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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho


O filme tem a intenção de dialogar com os adolescentes atuais (a geração Z, mais tolerante e aberta), foca uma história universal: a descoberta do primeiro amor, com características bem particulares: a homossexualidade e a deficiência física visual, sem o excesso de obstáculos dramáticos. O debate se amplia para o amor em geral e para as perspectivas de independência do adolescente em crise. O talento maior do diretor está em retratar um amor natural e otimista, sem deformações das imagens e reações externas (o protagonista é cego), resultando num filme gentil que consegue ser tocante de uma maneira simples e sem jamais apelar para o melodrama.

As dificuldades enfrentadas por Leo, o protagonista gay e cego, são usadas como metáforas para os conflitos de qualquer jovem, que também pode se sentir diferente por ser ruivo, obeso, órfão, disléxico ou simplesmente tímido, ruim em esportes etc. Este é um dos grandes méritos do filme: tratar as particularidades do protagonista como trataria as especificidades físicas e de temperamento de qualquer adolescente. Aos poucos, desentendimentos juvenis com os amigos e pequenos conflitos disparados por bullies do colégio levam o rapaz a cogitar um intercâmbio – algo que não agrada muito seus pais superprotetores. O próprio desejo crescente de independência do Leo não toma conta do filme (não se transforma num impulso ou grande objetivo dramático), a fim de abafar a temática central: o desabrochar do amor natural e otimista, que vem de dentro, cego aos preconceitos, mas visível, possível e concreto ao tom de verdade e realidade.

Sem muitos tabus, dramas e sofrimentos, como têm sido comuns os filmes de temática homossexual, nem pretensões militantes (com exceção da cena final). Não existe o baque da chegada do garoto cego à escola, nem a descoberta do próprio Leonardo de seu desejo por homens. O roteiro ultrapassa os típicos relatos cinematográficos de autodescoberta para saltar ao próximo passo: a autoafirmação. Tanto é que o filme termina com eles juntos, sem nem os pais de Leo saberem da sua homossexualidade, sendo mais importante a livre descoberta e a realização dos garotos. Um sonho de liberdade do mundo gay. Além disso, sua decisão de ingressar num intercâmbio, embora encarada com resistência pelos pais, é discutida de maneira racional em uma cena sensível durante a qual seu pai busca entender o que está incomodando o garoto, num exemplo raro no Cinema de bom exercício da paternidade (normalmente, os pais se mostram grosseiramente cegos às necessidades e aspirações dos filhos, já que isto resulta em drama fácil).

Sem se entregar a conflitos absurdos e artificiais, Hoje Eu Quero Voltar Sozinho é amoroso até mesmo ao retratar seus antagonistas: embora antipático e capaz de certa crueldade, Fábio (o líder dos bullies), por exemplo, parece agir mais por imaturidade do que por pura maldade – e é notável como, em certo momento, ele ridiculariza Léo ao agitar as mãos diante de seu rosto, mas logo se assusta quando o garoto tropeça e cai, indicando que jamais havia sido sua intenção machucá-lo. Da mesma maneira, a composição de Pedro Carvalho como Fábio é tão leve (outro acerto) que se torna até difícil dizer que o personagem é realmente homofóbico mesmo ao fazer brincadeiras que poderiam sugerir isto, passando a impressão de estar sendo babaca mais por querer impressionar os amigos com sua idiotice adolescente, numa glorificação da própria imaturidade, do que por realmente desprezar gays.

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho trabalha os conflitos da trama de maneira leve, terna. Os momentos pontuais de bullying praticados por um grupo de colegas não deixam grandes marcas em Leonardo; as brigas com os pais se dissipam em minutos; as disputas com Giovana apresentam uma evidente perspectiva de reconciliação. O universo não é hostil às minorias, pelo contrário: o garoto Gabriel, paixão de Leonardo, aparece logo na primeira cena, senta-se convenientemente atrás dele, e quando Gi perde seu grande amor, um aluno novo entra pela porta da sala de aula e sorri para ela. Este roteiro é romântico, até ingênuo, em sua preocupação zelosa e paterna de garantir a todo personagem sua devida cota de amor.

