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“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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sábado, 1 de julho de 2023

O fenômeno social do ‘bolsonarismo’.

 Esse fenômeno social acredita que as diferenças não fortalecem o convívio social, mas antes o corrompe, gerando a desordem.

Como definir o bolsonarismo pós-Bolsonaro? Que outro nome será adotado agora que Bolsonaro está impedido de concorrer? Direita “civilizada”? E o vasto capital eleitoral bolsonarista? Quem vai herdar? O que será do bolsonarismo sem Bolsonaro?

As muitas perguntas não sugerem qualquer vestígio de preocupação com esse lado selvagem da sociedade. Apenas são realistas a algo que continuará entre nós. O bolsonarismo se tornou um campo político sem órbita. Carente de um novo nome, um novo candidato para 2026, sua morte não está decretada.

Se o ‘bolsonarismo’ dependesse apenas de Bolsonaro, já estaria morto. Embora a pessoa escolhida para liderá-lo tenha levado uma facada democrática, sobreviverá porque é mais do que um conceito linguístico ou expressão eleitoral. Ele é um vigoroso movimento da sociedade que foi formado antes de Bolsonaro e persistirá após ele. É um fenômeno social, e não meramente eleitoral.

Que fenômeno social foi/é esse?

A junção das mobilizações anti-PT, o conservadorismo religioso, a hipocrisia do movimento anticorrupção, o formato editorial de setores conservadores da imprensa brasileira, a cultura juvenil da zoeira e o politicamente incorreto turbinado nas mídias sociais. Tudo isso e mais um pouco montou um fenômeno social, e não meramente eleitoral, uma categoria da ciência política que descreve movimentos com discursos antielites propondo conexão direta com o líder carismático e rejeitando instituições de representação como os partidos. Vamos destrinchar...

As violentas mobilizações anti-Dilma de 2015 e 2016, sem nenhum pudor aos palavrões e aos ataques à presidenta, aglutinava e fazia nascer a candidatura de Bolsonaro em 2018. Isto é, o bolsonarismo foi gestado bem antes e assumiu materialidade depois na chapa do verme. Seu combustível foi a mobilização das igrejas católica e evangélicas em 2014 e 2015 contra o uso do termo “gênero” nos planos de educação (nacional, depois estaduais e municipais) e para toda a campanha contra a “ideologia de gênero” que se estruturou desde então, cujas principais lideranças apoiaram Bolsonaro em 2018. Ou seja, o selvagem e o fanático se fundiram e germinaram a fera.

Podemos olhar também para a formação do movimento anticorrupção, que depois se confunde com o movimento anti-Dilma/anti-PT, e para a onda social de apoio à Operação Lava-jato que começa em 2014. Por fim, olhar para a grande mudança editorial de setores da imprensa brasileira, que abraçaram e deram destaque a ideias conservadoras nos anos 2010, ou para a cultura juvenil da zoeira e do politicamente incorreto, que ganhou projeção nas mídias sociais no mesmo período.

Isso quer dizer que a candidatura de Jair Messias Bolsonaro em 2018 é onde deságuam esses e outros movimentos da sociedade brasileira, em seu nível mais natural, bárbaro, brutal e grotesco. Bolsonaro não os criou nem os liderou, apenas os articulou numa candidatura eleitoral. Agora que estão bem amarrados todos esses movimentos sociais conservadores da sociedade, que outro nome daremos a ele? “Populismo”? Continua o “Bolsonarismo”? Uma categoria “nativa”? “Patriota”? “Conservadorismo”? Seja qual for a expressão, ela não será coerente se denotar algo positivo, elogioso ao patriotismo, civismo, progressismo ou nacionalismo real. Um equívoco, pois, embora os bolsonaristas acreditem estar defendendo o Brasil, certamente não são nacionalistas e não defendem a cultura, os empregos ou a economia nacional coisa alguma!

Enfim, estamos lidando com um movimento de natureza muito complexa, que teve como expressão eleitoral a candidatura de Bolsonaro em 2018 e 2022 e que deverá ter outro candidato em 2026. Que seja a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL Mulher), ou o governador Tarcísio de Freitas (SP, Republicanos), ou o Romeu Zema (MG, Novo), ou até mesmo um dos filhos do ex-presidente. Alguém virá porque as matizes políticas continuarão, alimentadas por fenômenos sociais que, tais como os opostos, ora se repelem, ora se atraem. Direita e Esquerda, duas faces de uma mesma moeda, com centro e extremos. Assim, nosso maior desafio será controlar e superar esse "inominável" que existe em cada um de nós. Democracia, sempre vigilante!

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