Já estão à venda os pacotes para
cruzeiros turísticos no Polo Norte sem gelo. Cerca de 20 mil brasileiros
reservaram vagas para os navios que singram por águas livres de icebergs no fim
de setembro. A atração ártica é uma das poucas vantagens trazidas pelas mudanças
climáticas. Chuvas, secas e ondas de calor fora do padrão geram perdas
econômicas e vítimas fatais pelo mundo. Como o Brasil sobreviverá a isso?
Nenhum país está preparado, e nós também não. Mas o Brasil
aproveitou os últimos 16 anos para se inspirar nos melhores exemplos de outras
nações e converteu nosso patrimônio natural em garantia de desenvolvimento e
conforto para a população. Nosso primeiro passo foi continuar a redução inédita
na taxa de desmatamento da Amazônia, iniciada na primeira década do século.
Hoje, a floresta em pé oferece produtos valiosos, de madeira sustentável a
cosméticos de grife.
Além da Amazônia, o Brasil também se voltou para seus
problemas ambientais urbanos. Há 16 anos, o Brasil produzia 63 milhões de
toneladas de resíduos. Só 1% a 3% eram reciclados. O resto ia para aterros ou
lixões. Isso mudou quando o país fez como a Suécia. As
concessionárias de lixo construíram usinas para a queima controlada de
resíduos. Separam os 30% que podem ser reciclados. O resto é queimado. Isso
gera eletricidade suficiente para suprir de 10% a 15% das necessidades das
cidades. Sobram apenas 4% de lixo para os aterros.
Os desabamentos mortais, como o
ocorrido
em 2011 na região serrana do Rio de Janeiro, também viraram coisa do passado. A solução mirou o
Japão, com 80% da área formada por montanhas com florestas. O Brasil começou a remover a
população das áreas de risco e de proteção – com indenizações e realocações
decentes. Foram realizados reflorestamentos, e empresas fazem corte seletivo da
madeira, com cuidado e lucro.
Há 16 anos, São Paulo chegou às
portas do racionamento de água pelo baixo nível dos reservatórios, enquanto o
Nordeste enfrentava seu terceiro ano consecutivo de seca. Para resolver o
problema, o país se inspirou na França, que desde a década de 1960 limpava seus
rios e assegurava o abastecimento da população. A legislação brasileira já era
inspirada no modelo francês. O grande avanço começou com a universalização do
saneamento básico. Quando o esgoto foi tratado, a despoluição de rios como
Tietê e Pinheiros, em São Paulo, finalmente deu certo. Ao cobrar mais caro pela
água, o país conseguiu conscientizar a população e financiar sistemas
inteligentes de economia nos condomínios. Hoje, temos água de
sobra.
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