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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

sábado, 19 de março de 2016

Poluição Eletromagnética... Vivemos em um micro-ondas gigante?!

As ondas elétricas e as radiações eletromagnéticas (REM) estão espalhadas na atmosfera e elas não são inofensivas (são impactantes as presenças dos campos e das radiações porque o corpo humano não foi preparado para lidar com elas e suas interferências). É um tipo de energia que ocupa o espaço, emitida por equipamentos elétricos e eletrônicos (ondas invisíveis do Wi-fi ou qualquer outro tipo de comunicação sem fio, bluetooth, das linhas de alta tensão, dos telefones celulares, e até dos aparelhos eletrodomésticos e das antenas). Essa energia atravessa qualquer tipo de matéria viva ou inorgânica e produz uma poluição imperceptível, capaz de influenciar o comportamento celular do organismo humano. E é difícil se privar delas hoje em dia, principalmente no cotidiano das grandes cidades. Essas radiações ou “poluição invisível” podem provocar distúrbios como insônia, estresse e tontura, além de doenças como catarata, glaucoma e mal de Parkinson. Há também o enfraquecimento do sistema imunológico. A radiação eletromagnética é “potencialmente cancerígena”. Ela interage com o DNA humano, podendo provocar, entre outros males, a leucemia. Enfim, nos ambientes onde estão ligados muitos aparelhos elétricos ou eletroeletrônicos, como escritórios, centros de processamento de dados e outros, as pessoas sofrem emanações negativas, até as regiões próximas a torres de transmissão de energia e de telefonia são carregadas de energia negativa, em razão das radiações eletromagnéticas, com efeitos nocivos, que podem se alastrar por grandes áreas, dizem os estudos científicos já feitos sobre a questão.

Essas ondas de radiofrequência, de comprimento muito baixo ou micro-ondas, foram criadas para transmitir dados ou voz. Trata-se da mesma tecnologia dos fornos de micro-ondas, usados para aquecer alimentos por atrito das moléculas de água. Na sociedade contemporânea, o magnetismo está por toda parte: no avião, num teatro lotado, enquanto você dorme com a televisão ligada na tomada ou quando é acionado o despertador do celular. Os impulsos da energia eletromagnética provenientes de aparelhos eletrônicos e tecnológicos têm impulso fixo, o que se torna um fator irritante para o corpo. Já os impulsos naturais da energia corporal são de variação inconstante, pulsando de forma biológica e saudável. Portanto, a vida artificial é um campo de interferência à nossa saúde, que causa desequilíbrios e, consequentemente, é responsável por diversas doenças (sim, a poluição eletromagnética é uma realidade). Assim, leve uma vida mais ao natural, buscando formas de se proteger, garantindo a integridade de sua saúde.
E quais são as consequências da poluição eletromagnética? A radiação é vilã ou mocinha?

1.      O enfraquecimento do sistema imunológico: o campo elétrico dessas tecnologias interfere na bioeletricidade natural do corpo humano. Os sintomas variam de dores de cabeça e irritabilidade a diversos tipos de câncer, principalmente em pessoas que apresentam eletrossensibilidade. Todavia, esse tipo de poluição afeta a todos por ser de natureza cumulativa;
2.      Tese de doutorado em Belo Horizonte evidencia mortes por câncer ao redor de antenas de telefonia celular na capital mineira. Foram estudados 5 mil casos de morte por câncer e constatou que mais de 80% das vítimas moravam a uma distância de até 500 metros das antenas. Mera coincidência? Constatou-se que os padrões adotados pelo Brasil são inadequados, porque eles foram redigidos com o olhar da tecnologia, da eficiência e da redução de custos, e não com base em estudos epidemiológicos.
3.      Em 2011, a OMS divulgou um documento no qual classifica a radiação eletromagnética como “potencialmente cancerígena” e recomenda a redução das emissões “tanto quanto possível”.
4.      Os valores-limite recomendados ou tidos como seguros pelo Icnirp (Comissão Internacional de Proteção Contra Radiações Não Ionizantes) e usados pela OMS estabelece em 0,1 µT (MicroTesla – unidade usada para medir campos magnéticos) como limite de exposição no período de 24 horas. Mas, o Painel Científico de Seletum (2011), organizado em Oslo, na Noruega, desconfia desses parâmetros de segurança. Dessa forma, o recomendado passa a ser 1 mil a 10 mil vezes menor do que o atual. De acordo com os cientistas, os números da Icnirp forma definidos pelo olhar da tecnologia e redução de custos, sem ter como base estudos do impacto na saúde humana e no ambiente.
5.       Tem processo no STF de moradores do Alto de Pinheiros (SP) contra a Eletropaulo, levantada a tese de que a exposição à radiação eletromagnética interage com o DNA humano, podendo provocar, entre outros males, a leucemia. Nas outras instâncias, as deliberações foram embasadas no princípio da precaução, que se caracteriza pela incerteza científica sobre o dano ambiental;
6.      O magnetismo está por toda parte: no avião, num teatro lotado, enquanto você dorme com a televisão ligada na tomada ou quando é acionado o despertador do celular.
7.      Os impulsos da energia eletromagnética provenientes de aparelhos eletrônicos e tecnológicos têm impulso fixo, o que se torna um fator irritante para o corpo. Já os impulsos naturais da energia corporal são de variação inconstante, pulsando de forma biológica e saudável. Portanto, a vida artificial é um campo de interferência à nossa saúde, que causa desequilíbrios e, consequentemente, é responsável por diversas doenças. Assim, leve uma vida mais ao natural.
Estamos lidando com um novo tipo de poluição, invisível e muito perigosa. A exposição de curto até longo prazo exige do Governo e da indústria programas de pesquisa e monitoramento pela ciência para desenvolver mais evidências sobre o tema. A vida moderna evoluiu a tal ponto que não há um caminho de volta para abdicar dos recursos de comunicação que conquistamos. Resta então o bom senso e a moderação. Existem formas de minimizar seus impactos na saúde:

