Caro ou Barato para quem?
Para o brasileiro que vai encher o tanque, gasolina acima de R$ 3,00
está pesada. Para o equilíbrio das contas da Petrobras está barata. A empresa
que precisa importar para suprir as necessidades do mercado mais uma vez está
pagando lá fora gasolina num preço superior ao que vende aqui dentro. É a
chamada defasagem do preço da gasolina – quando a conta fica negativa, ganha o
consumidor e perde a Petrobras. Quando fica positiva, a Petrobras que ganha e o
consumidor perde.
Repare no gráfico que em setembro de 2014 a gasolina estava no Brasil
-19% mais barata do que a Petrobras pagou em dólar no exterior (ruim para a
Petrobras). Aí veio a queda do preço no Barril de petróleo (-45%), que inverteu
a situação – no final de janeiro deste ano a gasolina ficou 62% mais cara do
que lá fora (bom para a Petrobras). Só que veio uma recuperação do barril
(+13%) e a alta do dólar (R$ 3,01) que mudou de novo essa relação – a gasolina
vendida nos postos brasileiros está -4,4% mais barata do que a empresa importa (prejuízo
para a Petrobras). Essa alta na cotação do dólar fez a gasolina vendida aqui no
Brasil ficar mais barata do que no mercado internacional – o que não é bom para
o caixa da Petrobras (saída, redução e consumo do caixa da Companhia, vale
lembrar, para um período de crise que ela já vem passando).
O capital financeiro privado não quer uma Petrobras autônoma. Já pensou se a Petrobras seguisse a lógica do mercado? Ela seria
obrigada a fazer outro novo reajuste no preço da gasolina:
A) 49% das suas ações estão privatizados;
A) 49% das suas ações estão privatizados;
B) O Brasil não é autossuficiente em petróleo e
combustível – porque nós produzimos menos do que consumimos. Portanto, a
Petrobras tem que importar. Ela não é autossuficiente para abastecer o mercado
brasileiro, e importa gasolina mais cara do que vende aqui para nós – e tem que
cobrir os prejuízos. Logo, está sujeita a leis do mercado (por 04 anos, de 2011
a 2014, comprando gasolina lá fora por um determinado preço e vendendo aqui
mais barata, o prejuízo com isso foi de R$ 60 bilhões – prejuízo para a empresa
e lucro para nós consumidores brasileiros). Repare isso no próximo gráfico (uma
balança comercial de janeiro e fevereiro deste ano) que a Petrobras também
exporta petróleo e tem uma receita em dólares (vendemos US$ 2,6 bilhões), mas
tem uma despesa muito superior (compramos US$ 5,1 bilhões de óleo, gasolina e diesel),
ou seja, um déficit bastante elevado. O prejuízo fica ainda maior porque a
Petrobras tem que ter os reais equivalentes para comprar os dólares para pagar
lá fora – o dólar 3x mais caro que o real. Azar da Petrobras porque ela tem um
significativo pedaço da dívida dela em dólar, que está disparando, e ela
arrecada em reais e fica em uma situação ainda pior;
C) O que pouca gente não vê nem entende é que a
Petrobras é muitas vezes sacrificada para o nosso bem, pois pagaríamos valores
muito mais altos se ela ficasse totalmente submissa à tabela de preços ditada
pelo capital financeiro internacional – por isso ela tem que ser Estatal,
Brasileira, Pública, Nossa!
D) Em setembro do ano passado a Petrobras veio
tomando fôlego novamente – o preço do barril de petróleo voltou a cair lá fora
e o preço da gasolina em reais teve um reajuste. De lá para cá ela veio
recuperando timidamente o caixa. Ou seja, a dívida e o prejuízo da Companhia e
o seu próprio sacrífico é por nós. O Governo intervém para isso e a mídia e o
mercado acha isso um absurdo.
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