporais e institucionais de nossa vida. Há um campo de liberdade e uma “liberdade condicionada”, porque tenho possibilidades próximas e distantes...

A escolha de vida que fazemos tem sempre lugar sobre a base de situações dadas e possibilidades abertas. Minha liberdade pode desviar minha vida do sentido espontâneo que teria, mas o faz deslizando sobre este sentido, esposando-o inicialmente para depois afastar-se dele, e não por sua criação absoluta (...).

Sou uma estrutura psicológica e histórica. Recebi uma maneira de existir, um estilo de existência. Todas as minhas ações e meus pensamentos estão em relação com essa estrutura. No entanto, sou livre, não apesar disto ou aquém dessas motivações, mas por meio delas, são elas que me fazem comunicar com minha vida, com o mundo e com minha liberdade”.

(Maurice Merleau-Ponty). 

Feliz Ano Novo - 2026!

 O espírito brasileiro.

Qual é, ou como é, o espírito brasileiro? Desde que nascemos, enfrentamos adversidades no Brasil. Elas são intensas, frequentes e variadas. Atire a primeira pedra quem não tem uma trajetória de lutas e labutas, cada qual com as suas!?

Pois bem, quem está acostumado a enfrentar dificuldades, e não se curva diante dos problemas e obstáculos, é destemido e corajoso. Não só, é criativo e guerreiro, pois consegue enxergar oportunidades onde poucos veem, e inovar pela resiliência. O brasileiro se destaca justamente por transformar complexidade em inovação, sempre encontrando caminhos criativos para avançar, algo que desperta admiração no mundo todo.

Somos um produto das nossas desiguais condições materiais e históricas. Feitos de cicatrizes e superações que geram criatividade, resiliência e a capacidade de gerar impacto. Reinventando-se o tempo todo... Por isso temos uma cultura rica em histórias capazes de dialogar com o mundo inteirinho!

Enfim, o espírito do brasileiro é aguerrido, pois é feito da coragem de enfrentar o incômodo e buscar novas soluções em todos os anos novos... 


Agenda - 2026:

·       O governo Trump e o ano eleitoral no Brasil, Copa do Mundo e a imprevisibilidade do clima;

·       Embates no relacionamento dos 03 Poderes, sobretudo a fervura entre STF e Câmara a respeito da liberação de emendas parlamentares que são ressuscitadas do vil e inconstitucional Orçamento Secreto (em 2026, as emendas impositivas poderão levar deputados e senadores a repassarem 61 bilhões de reais a seus redutos eleitorais) e a retaliação dos parlamentares aos ministros, aprovando leis que limitam as prerrogativas deles;

·       No jogo político, Lula mira rachar siglas do Centrão nos palanques de 2026, em tentativa do presidente de obter apoio parcial de partidos da centro-direita;

·       Expansão da influência de Pequim na era Trump: China vê guerra comercial e boicote ao globalismo promovido pelos EUA como risco, mas também oportunidade de ampliar sua área de influência;

·       Um ambiente global cada vez mais atento às soluções que nascem em mercados emergentes. 


Perguntas para 2026. Ano Novo começa com dúvidas. O grande momento político serão as Eleições, Nacional e Estaduais, a nova configuração da Câmara e do Senado Federal. Mas, também, as relações entre os 03 Poderes da República e as reações da sociedade brasileira, entre outras questões. Então, algumas perspectivas 2026:

·       A polarização vai crescer?

·       A desinformação vai disparar com o avanço da I.A. (vídeos e áudios hiper-realistas, como também estratégias de alteração, busca e dissipação rápida da informação);

·       No campo da oposição, as incógnitas vão de Tarcísio de Freitas às decisões da família Bolsonaro de lançar um nome do clã. Como isso se consolidará?

·       Lula manterá Geraldo Alckmin na vice?

·       Quais partidos vão compor a aliança de reeleição do presidente?

·       Judiciário e Congresso, como ficarão as relações entre os Poderes e suas disputas e desafios internos?

·       A infiltração do crime na política – e os Partidos são a porta de entrada. A contaminação profunda das instituições...

·       Quais serão os grandes temas da disputa nacional? Segurança pública, pautas econômicas, etc.

·       Quais prefeitos vão se desincompatibilizar para disputar a eleição de governador (até 4 de abril)? Eduardo Pais (RJ), João Campos (Recife), João Henrique Caldas (Maceió).

·       O PT manterá o domínio da Bahia, mesmo com a ira de ACM Neto? Por aqui, o histórico mostra que os candidatos do PT até podem começar atrás, mas costumam pegar o embalo da nacionalização da campanha e virar o jogo.

·       Qual será o impacto das emendas parlamentares nos índice de reeleição de deputados? Com fatias robustas do orçamento nas mãos de deputados e senadores, que desfrutam de enorme capacidade de mostrar ao eleitorado entregas palpáveis, será interessante observar o impacto disso no índice de reeleição para a Câmara. Em 2022, o percentual de renovação (39%) caiu bruscamente em comparação com 2018 (47%), ano que havia registrado um forte apelo por “mudança”.