 Nenhuma cena pretende se destacar ou chocar - aliás, fica o aviso para aqueles que se sentiram ofendidos com o beijo gay da novela: dificilmente vão encontrar cena mais natural do que o primeiro selinho entre dois garotos. Em vez disso, o dilema do rapaz é descobrir se seu sentimento é correspondido, sendo prejudicado nesta tarefa não só por sua inexperiência, mas pelo fato de não poder observar as atitudes de Gabriel, seus olhares e suas expressões. O que o torna tão apaixonante. Todavia, curiosamente, embora Léo pudesse ser considerado o mais frágil da dupla em função de sua cegueira, é Gabriel quem acaba assumindo esta posição graças também à bela composição de Fábio Audi, que o retrata como um jovem tentando se descobrir e que não sabe se o comportamento do amigo se deve à sua vulnerabilidade natural ou ao que sente por ele Curiosamente, embora Léo pudesse ser considerado o mais frágil da dupla em função de sua cegueira, é Gabriel quem acaba assumindo esta posição graças também à bela composição de Fábio Audi, que o retrata como um jovem tentando se descobrir e que não sabe se o comportamento do amigo se deve à sua vulnerabilidade natural ou ao que sente por ele.

Aliás, o próprio Gabriel não é um exemplo de ataques histéricos de ciúmes. Ele é tão natural quanto o próprio amor que nasce em si, sem as deformações abusivas, precipitadas e preconceituosas que a visão cega pode trazer. Pelo contrário, a cegueira externa de Gabriel vê com muita propriedade o amor natural dentro de si. O que é algo muito lindo e exemplar para o mundo de hoje, principalmente o mundo gay, estereotipado por corpos turbinados, malhados e modelados num padrão rígido de beleza, o que coloca em dúvida se o “amor gay” existe de fato ou se seria um simples modismo de conotação erótica e sexual. Se é um amor incondicional pelo próximo (ágape) ou um amor erótico por corpos. O filme constata que o amor gay ultrapassa, sim, o plano simplista do visível e do material. É um legítimo amor universal.

O filme mostra como pode ser tão simples e natural os temas da homossexualidade e da deficiência, não fosse uma sociedade extremamente complexa e preconceituosa. Nesse sentido, o filme tem uma visão romântica do funcionamento social. Estamos em um imaginário branco, urbano, de classe média alta, no qual adolescentes em crise não pensam em fugir de casa ou se vingar dos pais, apenas fazer uma viagem de intercâmbio - financiada pelos próprios pais. O desejo sexual também é retratado de maneira pudica, com a edição interrompendo a cena no instante preciso em que se sugere uma masturbação ou ereção. Mas não seria justo exigir de Hoje Eu Quero Voltar Sozinho algo que ele não pretende mostrar. Este não é um filme sociológico ou psicológico, e sim um retrato intimista de tendência universal.

O tom deste romance de formação é de ternura e cumplicidade. Muitos romances gays são pejorativamente chamados de "delicados", mas aqui o termo se aplica sem conotações negativas. O filme é certamente simples em suas pretensões artísticas, mas consegue fazer um belo tratado de afetos, sejam eles entre dois garotos, entre um amigo e sua amiga ou entre os pais e os filhos. 

Doce sem ser açucarado, tocante sem ser melodramático e envolvente sem precisar de grandes explosões dramáticas ou conflitos extremos, Hoje Eu Quero Voltar Sozinho é humano, sensível e generoso como seu protagonista – e, considerando o preconceito ainda hoje enfrentado por homossexuais em todo o planeta, é também importante sem depender de pregações óbvias. A delicadeza do amor que retrata é um discurso mais do que suficiente para que qualquer um entenda a estupidez da intolerância sexual.

Filme: “SOB A PELE”

É um filme de ficção científica e suspense, lançado no ano passado (2013) no Reino Unido.

Como a sexualidade vem construindo temas no cinema da atualidade? O filme trabalha com subjetivação e o turbilhão de coisas ocultas e complexas (que estão debaixo da nossa pele) que nos torna humanos.

Não é um filme para ser compreendido, mas, sim, que parece pretender acordar algum espanto e reflexão. Mais do que entender o que se passa no enredo do filme, somos convidados a pensar a respeito do que afinal é ser humano, o que é estar no mundo e do sentido da vida (a pele, a mente, o corpo, quem está ali? O que se constitui enquanto o ser que pensamos existir?). Pois, as pessoas que aparecem, passeiam a esmo, sem grandes direcionamentos, apenas vivem o cotidiano em seu absurdo e em sua alegria. O filme:

- Discute a condição humana;
- A protagonista usa seu forte magnetismo sexual (sedução e apelo sexual) para atrair as presas;
- O toque do humano e a confusão diante de um emaranhado de desejos e sentimentos legítimos;
- Comportamento histérico;
- Laura chega à Terra (ela é um alienígena debaixo da pele humana) como puro instinto (forte magnetismo sexual) para atrair suas presas. Fica bem claro que ela como alienígena, “visitante”, não está ali como a grande maioria dos seres humanos. Ela é e está ali colocada para eles como algo próximo a uma outra espécie ou coisa, no sentido mais amplo da coisificação. Daí em diante, nos veremos às voltas com tudo aquilo que questiona o que forma o sujeito em sua relação com o outro e consigo mesmo:

1.      Um afeto surge ali no limite do desejo sexual propriamente dito e dos vínculos que formam a relação amorosa, em sua inserção, no amplo e complexo tecido social;
2.      Ser tocado pelo humano é ser tocado por aquilo que cuida, acolhe e cria o afeto. Despois nasce esse legítimo desejo de sentir e de ser tocado. O humano está naquela sensação ou qualquer ação de proteção e amparo diante, por exemplo, de choro de um bebê;
3.      É sobre aquilo que nos faz sujeito em relação, que a atrai, não necessariamente a necessidade de prazer sensorial das coisas;
4.      O filme não está preocupado (nem faz alusão) com a busca dos prazeres básicos;
5.      O que é desconcertante é a capacidade de relação que observa, em sua forma mais amorosa ou em sua forma mais destrutiva;
6.      O afeto: esse elemento de ligação que, estranhamente, desenvolvemos em direção ao outro, componente básico daquilo que forma a empatia e a solidariedade, a proteção e o amparo;
7.      Hipnotizadas pela atração da protagonista, as vítimas não se dão conta da imersão em um pântano virtual, sendo sugadas em todas as suas entranhas, restando, apenas, o invólucro, a pele;
8.      Busca os solitários, aqueles que ninguém sentirá falta, os esquecidos, e poupa, não se sabe bem o porquê, aquele que por sua deformação física, se encontra ainda mais afastado de qualquer possibilidade de laço afetivo. A abertura do estranhamento no ser pode dar lugar à angústia e à busca;
9.      O vislumbre da dúvida que instaura a necessidade do outro;
10.  Perdida na floresta como o mais pueril conto infantil, acaba encontrada pela maldade perversa, do lobo, aquela mesma que antes era parte do seu ser, a que anula o outro enquanto desejo, dono de seu próprio destino e escolhas. Ao que conduz ao pântano do desaparecimento da condução da própria vida. Assustada corre, da dura constatação de que, algumas vezes, o contato é, também, uma cruel agressão, que se longe do prazer, do consentido, pode ser aterrorizante;
11.  Vestida na pele humana, começa a sentir uma crescente curiosidade que a leva a olhar a estranheza do homem e seu meio. A angústia do meio do caminho onde se coloca, meio fera, meio mulher.
12.  O instinto que se transforma na assustadora necessidade de contato.
13.  As cenas de violência são conduzidas com um toque de “coisa comum”, de “banalidade”, vistas pelo olhar de seres que não enxergam o ser humano como nenhuma espécie que mereça um olhar com mais compaixão.
14.  O que será que tocou aquela criatura, a ponto de fragilizá-la ao extremo? Aquilo que nos faz mais compassivos é, também, aquilo que nos torna monstros, uma delicada equação que a humanidade propõe, se equilibrando sempre puxada pelos seus opostos.

- A questão da libido enquanto força motriz do sujeito e esta sendo encarada, sempre, inquestionavelmente, como energia sexual. Essa energia anda sempre amalgamada com a agressividade que, sem propor um julgamento sobre o sujeito, revela-o.
- A presa que vai revelar ao espectador o que acontece com as vítimas que Laura atrai. Hipnotizados pela atração que ela exerce, não se dão conta da imersão em um pântano virtual, no qual são capturados, sendo, em seguida, sugados em todas as suas entranhas, restando, apenas, o invólucro, a pele. A epiderme das sensações, daquilo que leva ao prazer, a experiência, ao contato.


Não é um filme que utiliza o formato de atração do grande público. É muito lento e denso. Desse ponto de vista, não recomendo a ninguém. Mas, para os amantes da Psicologia e da reflexão ruminante, o filme é um prato cheio. É para aqueles que buscam um despertar de emoções no contato com uma obra cinematográfica. 