1.      Ter uma boa nutrição, capaz de fornecer as vitaminas e os minerais necessários para manter o corpo equilibrado;
2.      Reduzir o máximo possível o consumo de alimentos industrializados e com agrotóxicos;
3.      Simples mudanças na disposição dos móveis no ambiente;
4.      Recorrer ao sal grosso: empilhar três copinhos pequenos (de café) de plástico, cada qual com uma colher de café rasa de sal grosso; deixar os copinhos nas áreas de maior radiação; substituir os copinhos regularmente;
5.      Evitar usar por tempo prolongado o telefone celular. Sempre que possível, use-o com fones de ouvido;
6.      Procure levar o celular longe do corpo e, principalmente, o mais distante possível da cabeça;
7.      Menores de 14 anos e pessoas que usam marca-passo ou aparelhos de audição devem utilizá-los com moderação;
8.      Ao operar o forno de micro-ondas, não fiquem em suas proximidades, pois pode haver fuga de radiação acima do limite estabelecido pelos fabricantes. A radiação emanada do forno de micro-ondas atinge principalmente o fígado;
9.      Nos monitores de computador, dê preferência para os que têm o selo EPA (Low Emission) e procure manter-se sempre a distância de, pelo menos, 90 cm da tela. Para TV, a distância é proporcional ao tamanho do tubo;
10.  Não permaneça ou trabalhe próximo da parte de trás de monitores e TVs. A radiação eletromagnética nesse local é mais elevada do que na parte frontal.
11.  Não trabalhe, tampouco more a uma distância inferior a 150 m das linhas de transmissão de alta tensão ou de subestações da rede elétrica. Estudos comprovam que as radiações emanadas pelos campos eletromagnéticos de baixa frequência (ELF) desses locais são indutoras de câncer e de leucemia (principalmente para crianças);

12.  Use com moderação secadores de cabelo, escovas de dente e barbeadores elétricos. 

  A radiação solar é o verdadeiro pivô da vida na Terra: ela é responsável pelo crescimento das plantas, pela dinâmica que governa os movimentos da atmosfera, além das próprias características climáticas do planeta. Atualmente, também se considera a radiação solar como uma das alternativas energéticas mais promissoras entre as ditas “energias limpas”. Leituras dessa energia são usados em diversos setores de atividades humanas, entretanto, é preciso planejamento diário de risco à exposição solar, para reduzir os riscos de problemas de pele e de visão. Medir e analisar essa quantidade de radiação que chega à superfície da Terra tanto pode aumentar a quantidade de sacas numa colheita como também pode subsidiar estudos determinantes sobre energia limpa, ou seja, tais informações também influenciam o custo do nosso pão de cada dia, assim como o material a ser utilizado em uma construção civil. Além disso, a informação da quantidade de radiação que chega ao solo fornece suporte científico ao estudo dessa energia renovável.
  Crítica: A escolha de um material a ser utilizado na construção civil, por exemplo, deve considerar as características meteorológicas próprias do local. Uma medida que parece não ser tomada em Bom Jesus da Lapa. Esses fatores agem diretamente na eficiência e no conforto das construções, nas quais o conhecimento da incidência de radiação solar permite determinar melhor as propriedades termofísicas de cada material a ser utilizado. Janelas, asfaltos, além de diversos outros materiais, podem ser mais bem determinados quando se tem conhecimento sobre a radiação que chega ao local. Assim, é necessário que as medidas de radiação sejam feitas no local de interesse, diretamente por um sensor adequado, para que se tenha uma informação precisa e adequada ao melhor planejamento. 

sexta-feira, 18 de março de 2016

Atendimento à Dengue... A volta das epidemias.

