Quais foram os diferentes impactos da paralisação do ensino presencial?
O anúncio da OMS de que a Covid-19 deixou de ser considerada uma emergência de saúde pública de importância internacional não significa o fim da pandemia na educação. É preciso continuar com esforços de prevenção, tratamento e conscientização!
Muitos dos impactos seguem relevantes e continuarão demandando ações dos sistemas educacionais. Há muito que fazer e há muito a ser conhecido. Novas gerações menos afetadas com o fechamento de escolas já estão próximas dos níveis de aprendizagem verificados pré-pandemia. Porém, a desigualdade, está maior! A diferença entre mais ricos e mais pobres cresceu. Estamos falando de sérias e brutais perdas no desenvolvimento cognitivo, socioemocional e de habilidades motoras e físicas dos alunos, sobretudo daqueles mais pobres.
Pois bem: ainda hoje, mais de 100 milhões de brasileiros não têm acesso a esgoto, e 35 milhões padecem com a falta de água encanada. Em outro recorte, significa que cerca de 30% de famílias abaixo da linha da pobreza vivem sem saneamento básico. Ou um em cada três brasileiros. É um cenário propício para doenças como leptospirose ou diarreia, as que mais matam crianças no Nordeste e no Norte.
Já já vamos volta à educação.
Na Amazônia Legal, que corresponde a mais da metade do território nacional, os números são ainda mais dramáticos. Se a média nacional de coleta de esgoto é 39,7%, perto de mil municípios da região beiram os 14,6%. A fossa rudimentar está cavada em 49,2% dessas cidades. No Amapá e em Rondônia, o quadro é ainda pior: apenas 6% vivem com coleta de esgoto. Agora imagine... A população brasileira sem água e esgoto é de 44%. O percentual de esgoto não tratado, em 2020, equivalia a 5,3 milhões de piscinas olímpicas despejadas na natureza. Imagine a beleza!?
Pesquisas diversas feitas junto ao universo infantil mostram que infecções intestinais (quando não chegam a óbitos) – as tais provocadas pela falta de saneamento básico –, assim como a desnutrição crônica, resultam em maus funcionamento cerebral; terminam assim por comprometer a capacidade de aprendizado.
Adoentadas, por falta de saneamento
básico, as crianças, se não morrem, faltam às aulas, desistem da escola. Porque
estão apáticas, anêmicas. Essa ilógica perversa condena os mais desprotegidos
ao calvário da miséria, afasta boa parte dos jovens da porta de saída da
pobreza – justamente, a educação.
Num contexto em que a importância da escola é relativizada por grupos extremos, a importância dessa instituição, relevante equipamento público, fica mais evidente especialmente para as famílias mais pobres.
Enfim, há muito a fazer ao longo dos
próximos anos para recuperar as perdas provocadas pela pandemia e outros velhos/novos problemas. É preciso se vacinar contra a evasão escolar e imunizar os alunos com a capacidade de pensar sobre a decoreba.
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