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Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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segunda-feira, 13 de maio de 2024

Pensamento Crítico (Parte IV).

Frases ambíguas 

A gente não deve fazer nenhum esforço para encontrar lógica onde ela não existe. O campo da lógica não flerta com a literatura, com a imaginação, com o figurado ou a fantasia. “Se chamarmos ‘perna’ a um rabo, quantas pernas tem um cachorro? Cinco? Não. Chamar ‘perna’ a um rabo não transforma o rabo numa perna”.

Podemos ter problemas, perder tempo e, em geral, irritarmo-nos mutuamente, graças a mal-entendidos. Pode-se cometer a falta ou o excesso em uma frase.

Ou seja, pode não haver uma forma clara de compreender uma frase (vagueza), como também haver mais de uma forma clara de compreendê-la (ambiguidade), sem que tenhamos a certeza de qual dos sentidos se tem em mente. Em qualquer dos casos se compromete a afirmação.

Enfim, podemos tolerar alguma vagueza; mas nunca devemos tolerar ambiguidade na argumentação. E nem aceitar conclusões que não são razoáveis, usando frases ambíguas como premissas para persuadir a nossas opiniões ou preconceitos.

Exemplo 1: “Deveria ter um banco neste jardim”. (Uma instituição financeira ou um assento?).

Exemplo 2: “Dizer que ter uma arma em casa é estar à espera de um acidente é como dizer que as pessoas que fazem seguros de vida estão à espera de morrer. Devemos ter o direito de nos proteger”. (O autor deste argumento está jogando com dois modos de compreender o termo “proteção”: proteção em termos de segurança física e proteção financeira).

Uma afirmação tem de ter apenas um valor de verdade e não dois. Diante da vagueza ou da multiplicidade de sentidos, é sempre razoável e habitualmente prudente pedir às pessoas com quem estamos argumentando que sejam suficientemente claras para que possamos concordar sobre o que está em discussão.

Os métodos gerais para tornar claro o que estamos dizendo são os seguintes:

1.     Substituir uma frase ambígua por outra que não seja vaga nem ambígua;

2.     Usar uma definição para tornar precisa uma palavra ou expressão específicas;

3.     Apresentar uma descrição ou explicação para esclarecer o enunciado;

4.     Às vezes, podemos inferir a definição correta a partir do contexto (embora, é sempre bom ser explícito).

Porém, é bom lembrar, uma resposta pode ser intencionalmente evasiva para evitar responder ao que não se deseja responder. Assim como, as definições não são afirmações. Acrescentamo-las a um argumento para podermos nos entender melhor. As definições não são premissas. Também é verdade que discussões argumentativas não são baseadas em definições tendenciosas ou persuasivas. Por exemplo: se uma pessoa definir aborto como o assassínio de crianças antes do nascimento, estará tornando impossível uma discussão racional sobre a questão de saber se o aborto será um assassínio e se um feto será uma pessoa. Ou seja, uma definição persuasiva não é uma definição – é uma afirmação disfarçada de definição.


Definições e “definições persuasivas”.

Para obtermos uma boa definição, as palavras que estamos definindo e as palavras que definem devem ser inter-substituíveis: devemos poder usar as primeiras exatamente quando podemos usar as segundas.

Veja exemplos:

·       O conhecimento é crença justificada verdadeira. Definição filosófica. Repare que esta definição declara que “conhecimento” e “crença justificada verdadeira” são uma e a mesma coisa.

·       Amizade: um navio suficientemente grande para transportar duas pessoas quando o tempo está bom, mas só uma quando estala a tempestade (Ambrose Bierce). Definição persuasiva. No contexto do livro, é uma afirmação irônica.

Enfim, as definições, mesmo as mais consagradas, não são inapeláveis ou definitivas: definições melhores podem ser propostas, e isso ajuda a avançar o conhecimento humano.

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