“Este é um fenômeno da globalização. Nenhum país está isento”.
  Em 2013 foi um susto: a dengue deixou mais de 1,4 milhão de doentes no país. Em 2014 o número de casos caiu para menos da metade. Mas, apenas no primeiro semestre de 2015 o MS registrou 1,1 milhão de novos casos. Não bastasse a dengue, temos o surto do Zika e do Chikungunya.
  No mundo como um todo, as doenças infecciosas, que podem ser prevenidas e são tratáveis, como essas, matam cada vez menos. No entanto, pobreza, más condições sanitárias e mesmo desinformação contribuem para colocar em risco ainda a vida de milhões de pessoas.
  Os primeiros relatos da dengue no Brasil são do século XIX. Nos anos de 1940, acreditou-se que ela estivesse erradicada. Acredita-se que o A. aegypti tenha chegado ao Brasil nas caravelas dos colonizadores.
  Dengue: se não for tratada adequadamente, a doença leva à morte em 20% dos casos.
  A Microcefalia é um sinal de que o cérebro não está crescendo. Como o cérebro não cresce, o crânio fecha. Consolidam-se os ossos, porque quem faz o osso crescer é justamente a força interna do cérebro.
  O avanço da dengue em 2015 mostra que as doenças transmissíveis, que podem ser prevenidas e tratadas, ainda representam grande ameaça à saúde no Brasil.
  Ações previstas:
- vigilância, campanhas, controle do mosquito, cuidados médicos e pesquisa, engajamento das comunidades, assistência às pessoas afetadas, pesquisa e desenvolvimento de vacinas, diagnóstico e monitoramento, controle do Aedes aegypti.
- criação de uma infraestrutura global de combate a doenças infecciosas.
  Relação entre Zika e Microcefalia, e outras complicações neurológicas e más-formações congênitas. A Zika antes era considerada uma doença branda, hoje é dramaticamente diferente.
  DEET: composto químico à base de dietiltoluamida.
  A alta capacidade que qualquer vírus tem de se modificar geneticamente, adaptando-se às condições do ambiente e criando uma nova variedade, uma cepa. Uma segunda contaminação pela dengue já pode provocar febre hemorrágica.
  A OMS classifica como epidemia um surto de doença em regiões que registram acima de 300 casos a cada grupo de 100 mil habitantes. No Brasil, essa taxa total no final de junho de 2015 era quase o dobre: 555 casos a cada 100 mil habitantes.
  Desenvolver vacinas contra vírus é sempre tarefa difícil, devido à facilidade com que esses microrganismos se modificam geneticamente.
  Temos duas frentes de pesquisas avançadas:
1.      Do Instituto Butantan (SP) com o laboratório francês Sanofi: vacina.
2.      Genética: pesquisadores da USP com a empresa britânica de biotecnologia Oxitec: mosquitos machos geneticamente modificados. Do acasalamento com ele nasce uma prole que morre antes de chegar à idade reprodutiva.
  A “Febre Chikungunya” é também uma doença infecciosa, com sintomas semelhantes aos da dengue, associados a fortes dores nas articulações. Daí vem o nome: a palavra chikungunya tem origem numa língua falada no sudeste da Tanzânia e norte de Moçambique, e significa “aquele que se dobra” de dor. O vírus do chikungunya (CHIKV) foi isolado pela primeira vez nos anos 1950, na Tanzânia. Hoje se conhecem quatro cepas, cada uma delas batizada conforme sua região de origem ou maior ocorrência: Sudeste Africano, Oeste Africano, Centro-Africano ou Asiático.
  O ZICAV foi detectado pela primeira vez em 1947, em macacos na Floresta Zika, em Uganda, África.
  A OMS estima que 50 milhões de pessoas sejam infectadas a cada ano pela dengue e que cerca de 2,5 bilhões delas vivam em regiões onde a doença é endêmica. Nas últimas três décadas, a taxa de incidência aumentou 30 vezes.
  As doenças infecciosas espalham-se cada vez mais rapidamente pelo mundo. Além de urbanização dominante, contribuem para isso, também, a facilidade e rapidez com que as pessoas atravessam longas distâncias por trens e aviões; o intenso comércio internacional com o tráfego cada vez maior de navios levando microrganismos patogênicos (transmissores de doenças) no casco, nos tanques de água de lastro, na própria carga transportada ou nos membros da tripulação.
  Cerca de 13% da população do país já teve dengue em algum momento da vida. São dados do IBGE, do segundo semestre de 2013.
  As regiões menos populosas e as cidades pequenas sofrem maior impacto, com taxas de incidência mais altas.
  O Aedes aegypti vive originalmente nas matas, mas o avanço das cidades sobre o campo ampliou seu hábitat natural. A dengue não tem cura, mas vários institutos de pesquisa e empresas testam vacinas.
  Qual a diferença entre doenças infecciosas e doenças contagiosas?
1.       Doenças infecciosas: são transmitidas por microrganismos: vírus, bactérias, fungos e parasitas. As infecciosas matam 21 milhões de pessoas anualmente, no mundo. No Brasil, são responsáveis por 5% do total de óbitos a cada ano.
2.      Doenças contagiosas: podem ser transmitidas de um ser humano para outro, tais como a gripe, a AIDS, a tuberculose e a lepra.
3.      Doenças não transmissíveis: aquelas causadas por anomalias de órgãos ou processo bioquímico, herdadas dos pais, congênitas ou adquiridas. Por exemplo, doenças cardiovasculares, o câncer e o diabetes. No total, essa categoria de doenças responde por 68% das mortes no mundo.
- Muitas das doenças não transmissíveis são desenvolvidas pelo modo de vida do paciente. Dietas desequilibradas, obesidade e sedentarismo, por exemplo, estão nas raízes da alta taxa de incidência de infartos do miocárdio, isquemias cardíacas e diabetes.
- São doenças que avançam mais rapidamente em países ricos, onde há maior fartura de alimentos industrializados e onde a tecnologia leva a um maior sedentarismo. Nos países desenvolvidos, 87% das mortes têm como causa alguma doença não transmissível. Estima-se que até 20130 essa proporção chegue a quase 90%.
- Ou seja, as não transmissíveis são responsáveis por quase 70% das mortes a cada ano, no mundo, e essa porcentagem é ainda mais alta nos países desenvolvidos.
- Mas a tendência é de crescimento também nos países pobres (onde são precárias não apenas as condições de saneamento, mas também de medicamentos, sistemas de saúde e o acesso à informação). Mesmo na África Subsaariana, a região mais pobre do mundo, a proporção do número de mortes por essa categoria de doenças deve subir de 28% em 2008 para 46% até 20130.
- No Brasil, as dez doenças que mais matam são todas não transmissíveis.
  Segundo a OMS, as doenças transmissíveis foram responsáveis por 32% do total de mortes no planeta em 2012, com concentração de casos na África Subsaariana (duas doenças que martirizam por lá são a AIDS e a malária) e Sudeste Asiático.
  No Brasil, essas doenças matam menos de 5% do total de óbitos – muito menos que os 50% de meados do século XX. Quais os fatores que levaram a queda na letalidade das doenças infecciosas no Brasil?
- a melhora no nível nutricional das populações, que aumenta a resistência do organismo a agressões;
- o avanço em saneamento básico;
- o acesso das populações a medicamentos e serviços de saúde;
- a informação e sistemas de prevenção.