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A Cabeça e o Comportamento Político da Juventude Brasileira

Ø  Mais de 50% deles encontram-se entre os eleitores indecisos ou que pretendem anular o voto;
Ø  Eles têm entre 16 e 33 anos (a juventude brasileira), representam um terço do eleitorado (33% ou pouco mais de 45 milhões de pessoas), são mais informados que seus pais, influenciam no voto da família e podem decidir a eleição (peso decisivo);
Ø  Como funciona a cabeça política do jovem brasileiro? Quais são suas demandas? De que maneira ela pode influenciar na corrida eleitoral?
- Essa turma, por ser mais informada do que seus pais e levar dinheiro para dentro de casa, contribui para o aumento da renda, forma opinião, influencia no voto da família e pode até decidir a eleição;
- 72% desses brasileiros consideram ter melhorado de vida. Milhões de jovens brasileiros deixaram para trás a pobreza, conseguiram estudar e abriram seu próprio negócio;
- Essa juventude entre 16 e 33 anos indica querer mais: eles querem serviços públicos de mais qualidade, maior conectividade, acessos livres a banda larga e a tecnologia de ponta. E não abrem mão da manutenção do poder de compra.
- Recados importantes à classe política: ao mesmo tempo que 92% acreditam na própria capacidade de mudar o mundo, 70% botam fé de que o voto possa transformar o País e 80% reconhecem o papel determinante da política no cotidiano brasileiro.
- Para os jovens, as agremiações partidárias e os governantes não falam a linguagem deles: os políticos são analógicos e a juventude digital.
- Geração D (de Digital), é uma alusão à juventude conectada. Nascidos totalmente integrados à tecnologia digital, sob os ventos favoráveis da estabilidade econômica, da democracia e com menos privações que a geração anterior, esses jovens foram os grandes protagonistas das manifestações de junho de 2013, quando milhões de pessoas de todo o País foram às ruas para cobrar mudanças na política brasileira. De lá para cá, a onda de indignação, revolta e envolvimento dos jovens na vida política só cresceu. Chamados a dialogar, eles foram instados a ter opiniões.
- Os jovens sempre tiveram opiniões. Muitas e excelentes opiniões, diga-se de passagem. Mas, nem sempre, foram criados espaços democráticos para ouvi-las. Então eles forçaram uma abertura democrática – as manifestações de rua em junho de 2013. A diferença crucial agora é que o que eles dizem tem muito mais peso. Eles são ouvidos e exercem influência sobre a família: hoje, as decisões familiares são compartilhadas. Inclusive as decisões políticas.
- A internet ampliou o repertório, as redes de relacionamento e as possibilidades de ascensão social dessa geração. A internet e as redes sociais viraram palco dos novos debates políticos – a maior parte deles travada por jovens. O que rola na rede é disseminado em casa por meio da juventude conectada. Logo, não há como discutir o processo eleitoral sem falar dos jovens – que estão olhando para frente, não para trás.
- O aperfeiçoamento da democracia passa pelo fortalecimento das organizações partidárias. O problema é que algumas legendas têm dificuldade em dialogar com os jovens. Eu sou apaixonado por política, e não só sei, como tenho certeza da capacidade transformadora do jovem. Sou do grupo de jovens que acredita na importância do voto para a mudança dos rumos do País.
- Ao menos em casa, a juventude já ajuda a transformar a vida de seus pais, contribuindo no orçamento doméstico. Hoje, de cada R$ 100 que um pai da classe alta injeta na economia do lar, o filho jovem coloca R$ 57. Na classe C, também a cada R$ 100, o filho investe R$ 96. O fato de os jovens participarem ativamente no orçamento familiar deu a eles a condição de ser um dos interlocutores da família.
- 92% dos jovens brasileiros acreditam na capacidade da juventude de mudar o mundo. Como nos consultam para adquirir ou pesquisar sobre um determinado produto, a família também nos procura para saber de política, economia e outras notícias.
- Os políticos não falam a língua dos jovens. Os partidos políticos e os governantes não sabem ao certo dialogar com a juventude digital. E os jovens serão decisivos na eleição de outubro, pois, além de votarem, ainda formam opinião em casa.
- Os jovens dessa geração digital são de 18 a 33 anos, uma mistura das gerações Y e X (nascidos entre 1980 e hoje) e predominantemente de classe C. Gastam R$ 200 bilhões por ano. De cada R$ 100 que um pai de classe alta injeta na economia do lar, o filho jovem coloca R$ 57. Na classe C, o filho coloca R$ 96. É por isso que os filhos influenciam mais a economia doméstica. Além disso, eles são mais escolarizados que os pais e mais conectados.
- Como os jovens decidem mais sobre as coisas dentro de casa, eles são os novos formadores de opinião. Isso vale tanto para a compra de um produto quanto para a decisão de voto familiar. Não há como discutir o processo eleitoral sem falar da juventude. Os jovens olham para a frente; são eles que vão ajudar a decidir as eleições este ano.
- Os jovens não aceitam mais uma classe política que não os representa. Eles querem ser protagonistas da própria história. Essa geração não aceita hierarquias, censura e tampouco tentativas de silenciá-los.
- Por serem mais escolarizados e conectados que os pais, eles são mais críticos com a real situação do País. Eles não enxergam na classe política a solução para um futuro melhor.
- O apoderamento dos jovens é explicado por diversos fatores:
1. Além de ter mais acesso à informação (93% dos jovens são conectados), a juventude digital é muito mais escolarizada que os pais;
2. Quanto a educação nos lares brasileiros, salta aos olhos a evolução educacional dos filhos da classe C (54% dos brasileiros). Nesse estrato da sociedade, 7 em cada 10 jovens estudaram mais que seus pais.
3. Neste mundo de interatividade, a enorme capacidade da juventude de assimilar as transformações tecnológicas interfere em como esses jovens agem, pensam e levam o seu ritmo de vida. Os jovens querem um Estado forte e que ofereça serviço público gratuito de qualidade. Essa juventude quebra a lógica política tradicional, ideológica, principalmente porque os jovens dessa geração utilizam-se de uma régua muito mais rigorosa para medir a qualidade do serviço público do que os pais.
4. Do ponto de vista comportamental, os jovens da Geração D são ambiciosos, impulsivos e ousados. Contestadores, eles não querem saber de censura. Impactados pelo sucesso dos programas de distribuição de renda, redução da pobreza e pleno emprego, eles, agora, querem muito mais dos políticos. A segurança aparece em primeiro lugar entre os problemas que mais preocupam os jovens, seguido por políticas públicas para a juventude e a inflação do cotidiano. 