·       O bolsonarismo vai conseguir tomar conta do Senado? Aliados de Bolsonaro deixam cristalina a prioridade conferida à eleição do Senado. É lá, afinal, que se pode impor com propriedade uma agenda contrária ao Judiciário. Uma das grandes dúvidas sobre as eleições é se o campo político terá força para conquistar maioria na Casa, emparedar o STF e dificultar a vida do futuro governo.

·       O Senado vai aprovar a indicação de Jorge Messias para o Supremo?

·       Depois de um ano pendular, quais agendas Hugo Motta vai priorizar na Câmara?

·       Fachin vai conseguir criar um “código de conduta” para ministros? A intenção esbarra em alas da Corte. Entre as regras, haveria diretrizes claras para participações em eventos privados, por exemplo.

·       Quais processos criminais tendem a dominar a pauta do STF após a ação do golpe? Resolvida a trama golpista, a Corte tem outros casos de grande repercussão sobre os quais precisa se debruçar no ano que vem. Entre eles, o dos mandantes da morte de Marielle Franco, a tentativa de obstrução de Justiça por parte de Eduardo Bolsonaro via atuação nos EUA e diversos processos envolvendo emendas parlamentares.

·       O STM vai impor uma inédita perda de patente aos oficiais condenados? Após a inédita condenação no STF de oficiais das Forças Armadas por tentativa de golpe, caberá a outra Corte, o STM, fazer uma análise carregada de ineditismo: o da perda de patente e posto desses militares. Esse tipo de condenação, o de indignidade para a função, é o maior baque possível para um oficial.

·       Julgamentos de casos sobre emendas vão elevar ainda mais a tensão com o Congresso?

·       Depois da trama golpista, o STF vai conseguir ser menos protagonista ou continuará sob os holofotes? A judicialização virou um marco da política brasileira.

·       Como será a condução de Nunes Marques à frente do TSE durante o ano eleitoral?

·        Clima extremo é o novo normal: o nível de calor recorde se manterá, e o Planeta ainda pode ser impactado por um El Niño.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

Eleições no Senado - 2026.

 

Qual será o/a seu/sua candidato/a para o Senado, em 2026?

As eleições 2026 para o Senado são prioritárias para bolsonaristas/direita, mas também são imprescindíveis para a esquerda. Ambas, buscam escalar nomes mais fortes na disputa.

Por que é estratégico? Porque o foco no Senado tem como mote um freio às decisões do STF, já que a Casa tem a prerrogativa de aprovar impeachment de ministros da Corte. Está em foco uma revisão da “Lei do Impeachment, de 1950”. Até agora, há uma decisão do ministro Gilmar Mendes que, apenas a PGR poderia pedir a saída de ministros do STF. Mas, depois de acordos costurados pelo Senado, o magistrado suspendeu pontos da liminar.

A eleição ao Senado é importante para barrar a extrema-direita, que quer cassar ministro do STF, dar liberdade para os golpistas. Logo, é importante ampliar as cadeiras dentro do espectro popular democrático. Ou seja, quem tiver maioria no Senado em 2026, terá o poder de aprovação de reformas estratégicas, ampliando ou reduzindo a governabilidade jurídica e do próprio Executivo. O mandato no Senado é de 08 anos e, no ano que vem, serão renovadas 2/3 das 81 cadeiras!!! Ou seja, cada estado vai escolher 02 senadores.

Como está a corrida?

·       Em estados-chave, há impasses e entraves;

·       “O Senado deve ser tratado como prioridade, uma vez que sua composição será determinante para a aprovação de reformas estratégicas” (Diretriz do PT);

·       O PT tem acordos na mesa com as siglas do PSOL, PSB, MDB, PSD e PDT;

·       O lançamento de candidaturas próprias vai ser avaliado de acordo com a força dos nomes em cada região, que já vêm sendo testados nas pesquisas;

·       Enquanto isso, o atual presidente do STF, ministro Edson Fachin, criou um mal-estar com parte dos colegas ao anunciar a elaboração de um código de conduta para integrantes do Judiciário (é que teve ministro viajando em jatinho de empresário para assistir partidas de futebol e também com advogado de um banqueiro quebrado). A (extrema)-direita está ávida para demolir a Corte, sobretudo após a resposta que ela deu aos atos antidemocráticos de 8 janeiro de 2023 e a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados grandes na trama golpista. Cabe agora a ele estabilizar o ambiente político que envolve a Corte, dialogando sobre esse e outros temas espinhosos (como Emendas e uma operação da PF autorizada por Dino, da ex-assessora do ex-presidente da Câmara Artur Lira), com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Ciência da Fé.

 Estudos robustos provam que a espiritualidade, seja qual for a religião, faz bem e faz mal para o corpo e para a mente. Entretanto, para experimentar os benefícios ou malefícios não basta pisar amanhã na igreja, mesquita, terreiro ou sinagoga, é preciso realmente abraçar com força aquela fé. E não importa a religião, importa mesmo é ser algo verdadeiro para você ou introjetado em sua vida para funcionar.