  No Brasil, a taxa de incidência da AIDS é de 20 casos a cada 100 mil habitantes, a cada ano. Ela ainda não tem cura. Fez em 2014 mais de 2 milhões de novos casos no mundo (porém, um número 13% menor que o de 2011). O número de óbitos pela doença também caiu (1,5 milhão de mortes de 2013 foi 35% menos que o registrado no auge da epidemia, em 2005). A incidência da doença despencou com medidas simples, como a distribuição de preservativos, para prevenir a contaminação com o HIV.  

quarta-feira, 16 de março de 2016

Exploração Espacial... A longa jornada ao cometa 67 P


  Máquinas e veículos da Terra circulando em outros mundos não é exatamente uma novidade. Marte, por exemplo, já abriga uma pequena colônia de robôs terráqueos, que vasculham vales e montanhas atrás de sinais de água.
  A primeira sonda a pousar no núcleo de um cometa fornece revelações surpreendentes sobre a natureza desses fósseis errantes.
  Os cometas são fósseis errantes do Universo, bolotas de poeira e água congelada. No caso do 67P, é um cometa fóssil que data da época da formação do Sistema Solar, há 4,6 bilhões de anos.  
  Mas, a presença em cometas é algo inédito (em novembro de 2014, pela primeira vez, uma nave terráquea pousou num cometa – o 67P/Churyumov-Gerasimenko). Encontra-se a 500 milhões de quilômetros da Terra (entre Marte e Júpiter).
  A longa jornada rumo ao 67P exigiu o trabalho de mais de 500 engenheiros e pesquisadores, a um custo de 1,1 bilhão de dólares. A sonda-robô, do tamanho de uma máquina de lavar roupa, custou mais de 200 milhões de dólares. Esses valores incluem os 20 anos de planejamento da missão e toda a viagem, desde o lançamento da dupla Rosetta-Philae, atadas ao bico de um foguete Ariane, em 2004, da base espacial de Kourou, na Guiana Francesa.
  Pouso difícil, mas bem-sucedido, nos confins do espaço.
  Objetivos da missão:
- Coletar dados que revelem segredos sobre a origem do Sistema Solar e dos oceanos na Terra;
- Jogar alguma luz sobre o mistério do surgimento da vida em nosso planeta.
Ex: A origem da água dos oceanos: “Os cometas são suspeitos de terem trazido, num passado muito distante, toda a água que existe em nosso planeta. Segundo a hipótese mais aceita hoje em dia, o gelo compactado nessas bolotas celestiais teria se derretido nos milhões de choques ocorridos pouco depois de a esfera da Terra resfriar”.
Hipótese alternativa: “A água teria sido trazida por asteroides – estes, sim, com a simples e pura molécula de H2O a que estamos habituados. Ainda que contenham menos água, estima-se que o imenso número de asteroides que despencaram sobre a Terra recém-resfriada tenha vaporizado água em quantidade suficiente para se condensar e encher as bacias oceânicas”.
  São sondas-robôs, numa viagem de 10 anos, de investigação solitária, com um único cordão umbilical ligando-as à Terra: sinais de rádio, que levam 28 minutos para percorrer a distância e chegar ao destino.
  A Rosetta é o auge tecnológico e científico de uma série de missões espaciais a cometas. Antes dela, sete cometas tinham sido visitados por outras missões. Mas sempre de longe. A nave Rosetta, com sua sonda-robô Philae, foi lançada em 2004 e chegou ao 67P em 2014. À época, o cometa distava 500 milhões de quilômetros da Terra e viajava a mais de 60 mil quilômetros por hora. O robô pousou sobre a superfície do 67P, num feito histórico da ciência.
  A surpresa final foi o relevo extremamente acidentado do cometa. Como vales e montes teriam se formado se a força gravitacional é fraquíssima e a coma, extremamente rala? Isso porque, sem atmosfera, não há pressão suficiente para criar os ventos que moldam montes e vales por erosão.
