A arte da guerra é de vital importância para o Estado?!
(A estratégia militar molda o pensamento político: a guerra e a inteligência militar são elementos cruciais para os negócios do Estado, que exerce sua capacidade militar para punir aqueles que lhe causam dano ou o ameaçam de fora, assim como usa a lei para punir os criminosos locais. O general tem papel central, pois é tanto o conselheiro do governante como o administrador de suas ordens. Disciplina com punições e recompensas).
A arte da guerra é de vital importância para o Estado. É uma questão de vida ou morte, um caminho ou para a segurança ou para a ruína. Assim, ela é um assunto de pesquisa que não deve, de maneira alguma, ser negligenciado (Sun Wu/Tzu, “o Mestre Sol”).
Se conheces os demais e conheces a ti mesmo, nem em cem batalhas correrás perigo (Sun Wu/Tzu, “o Mestre Sol”).
A obra mais influente sobre esse assunto foi “A arte da guerra”, que se acredita ter sido escrita por Sun Wu/Tzu, “o Mestre Sol”, um general no exército do rei de Wu. Ela trata dos aspectos práticos da proteção e da manutenção da prosperidade do Estado. Portanto, um tratado que foca na política internacional, discutindo a administração pública apenas naquilo em que ela se relaciona com a estratégia de planejar e declarar guerras ou com a economia de manter serviços militares e de inteligência.
A descrição detalhada que Sun Tzu faz é a base de um arcabouço para a organização política em geral. Ele dá uma lista dos “princípios de guerra” que devem ser considerados ao se planejar uma campanha. Além das questões práticas, tais como o clima e o campo de batalha, a lista inclui a influência moral do governante, a habilidade e as qualidades do general e a organização e disciplina dos homens.
Assim como o burocrata da sociedade civil, o general atuava tanto como conselheiro do governante quanto como administrador de suas ordens. Tanto que Sun Tzu enfatizava as qualidades do general, descrevendo-o como o “baluarte do Estado”. Seu treinamento e sua experiência moldavam o conselho que dava ao soberano, determinando a política na prática, além de ser vital para a organização do exército. No topo da cadeia de comando, ele controlava a logística e, em especial, o treinamento e a disciplina dos homens.
A arte da guerra recomendava que a disciplina (organização e linha de comando adequadas) fosse rigorosamente cumprida, com duras penas em caso de desobediência, mas ela deveria ser amenizada com o uso constante de recompensas e punições. Sun Tzu acreditava que o propósito do exército era proteger o Estado e garantir o seu bem-estar.
Entretanto, implícita a esses princípios de guerra persiste uma estrutura hierárquica encabeçada por um soberano, aconselhado e dando ordens aos seus generais, os quais lideram e organizam suas tropas (essa descrição de uma hierarquia militar espelhava a estrutura da sociedade chinesa). Ou seja, o general é tanto o conselheiro do governante quanto o administrador de suas ordens.
CHINA (770 a.C.) – “A arte da guerra é de vital importância para o Estado” (Sun Wu/Tzu, “o Mestre Sol”, c.544- c.496 a.C.).
Do moralismo confuncionista (concentração na estrutura da sociedade civil) para o realismo da diplomacia e da guerra (administração pública pautada na estratégia de planejar e declarar guerras, manutenção de serviços militares e de inteligência).
- No final do século VI a.C., a China havia chegado ao fim de uma
era de prosperidade pacífica – o período da Primavera e Outono – na qual
floresceram os filósofos.
