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Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Chamar pelo nome.

 O poder da linguagem...

O constrangimento a que meninas e mulheres são submetidas silenciosamente no transporte público tem nome – importunação sexual. As cantadas indesejáveis nos ambientes acadêmcios e corporativos têm identidade – assédio sexual. Os que sequestram infâncias e adolescência com abusos cometidos em igrejas, escolas, famílias e vizinhanças têm identificação – estupradores. Os que não perdem a chance de chamar de macacos pessoas negras de todas as idades, dolosamente desumanizando-as – são os racistas.

Ainda existem outros crimes mais velados. Pessoas que não se veem representadas pelos gêneros feminino e masculino (agênero) – são os não binários intersexo, propõem a "linguagem neutra" - uma variação da norma gramatical. Ela consiste no uso da letra "e" ou "o", e dos pronomes "elu", "delu", "ile" e "dile". Em vez de ela e ele, “elu”; de amiga e amigo, “amigue”; de todas e todos, “todes”. Nessa mesma linha de revelar identidades, um dado que revela conquistas: o TSE informou que, no pleito deste ano de 2022, 37.646 brasileiros e brasileiras se habilitarão a vota com nome social. No público dos candidatos, 34 dos 28 mil exibirão nas urnas identificação diferente dos registros de nascimento. Desde 2018, pessoas transgênero, travestis e transexuais podem incluir o nome social no título de eleitor. Tudo isso revela a dimensão política de expressões usadas para identificar indivíduos!

De fato, o nome (ou a ausência dele), tem o poder de revelar ou ocultar a realidade. Por exemplo, substituir a palavra lepra por hanseníase ajudou a reduzir o estigma da doença. Trocar superlotação por superencarceramento guarda a intenção de, em vez de construir novas unidades para receber mais detentos, faz é reduzir a aplicação de penas de privação da liberdade ou oferecer sanções alternativas. É o poder das palavras! A terminologia pode legitimar discursos e procedimentos médico-sanitários, como também jurídico-penais.

E que nome dá ao comportamento do presidente Bolsonaro quando, para evitar o impeachment, o governo cedeu à pressão do Centrão e ampliou enormemente os recursos controlados pelo Congresso por meio do Orçamento Secreto? Como apelidar uma atitude dessa natureza que reduziu as verbas discricionárias e ainda as liberou para uso livre dos ministérios, degradando ainda mais a qualidade das políticas públicas? Não bastasse, como nomear o que ele fez neste ano, por meio da PEC que não é Kamikaze, mas sim Eleitoral, que estourou o teto de gastos e criou benefícios novos em ano de eleições, o que desrespeita a lei? Vamos chamar pelo nome – “Tchutchuca do Centrão”. 

Também tem um nome a indiferença a quase 700 mil mortes por Covid-19, quando boa parte desses brasileiros e brasileiras estaria viva se não houvesse sabotagem oficial ao isolamento, às máscaras, às vacinas. Que nome dar a um líder máximo de um país em que um litro de leite custa mais do que um de gasolina? A quem ignora 33 milhões de famintos, minimiza recorde de desmatamento na Amazônia, negar território aos povos tradicionais e ainda autoriza (tácita ou explicitamente) crimes de ódio, violência política, ataques à democracia e aos sistema eleitoral? É esse mesmo – genocida!

Enfim, esse é um bom debate – o do uso da “linguagem neutra” para incluir pessoas e grupos. Chamar pelo nome realmente importa, porque empodera, coíbe violações, promove respeito. Ainda que alguns não tenham sido incorporados formalmente pela norma padrão da língua portuguesa, o “gênero nêutro” sinaliza, nas relações pessoais, sociais, institucionais, o respeito à identidade e o enfrentamento a crimes e à exclusão. Portanto, chame pelo nome!   

Enfim, são todos termos ora enquadrados como crimes para coibir violações de direitos, ainda persistentes numa vida que não deve ser mais anônima.

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