  Cometas são corpos compostos de água congelada e poeira, remanescentes da formação do Sistema Solar, há 4,6 bilhões de anos. Como permaneceram um longo tempo distantes da radiação solar, os cometas guardam características primordiais da formação dos planetas e podem revelar detalhes sobre a formação do sistema, as origens dos oceanos e da vida na Terra.

  Muitas missões fizeram história. Vários cometas já foram estudados por outras missões espaciais, desde 1985, mas sempre à distância. Duas das principais são a missão Stardust e a Deep Impact. Mas, por ora, quem detém o título de rainha dos cometas é a missão Rosetta. E assim o quadro permanecerá por alguns anos. A economia mundial capengando torna impossível prever quando as potências espaciais terão como investir outros bilhões de dólares em novas missões, tão arriscadas. 

Questões Sociais. Internet – Um mundo de conexões

“Quando há confrontos nas ruas,
há também embates na Internet.
Ou seria o contrário?”.
O que fazer para lidar com uma guerra cibernética na era digital?

Na era da economia globalizada, a Internet firma-se como instrumento básico para a integração de pessoas, empresas e países. Sabemos que o impacto maior fica por conta da economia. Com a evolução das telecomunicações e desde que a Internet passou a integrar pessoas, companhias e países, o mundo dos negócios nunca mais foi o mesmo. Com a transmissão de informações facilitada, encurtaram-se distâncias, eliminaram-se desperdícios, verificou-se ganho de tempo e, por fim, incremento de negócios.

1.      No fim do século XX, as transações do comércio global já somavam 6,4 trilhões de dólares;
2.      No topo da lista das nações que mais lucram com a Internet está a Dinamarca;
3.      Registra-se o maior índice de uso da internet na América do Norte (EUA e Canadá), com 69% dos habitantes regularmente conectados. A Ásia, que abriga 56,5% da população mundial, tem 11% acessando a rede, a maioria em países mais ricos, como Japão e Coreia do Sul.
4.      Quando o assunto é especificamente produção científica, registro de patentes e investimentos em pesquisa, três blocos dominam o cenário internacional: América do Norte (sem o México), Ásia industrial (liderada pelo Japão, com pequena participação de Filipinas, Malásia, Indonésia e Tailândia) e Europa. Em 1998, essas três regiões foram responsáveis por 85% dos investimentos mundiais em pesquisa e desenvolvimento, o equivalente a 732,5 bilhões de dólares. O Brasil investiu cerca de 1 bilhão de dólares, o que o deixa bem distante dos países desenvolvidos.
5.      O Brasil ainda precisa fazer uma revolução na Educação Digital. Entre os usuários brasileiros da internet, a maioria tem nível superior de escolaridade.
6.      Os celulares (Smartphones) deixaram o computador ou laptop para trás, pois são pouco portáteis e grandes demais para transportar dados e facilitar a comunicação. Os novos aparelhos têm uma convergência de funções (acesso à Internet, e-mail, notícias em tempo real, redes sociais, mensagens de texto e voz instantâneas, transmitem e recebem dados, além das ligações convencionais). É essa gama de possibilidades de uso que faz do celular o campeão em matéria de convergência de funções para um único aparelho. Isso ocorre por causa da portabilidade do celular. O futuro que se tornou presente da telefonia móvel: fusão de aparelhos com televisão, além da internet.
7.      E a expansão dos usuários se dá por dois motivos: 1) a redução de preço dos modelos básicos, porque com o passar do tempo os fabricantes vêm aperfeiçoando a tecnologia de produção; 2) a ampliação dos recursos dos aparelhos mais novos, destinados a perfis diferentes de usuários, fato que estimula as trocas constantes.


