CONTRA:
·
Incomodam os aspectos práticos da obrigatoriedade, como apresentar
o comprovante de que você votou para retirar o passaporte.
·
Ter que ir justificar a abstenção no cartório eleitoral é algo
ridículo.
·
Se o voto fosse facultativo, cada partido, além de nos convencer de
que “ele é melhor que os outros”, teria de nos convencer também de que “vale
a pena votar.” Afinal, hoje, os votos são uma reserva de mercado. Antes
mesmo de escolher, sabemos que teremos de votar. Assim, os candidatos nem
precisam nos convencer a comprar a deles; só precisam nos convencer a comprar a
mercadoria deles e não a outra.
A
FAVOR:
·
Numa democracia, em que o poder é do povo, cada cidadão tem o dever de participar da construção da coisa pública.
·
Voto não é artigo de consumo, que você compra ou não. O voto
constitui a sociedade política.
·
É perigoso não ser, principalmente quando consultamos a História. Na
Ditatura Militar, durante quase todo o período entre 1964 e 1984, as eleições
diretas foram suspensas e não se votava para presidente, governadores e
prefeitos de capitais e certas cidades consideradas de segurança nacional
(fronteiras, portos, estâncias balneárias etc.). Porém, entre as “eleições permitidas”,
votar era obrigatório...
·
Se o cidadão não tem consciência de que “vale a pena votar” (porque
é manipulado pela mídia, por uma força fascista ou um interesse outro), a
obrigatoriedade já salva pelo menos o ato. Claro que ele não votará com
consciência, mas pelo menos votará. O ato já salva a metade do cidadão. A outra
metade, que é a importância de votar consciente, precisa ser moldada pela
educação, pela militância e pela vida social ativa – o compromisso com a coisa
política.
·
Se for facultativo, principalmente dentro da cultura brasileira,
perderá o sentido mais ainda. Partidos só preocuparão em conquistar a vaga (que
já está lá). Mais do que nunca, convencer o povo de que votar é importante não
será preocupação nenhuma. Os partidos precisam militar em favor da política, e
não somente pela política deles.
·
Diante da obrigatoriedade, temos todos o compromisso de explicar
porque é obrigatório. Até os próprios partidos têm de mostrar que a política
significa alguma coisa. Hoje, que faz esse tipo de campanha é a Justiça
Eleitoral, quando deveriam ser os partidos, os candidatos. Hoje, quem explica
ou elogia a Democracia é o TSE e não os partidos...
·
A obrigatoriedade serve para lembrar ao cidadão que ele precisa se
reconhecer num Estado que é construção dele. Assim, o voto facultativo causaria
um fosso ainda maior entre duas coisas que são inseparáveis, ou na verdade uma
coisa só: o indivíduo e o Estado.
· A sociedade brasileira tem uma noção bastante limitada de responsabilidade. É culturalmente construído o hábito do “jeitinho”. Se você disser DEVE, ainda vai enfrentar o tal jeitinho de não cumprir, imagine só se você permitir um “PODE OU NÃO PODE”?
· O ato de votar é uma “obrigação natural” na vida política. Pode pecar por ser redundante (a obrigatoriedade legal só lembra que ele já é obrigatório por Natureza), mas não peca por parecer impositivo. A participação política é gratuita e espontânea, não podemos atribuir a ela um custo ou ônus.
Enfim, POLÍTICA para não ser idiota!
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