Os
professores e os alunos são, em conjunto, prisioneiros dos problemas e constrangimentos
que decorrem do défice de sentido das situações escolares. A construção de uma
outra relação com o saber, por parte dos alunos, e de uma outra forma de viver
a profissão, por parte dos professores, têm de ser feitas a par. A escola
erigiu historicamente, como requisito prévio da aprendizagem, a transformação
das crianças e dos jovens em alunos. Construir a escola do futuro supõe, pois,
a adoção do procedimento inverso: transformar os alunos em pessoas. Só nestas
condições a escola poderá assumir-se, para todos, como um lugar de
hospitalidade.
01. Segundo
Rui Canário, o problema da escola pode ser sintetizado em três facetas. Quais
são elas?
1ª - a
escola, na configuração histórica que conhecemos (baseada num saber cumulativo
e revelado) é obsoleta, padece de um défice
de sentido para os que nela trabalham (professores e alunos);
2ª – a escola
é marcada, ainda, por um défice de legitimidade
social, na medida em que faz o contrário do que diz (reproduz e acentua desigualdades,
fabrica exclusão relativa);
3ª - Não é
possível adivinhar nem prever o futuro da escola, mas é possível
problematizá-lo. É nesta perspectiva que pode ser fecundo e pertinente imaginar uma “outra” escola, a partir de
uma crítica ao que existe.
02. A
construção da escola do futuro poderá ser pensada a partir de três finalidades
fundamentais. Quais são elas?
1ª – Aprender pelo trabalho e não para o
trabalho: evoluir da repetição de informação para a
produção de saber.
2ª – A escola como ambiente que desenvolve e
estimula o gosto pelo ato intelectual de aprender: “ler” e intervir no mundo e não dos benefícios materiais
ou simbólicos que promete no futuro.
3ª - A escola como um sítio em que se ganha
gosto pela política: espaço onde se vive a democracia.
03. A
transformação da escola atual implica agir em três planos distintos. Quais são
eles?
1º – Pensar a escola a partir do não escolar:
A maior parte das aprendizagens
significativas realizam-se fora da escola, de modo informal, e será fecundo que
a escola possa ser contaminada por essas práticas educativas.
2º – Desalienar o trabalho escolar: exercer o trabalho escolar como uma “expressão de si”,
quer dizer, como uma obra, o que permitirá passar do enfado ao prazer.
3° -Pensar a escola a partir de um projeto de
sociedade: queremos que sejam a vida e o devir coletivos.
Não será possível uma escola que promova a realização da pessoa humana, livre de
tiranias e de exploração, numa sociedade baseada em valores e pressupostos que sejam
o seu oposto.
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