O potencial de uso de tecnologias ligadas à internet para impulsionar o crescimento econômico impõe alguns desafios:

1.      A qualidade da infraestrutura, necessária ao bom funcionamento da rede mundial;
2.      A existência de ambientes regulatórios estáveis, em que haja respeito aos contratos firmados entre empresas;
3.      Boa parte do planeta, porém, permanece alheia às vantagens proporcionadas pela rede mundial de computadores. No início de 2007, a internet estava presente na vida de apenas 17% da população mundial, o equivalente a 1 bilhão de pessoas. O menor índice fica na África. No continente inteiro, apenas 04 em cada 100 pessoas acessam a rede com frequência. Esse alto nível de exclusão significa que a grande maioria da humanidade não está conectada a um mundo de oportunidades pessoais e de negócios. Isso ocorre apesar de a internet ter crescido 214% desde 2000.
4.      Há uma ligação direta entre exclusão digital e exclusão social, pois os que não têm qualquer acesso a computadores são os que estão na base da pirâmide social. A inclusão digital ainda é uma luta, que passa da compra do computador para o acesso à Internet a preços mais acessíveis e com qualidade. Governos de países como China, Índia e Brasil implementam um conjunto de ações para promover a inclusão digital das parcelas não conectadas de sua população. As organizações não-governamentais também participam ativamente desse processo levando máquinas para comunidades carentes, escolas, favelas, presídios, agrupamentos indígenas e instituições como as de formação profissionalizante. Aqui no Brasil, o destaque vai para a CDI (Comitê para a Democratização da Informática), que luta pela inclusão digital de comunidades carentes.   
5.      Nos países que ostentam índices insatisfatórios de tráfego na internet, verificam-se também atrasos em matéria de pesquisa científica e de produção de tecnologia. São países que têm de comprar dos mais desenvolvidos tanto computadores como programas para que as poucas máquinas ao alcance da população funcionem.
6.      Viabilizar a ideia de oferecer ao mundo solução democrática de acesso a programas, uma vez que boa parte de softwares é paga. Até mesmo a Microsoft, detentora de 90% do mercado de computadores pessoais com o sistema Windows, percebeu que esse é um dos caminhos para a distribuição de seus produtos entre pessoas de baixa renda, lançando, assim, softwares a 3 dólares.

Enfim, a Internet criou e potencializou a troca instantânea de informações entre pessoas, nos mais diversos locais do mundo. A rede mundial de computadores impulsiona a globalização e faz aumentar o volume de transações comerciais porque torna as empresas mais eficientes. A cada ano, novas tecnologias melhoram o desempenho da rede mundial de computadores e dão à internet aplicações inusitadas, com impacto social e nos negócios. A internet impulsiona a globalização porque leva à expansão de mercados, à agilização na realização de negócios, o que resulta no aumento do volume de transações comerciais em nível nunca antes visto na história. 

Astronomia. Uma Terra Distante? Será que não estamos, afinal, sozinhos no Universo?

O astro foi apelidado de “Superterra” (com o nome oficial de Gliese 581c), gira em torno da estrela Gliese 581 e está a 20,5 anos-luz de nós = 194 trilhões de quilômetros. As naves mais velozes de que dispomos não dariam um pulinho lá em menos de 400 mil anos! Essa descoberta feita em abril de 2008 abre, sem dúvida, novas perspectivas na busca por vida em outros cantos do cosmo e traz, à tona, essa antiga questão da humanidade. Porém, não há nenhuma garantia de que tenhamos batido à porta de algum E.T (até hoje cientista nenhum viu um ser vivo que não fosse terráqueo).


Embora não seja novidade os astrônomos conhecerem outros planetas extra-solares, essa descoberta é mais especial. Por quê? Porque a quase totalidade dos cerca de 250 corpos desse tipo (planeta extra-solar, em sua maioria gigantes gasosos e perto demais de sua estrela-mãe) descobertos desde 1995-2008 tem tamanho igual ou superior ao de Júpiter (o maior planeta do nosso sistema solar)! Outras poucas superterras conhecidas orbitam pulsares, isto é, as estrelas mortas que emitem uma radiação extremamente violenta. Já o Gliese 581c tem massa apenas 5 vezes maior e diâmetro 1,5 superior ao da Terra, ou seja, é o menor exoplaneta já identificado em torno de uma estrela comum de brilho estável.