- Muitas das ideias estavam focadas na filosofia moral ou ética, e
a filosofia política que se seguiu a isso se concentrou na forma moral correta
sob a qual o Estado deveria organizar seus assuntos internos;
- Isso culminou com a integração por Confúcio das virtudes
tradicionais numa hierarquia
liderada por um soberano e administrada por uma burocracia de eruditos;
- Acontece que o período da Primavera e Outono chegou ao fim, e a
estabilidade política de vários estados da China se fragilizou, e as tensões entre eles aumentaram
conforme a população crescia. Os governantes tinham não só que gerenciar
seus assuntos internos, como também defender-se contra o ataque de reinos
vizinhos;
- Muda o foco, mas permanece a estrutura. Para Sun Tzu, o papel do
soberano irá garantir a liderança moral. O povo devia ser convencido de que sua
causa era justa antes de dar o seu apoio, e o governante deveria liderar pelo
exemplo – sabedoria, integridade,
compaixão e coragem (uma ideia que Sun Tzu compartilha com Confúcio).
- Assim como o burocrata da sociedade civil, o general atuava tanto como conselheiro do governante quanto como administrador de suas ordens.
Enfim, a “Arte da guerra” reza que as táticas militares, a política internacional e a guerra existem para sustentar valores (justiça, adequação, moderação, sabedoria, integridade, compaixão, coragem) e devem ser conduzidas em conformidade com eles. O Estado exerce sua capacidade militar para punir aqueles que lhe causam dano ou o ameaçam de fora, assim como usa a lei para punir os criminosos locais. Quando feito de modo justificável pela moral, o Estado é recompensado com um povo feliz e com a aquisição de território e riqueza. Vejamos...
ARTE DA GUERRA – algumas dicas e ponderações.
(Aos conselhos práticos está um alicerce cultural tradicional baseado em valores morais de justiça, adequação e moderação).
1.
Saber quando lutar. Um bom general deve saber
quando lutar e quando não fazê-lo.
2.
Inteligência militar. A chave para as relações
internacionais estáveis é a inteligência (a qual cabe aos militares).
3.
A resistência de um inimigo pode ser com frequência quebrada sem
um conflito armado.
4.
Em primeiro lugar um general deve tentar frustrar os planos do
inimigo. Falhando nisso, ele deveria se defender contra o ataque. Somente não
tendo sucesso nisso deveria lançar uma ofensiva.
5.
A guerra deve ser a última instância. Para evitar sua necessidade,
recomenda-se a manutenção de uma forte defesa e a formação de alianças com os
Estados vizinhos. Afinal, uma guerra pode ser cara e ruim para ambos os lados
(campanhas longas e táticas podem drenar tantos recursos que seus custos acabam
sendo maiores que os benefícios da vitória, e os sacrifícios em nome do povo
podem virar um fardo para a sua lealdade em relação à retidão moral da causa).
Logo, faz sentido chegar a um acordo pacífico.
6.
Espiões garantem informações vitais sobre as potenciais intenções
e capacidades do inimigo, permitindo aos generais no comando aconselhar o governante
sobre a possibilidade de vitória no conflito.
7. O elemento mais importante a seguir em uma guerra de informação é o
engano (que
pode, inclusive, ludibriar o inimigo para prevenir-se da ocorrência de
guerras).
8.
É uma tolice destruir um inimigo na batalha, já que isso diminuía a
recompensa que poderia ser ganha com a vitória – tanto a boa vontade de
qualquer soldado derrotado quanto as riquezas de qualquer território conquistado.
9.
Medidas defensivas são tão importantes quanto
as forças ofensivas (por exemplo, a
Grande Muralha da China começou a ser erguida no século VII a.C. e tinha a
função de cercar os novos territórios conquistados).
10. Etc.
A “Arte da Guerra” tornou-se um texto influente entre os governantes, generais e ministros de vários Estados na luta por um Império Chinês unificado. Foi, mais tarde, uma importante influência na tática de revolucionários como Mao Tsé-tung e Ho Chi Minh. Tornou-se leitura obrigatória em várias academias militares e aparece bastante na bibliografia de cursos como política, negócios e economia.
LIVROS:
· A arte da guerra (Sun Tzu, general no exército do rei de Wu);
· Guerra de guerrilhas (Mao Tsé-tung).
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