Afirmações e Argumentos.
O argumento é uma tentativa de persuadir alguém, usando uma linguagem, de que uma afirmação é verdadeira. Assim, as únicas partes da linguagem que devemos permitir num argumento são as que são verdadeiras ou falsas: as afirmações. Logo, não constitui um argumento ameaças, ordens, perguntas, súplicas, instruções, explicações, conselhos, fábulas, exemplos, marketing, publicidade, linguagem corporal, imprecisões, indeterminações, posições morais, os horóscopos, os termos populares, gostos, frases ambíguas e descrições.
O objetivo de um argumento é persuadir-nos da verdade de uma afirmação – a conclusão. À conclusão chama-se às vezes “o objetivo do argumento” ou a questão em discussão.
É um campo nobre de estudos e dedicação, que prometem bons frutos: aguçar a capacidade argumentativa, alcançar uma melhor compreensão, evitar ser enganado, apresentar bons argumentos às pessoas com quem convive e com quem trabalha e que precisa persuadir, ser capaz de tomar melhores decisões.
Enfim, para saber fazer é
preciso: método, instrumentos argumentativos, objetivos, propósitos.
· “Todos os professores, independentemente das suas áreas, (...) perceberão que o ensino crítico da sua própria disciplina é não só mais atraente para os seus estudantes, como mais próximo do que realmente acontecerá no dia a dia dos futuros profissionais. Eles vão ter de tomar decisões, construir hipóteses, apresentar argumentos – e não aplicar acriticamente as “receitas” dos manuais para fazer testes e exames. Em vez de se convidar o aluno a decorar uma definição que mal compreende, o ensino crítico da disciplina convida-o a perceber por que razão as coisas são como são e a saber aplicar os seus conhecimentos” (p. XVI). Os professores promovem o ensino crítico da sua própria disciplina? Quais os benefícios disso? 1) a matéria fica mais atraente para os estudantes; 2) o conteúdo fica mais próximo do que realmente acontecerá no dia a dia dos futuros profissionais; 3) os alunos terão que tomar decisões, construir hipóteses, apresentar argumentos; 4) os alunos não se limitam a aplicar acriticamente as “receitas” dos manuais para fazer testes e exames ou simplesmente decorar uma definição que mal compreende; 5) o aluno é convidado a perceber por que razão as coisas são como são e a saber aplicar os seus conhecimentos; 6) o estudo do pensamento crítico serve como ajuda inestimável para a redação, tão valorizada nos grandes vestibulares e nos concursos importantes, pois muitas vezes a clareza argumentativa tem igual ou maior valor que o próprio estilo; 7) tendemos a ensinar apenas as coisas certas, mas precisamos ensinar também as coisas erradas com o propósito de evitá-las, isto é, analisar formas erradas de persuasão, formas que queremos evitar A) seja porque usam as emoções de maneira ilegítima, B) ou porque se baseiam no engano. A corrente negacionista usa essa estratégia: parte das coisas certas para emplacar as erradas, usando o conhecimento para sermos maus advogados, maus políticos, maus jornalistas, maus filósofos ou maus argumentadores – do mesmo modo que podemos usar a física para matar inocentes com bombas atômicas, ou a publicidade para convencer as pessoas a comprar produtos inadequados ou a votar em políticos pelas piores razões; 8) Por fim, compreender as bases da argumentação correta e do pensamento límpido nos possibilita aproximar da verdade e da justiça, e compreendermos que só quem é realmente incapaz de argumentar bem pode acreditar que maus argumentos produziriam bons resultados. E tem mais: a argumentação pode ser bem-humorada, por exemplo, podemos usar quadrinhos porque os bons reforçam e relacionam ideias de forma não verbal, e também podem vim carregados de contra argumentação. O estudo do pensamento crítico é uma ótima introdução ao estudo da lógica, e pode servir como uma primeira aproximação à filosofia (ou o afastamento dela). A análise dos argumentos não é somente entre válidos e inválidos, mas também os que não são válidos numa escala que vai de “forte” a “fraco”. Enfim, contribuir pela melhoria da argumentação implica optar pelos argumentos válidos ou fortes, e saber produzir e reconhecer os bons argumentos, o âmago do pensamento crítico. Afinal, só os bons argumentos oferecem conclusões verdadeiras. E a diferença entre a verdade e a falsidade é muitas vezes a diferença entre a clareza e a superstição, entre o preconceito e a justiça social, entre ser enganado e tomar decisões acertadas.
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