Esse pequeno planeta longínquo apresenta condições essenciais para o desenvolvimento da vida: a existência de água no estado líquido, superfície rochosa (que pode estar coberta de oceanos), sua órbita está a uma distância média e segura da estrela ao redor da qual orbita (Gliese 581, 14 vezes menor do que a existente entre a Terra e o Sol), com temperatura média entre 0°C e 40°C na superfície (considerada zona habitável, algo parecido com a variação de temperatura entre o inverno e o verão de Nova York)... Jamais topamos com outro recanto do cosmo parecido com a Terra que satisfaça os pré-requisitos primários para o surgimento da vida – ao menos como a conhecemos.

As luas de Saturno e Júpiter, respectivamente Titã e Europa, por exemplo, a tempos vinham dando sinas de ambientes parecidos com o da Terra à época do surgimento da vida por aqui, há 3,5 bilhões de anos. Mas, são apenas suspeitas sobre organismos nadando nos mares por lá... A comprovação mesma depende da construção de equipamentos especiais (perfuradores de gelo e sondas subaquáticas), ainda em fase de desenvolvimento. Uma das técnicas de identificação de planetas em torno de estrelas mede a minúscula redução no brilho de uma estrela a cada vez que um planeta passa entre ela e o observador na Terra. Também, os caçadores de planeta usam telescópios de solo e orbitais para monitorar as estrelas mais próximas do sistema solar. Por ora, a tecnologia nos limita a rápidas espiadelas sobre a superfície desses astros.


Biólogos e astrônomos debatem há décadas se a vida é algo comum ou um acidente no Universo. Nem sequer conhecemos todos os organismos que habitam as profundezas dos oceanos e a copa das árvores mais altas, aqui mesmo no nosso planeta. Todavia, a curiosidade é característica do humano. Então, estamos sozinhos? Eis as hipóteses bipolares a esse respeito (sobre a existência de vida em outros mundos):

1.      Princípio da Mediocridade”: o cosmo não só borbulha de vida como abriga organismos sofisticados (existência de vida inteligente além da Terra). A Terra é um planetinha rochoso típico, localizado num sistema solar nada excepcional (também típico), que, por sua vez, fica numa galáxia como milhares de outras. Então deve haver bilhões de Terras por aí, com as mesmas possibilidades de ser habitadas. Adeptos: Carl Sagan (1934-1996) e Frank Drake.
2.      Estamos, sim, sozinhos nessa imensidão”: esse é o campo dos mais incrédulos que afirmam ser a Terra povoada só por causa de uma improvável combinação de centenas de variáveis (da distância que a Terra mantém do Sol à composição da atmosfera e sua interação com a superfície rochosa e os oceanos). A precisão de tal combinação é tão grande que não deve ter ocorrido mais nenhuma vez em toda a Via Láctea – e, talvez, em todo o cosmo. Vida inteligente torna-se, então, impensável. Não fosse assim, por que não teríamos conseguido ainda entrar em contato com algum E.T.?

O desejo de resposta (positiva?) é tanto que nem precisaria ser uma criatura das mais inteligentes. Na ânsia de encontrar um vizinho cósmico, nos contentaríamos com uma mera bactéria extraterrestre ou microrganismos do gênero, mas que desse alguns sinais de respostas:

1.      Onde a vida floresceu? Ainda está florescendo por aí?  
2.      Se de fato existir vida fora da Terra, ela seria como a da Terra?
3.      Como ter certeza de que vamos reconhecer a vida na forma como ela possa eventualmente se apresentar fora da Terra?
4.      As regras que permitiram o surgimento dos seres vivos no nosso continho do Universo (a Terra) são diferentes ou iguais das que valem no resto do Cosmo?

As pesquisas avançam e o novo candidato representa o maior trunfo a planeta habitado (habitat de alienígenas). Será? Caso não seja, não haverá problemas, pois daqui a pouco tempo ele será apenas a primeira de uma longa lista de planetas irmãos da Terra. Identificar indícios de um ambiente onde a vida possa florescer é uma coisa. Outra bem diferente é descobrir se esse ambiente efetivamente abriga qualquer organismo. Aliás, os astrônomos não conseguem enxergar a Superterra (como também jamais viram diretamente nenhum outro planeta extra-solar). Tudo é feito apelando-se a métodos indiretos de observação. A existência de seres vivos na Superterra – ou em qualquer outro astro – deve continuar como mera possibilidade, por enquanto! 

domingo, 13 de março de 2016

A realidade da vida fala mais alto, e os consultórios ouvem! Mas, e a razão e o coração?...

Enquanto a polêmica questão do aborto tropeça em questões éticas, religiosas (quando o feto passa a ter alma?) e científicas (quando a vida começa?), cada vez mais pacientes decididas interrompem uma gravidez indesejada e médicos brasileiros optam por ajudá-las. São muitos os ginecologistas que se tornaram adeptos da filosofia de redução de danos para pacientes dispostas a desafiar a lei brasileira e se submeter a um aborto. Assim reza a conduta profissional de muitos deles: “Tenho o dever ético de explicar a minha paciente quais são os métodos abortivos e, depois, se necessário, acudi-la”.

