Apesar de acenos, vô Lula não vence resistência dessas bancadas. Embora o Governo tenha tentado abrir diálogos com parlamentares e líderes desses grupos – evangélicos, ruralistas e policiais (segmentos do eleitorado que apoiaram majoritariamente o verme do ex-presidente, e que aprenderam a ampliar participação no Congresso para atuar como bloco de oposição a agendas ‘progressistas’ ou ‘de esquerda’), de olho em azeitar a articulação política no Congresso, elas têm se unido contra o Palácio do Planalto na derrubada de trechos de decreto sobre o marco legal do saneamento (a primeira grande derrota de Lula na Câmara). As votações mostram que sentimento de oposição prevalece meio a tropeços e resistências mútuas (foram 295 votos ou 68% do quórum).
Essas bancadas temáticas têm sido alimentadas e ampliadas nos últimos anos. A presença evangélica dobrou de tamanho na Câmara entre o segundo mandato de Lula, quando havia 36 deputados, e o primeiro mandato de Dilma, com 70. Já a bancada ruralista atingiu seu ápice entre 2011 e 2014, com 152 deputados. A da bala cresceu em 2018, quando triplicou de 22 para 61 deputados na onda bolsonarista! O nível elevado de resistência dessas bancadas reduz a margem de manobra para a aprovação de projeto do governo na Câmara (a contrariedade desses segmentos com o governo ficou nítida em mais de 90% de votos para derrubada de trechos do decreto do marco legal do saneamento).
Uma das estratégias de Lula foi valorizar e atrair profissionais de segurança pública, articulando a edição de uma medida provisória para conceder reajuste salarial de 18% às forças policiais do DF (um percentual que é o dobro do garantido a servidores federais). Porém, o relançamento crítico do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania), com um discurso crítico à violência policial. Tem potencial de estímulos e atritos, pois o Ministério da Justiça pretende priorizar repasse do Fundo Nacional de Segurança Pública para estados que implementarem câmeras em fardas de policiais. A adoção de equipamentos gera contrariedades (como vem ocorrendo em SP).
Enfim, essas bancadas cresceram muito na
última década, surfando no bolsonarismo, e precisam ser acompanhadas com todo
cuidado, embate e atenção. Afinal, o verme vem marcando presença frequente em
eventos típicos do seu governo, alimentando vínculos com igrejas, ruralistas e
militares.
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