Uma coisa que frequentemente perdemos na sociedade atual é a conexão com o divino, salvo quando a coisa aperta muito Rsrsr... A conexão com o sagrado tem benefícios e malefícios que, perdoe-me os ateus, mas ela pode acontecer de diversas formas, não só orando ou indo ao templo. Tem gente que vai para a arte, tem gente que vai para a natureza. Outros escrevem textos e mais textos (risos). São formas de você colocar o belo na sua vida, a conexão com o divino e, em última análise, com Deus. 

Gosto dessa imagem. Ela parece nos dizer que existe bondade na maldade; e maldade na bondade... Ou que o bem se revela no mal; e o mal se manifesta no bem. Enfim, duas faces de uma mesma moeda?

O que a Ciência tem a dizer sobre os impactos da Fé na saúde mental e física das pessoas?

Benefícios:

·       Menor exposição a fatores de risco como álcool e outras drogas entre os mais religiosos (porque a religião ativa os mesmos núcleos cerebrais envolvidos em atividades sexuais, ou quando ouvimos música, jogamos ou quando se usam drogas);

·       Redução do nível de cortisol (hormônio do estresse) e aumento da serotonina (hormônio da felicidade);

·       Maior ativação de áreas cerebrais de processamento de prazer e recompensa;

·       Pode ajudar a estimular mecanismos anti-inflamatórios ou processos cerebrais que controlam ansiedade;

·       Diminui a evolução de quadros de perda cognitiva, inflamação no organismo, risco de suicídio, melhora de frequência cardíaca e diminuição de arritmias;

·       Você se envolve com a comunidade, cria uma rede de apoio, faz caridade, pratica atividades assistenciais e filantrópicas, e tudo isso faz bem para a saúde;

·       Ficam menos deprimidos, ansiosos e menos propensos a se envolver em comportamentos de automutilação;

·       Tem o lado moral e filosófico dos ensinamentos religiosos que também afeta a forma como vemos o mundo e a nós mesmos, o que acaba refletindo na nossa saúde física. Por exemplo, a sabedoria budista pode ajudar a lidar com os desafios sociais e emocionais da vida moderna e proteger a saúde mental (o budismo oferece muito mais do que meditação ou atenção plena, mas uma estrutura ética e espiritual que pode ajudar a combater o individualismo e o estresse);

·       Logo, Psicoterapia e Espiritualidade podem ser boas aliadas na cura de pacientes;

·       A espiritualidade pode servir como uma força de mudança tanto pessoal quanto social, pois lida com compaixão, interconexão e humildade (não importa a religião, mas precisa ser algo verdadeiro para você);

·       Enfim, a Fé pode se aliar ao Tratamento Médico, e reforçá-lo. Pacientes com mais fé em Deus também têm mais fé no tratamento. Eles têm mais probabilidade de achar que o tratamento pode ajudar, e têm mais tendência a ver esta possibilidade como real.  

Malefícios:

Embora a fé possa ser uma fonte de força, sua manifestação pode levar a consequências desastrosas, dependendo de como é vivida, interpretada ou direcionada. Eis algumas:

·       Conflitos entre crenças e identidade pessoal (dissonância cognitiva) ou medo de desobedecer a regras podem gerar ansiedade e estresse;

·       Pensamentos intrusivos sobre temas sagrados e a necessidade de rituais repetitivos para aplacar a culpa ou o medo de ofender a Deus, pode prejudicar a vida diária e até desenvolver um “TOC Religioso”;

·       Crenças rígidas podem levar à resistência contra tratamentos de saúde mental ou à dependência excessiva de preces, ignorando outras formas de ajuda;

·       Crença de que não se pode viver sem Deus ou que favores devem ser trocados por bênçãos, diminuindo a capacidade de agir por si mesmo, gerando dependência e perda de autonomia;

·       A fé pode criar um "nós" contra "eles", gerando desconfiança, preconceito e conflitos com quem tem crenças diferentes. Está montado o palco do tribalismo e do conflito, com impactos políticos de divisão, polarizações e conflitos;

·       Amizades e casamentos podem ser prejudicados se os outros não se conformam às normas religiosas, gerando superficialidade nos relacionamentos;

·       Criação de visões de mundo negativas sobre não crentes ou outras religiões, promovendo intolerância, negacionismos, oposições à própria Ciência de visões distorcidas;

·       Entender mal as escrituras ou a fé pode se tornar um obstáculo, levando a uma fé fraca ou distorcida, promovendo mais ignorância e conhecimentos equivocados;

·       Pode gerar mais culpa, medo, cansaço, problemas financeiros e desestabilização da pessoa frente a seu Deus;

·       E o malefício mais atual: a boa Fé pode ser manipulada pela má política e transformar multidões em rebanhos perigosos. Líderes podem usar a fé para fins políticos ou financeiros, afastando as pessoas da verdadeira espiritualidade e explorando sua vulnerabilidade, como os tantos casos de manipulação e abusos de todos os tipos.

Enfim, estão comprovados pela Ciência os efeitos da crença no cérebro humano que vão de bons a ruins. A religiosidade impacta e, quem não tem uma, talvez esteja livre de tudo isso, mas aí já abre outro vazio para meditação, prática de yoga ou alguma outra conexão que vá além do mundo material. Mas aí já é outro texto para preencher... Rsrs