O aumento da eficiência, a diminuição do custo e a facilidade de acesso aos métodos anticoncepcionais femininos e masculinos poderiam ter reduzido o aborto no Brasil a sua dimensão puramente médica. Mas... o aborto continua sendo um dilema social, humano, jurídico e um risco para a saúde de quase 800 mil mulheres brasileiras todos os anos (abortos clandestinos). Isso só mostra que, apesar das imposições legais e das restrições ético-religiosas, médicos e pacientes se sintam eticamente autorizados a discutir e a praticar procedimentos que levem ao aborto.

Desde 2002, o Ministério da Saúde distribui por sua rede capilar de atendimento a chamada “pílula do dia seguinte”, que contém uma substância capaz de impedir a fixação do óvulo no útero, provocando, consequentemente, sua expulsão pelo organismo feminino. Só a pílula do dia seguinte pode ter diminuído em 30% o número de abortos clandestinos no Brasil. Por isso se questiona se a adoção da filosofia de redução de danos (que surgiu no início dos anos 2000, no Uruguai) por um número maior de médicos não poderia derrubar ainda mais essa curva nos próximos anos. Todavia, há os profissionais que pensam de outra forma: nem sequer se sentem à vontade para indicar um especialista nem orientar uma paciente que queira interromper a gestação sobre como usar medicamentos abortivos. Estes acreditam que fazer isso é o mesmo que praticar o próprio aborto. Segundo eles, seja qual for a circunstância em que o feto tenha sido concebido, não se pode ser juiz de uma vida em potencial. Esse mesmo raciocínio faz também ser contra a pena de morte e a eutanásia.

A questão é de imensa complexidade. Além de se tratar de uma polêmica infrutífera, pois o aborto sempre existirá, independentemente de qualquer conclusão científica, dogma religioso ou convicção ética. O aborto é acima de tudo uma questão de foro íntimo, uma decisão exclusivamente pessoal da mulher que, querendo ou não juízos externos, ficará sob comando do submundo à pessoa da mulher.

O argumento de que, legalizar para ser bem feito pelas clínicas, ou seja, para ser mais simples, acessível, seguro e legal não torna o aborto mais aceitável para as pessoas que o rejeitam. Ao contrário, torna-o ainda mais monstruoso ao juízo delas. Prova disso é o fato de que as discussões nos países onde a prática foi liberada nunca serenam – a cada dia elas são mais violentas. Coloque-se na pela de uma pessoa que acha o aborto, em qualquer fase da gestação e por qualquer motivo, igual a matar alguém, e uma visão do abismo que separa as convicções opostas nesse assunto começará a se abrir sob seus pés. Ou seja, não há decisão jurídica, por mais douta, nobre e competente, capaz de colocar para dormir as controvérsias levantadas pela questão do aborto.

Outro argumento forte é que entre o Estado e a Mulher, quem deve ter a palavra decisória é a mulher. Ou seja, a autonomia da gestante continua sendo o bem primordial a ser preservado. A compreensão de que o direito constitucional à individualidade engloba o direito de manter ou não uma gravidez. E tem aqueles outros argumentos principais: o direito do feto à vida; à herança familiar e, por fim, a supremacia de Deus sobre qualquer decisão humana.

Os mais abrangentes estudos médicos, religiosos e históricos sobre o aborto de que se tem notícia só tem uma constatação a deixar: nesses campos do conhecimento não brotará nenhuma decisão sustentável. O aborto é questão inabordável para a maioria das religiões e os cientistas nunca vão ser unânimes em torno do momento preciso em que surge uma vida nova no processo de concepção. A mais sensata já encontrada foi a de que, interromper a gravidez até o terceiro mês é uma decisão individual da mulher.

A verdade é que é uma experiência forte. Essa constatação vem da experiência de quem a viveu. Nenhuma mulher a relata com tranquilidade. Nem nos casos extremos em que a Lei brasileira faz exceção à prática (em casos de estupro, risco de morte da mulher ou casos de anencefalia). Por mais que os médicos se rendam às demandas de suas pacientes e por mais que a legislação avance, a interrupção do processo de criação de uma vida humana nunca será de fácil compreensão intelectual ou emocionalmente simples. Além do aperfeiçoamento dos métodos anticoncepcionais e a disseminação no país de políticas de planejamento familiar, a instrução, a educação e a informação é essencial. A mulher não deve se vê apenas livre, mas conscientizada junto ao seu parceiro dos dilemas e responsabilidades diante da possibilidade de uma nova vida, principalmente antes dela vir ao mundo, sempre sem pedir.