5. O pessoal fica falando da ausência de médico na periferia, mas faltam professores, bolsas de estudo e publicidade para informar a população sobre os projetos. Os jovens querem saber do futuro, rebeldes conectados e formadores de opinião em casa. 

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Ainda acredito no PT

Nenhum outro governo fez tanto pela população mais carente como vem trabalhando o PT. Antigamente, a seca aqui no Nordeste era tratada com caminhão pipa, medida paliativa para a troca por voto. Atualmente, o PT a combateu com o sistema de cisternas e caixas d'água, em que a família tem autonomia porque a água é armazenada no próprio quintal de casa. 

O Órgão das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura citou o Brasil como sendo um dos países que conseguiram reduzir pela metade o número de pessoas que passam fome. Tempos atrás tínhamos 14,8% da população brasileira em situação de penúria. Atualmente, apenas 1,7% (3,4 milhões). Isso, ressaltando que a população do país cresceu durante esse período. E por que se deu essa queda? Por causa da eficiência dos programas de combate à fome. Alguém se lembra do tão criticado programa “Fome Zero” implantado durante o Governo Lula? Eu lembro, pois vesti a camisa.

A Classe C, nova classe média do Brasil, cresceu de forma fantástica. É gente que colocou cerâmica na casa, arrumou a vida, tem outra perspectiva de mundo. Nessas roças aí, incrível quanta gente comprou sua moto, deu uma arrumada na vida. O mercado de trabalho nunca esteve tão promissor, e o empreendedorismo vem ganhado proporções incríveis. É o tão criticado Bolsa Família, pago a 13.963.137 pessoas. O número de pessoas que saíram da linha de pobreza, graças ao “Bolsa Família”, foi de 36 milhões. Os gastos com o programa em 2013 foram de R$ 24,89 bilhões (desde 2004, o valor gasto cresceu em média +23% ao ano). Só o futuro esclarecerá melhor aos desinformados que esses programas alimentados pelo PT vêm dando autonomia e liberdade ao nosso povo. 

Já o Crime contra a Democracia... A velha prática da venda e da compra de votos, é uma prática injusta e cruel de responsabilidade de todos os partidos (dizer que o PT é corrupto é generalizar uma culpa de alguns para todo o partido, quando na verdade somos culpados todos nós). Hoje, a Justiça Eleitoral tem 10.530 processos que questionam na Justiça candidatos e prefeitos eleitos em 2012. Em 1.206 deles, a acusação principal é a compra de votos - os eleitos teriam oferecido algum bem aos eleitores. 166 prefeitos tiveram seus mandatos cassados. Além de dinheiro, os bens e serviços oferecidos aos eleitores por candidatos corruptos são: laqueaduras, implante dentário e material de construção. 

Seu voto tem preço? O meu, não! Nem dinheiro, nem mercadoria, nem favor, nem qualquer tipo de vantagem. Eu quero é que prometam coisas do dever público – que prometa e cumpra! Nada mais!!!

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Do Secreto ao Escancarado...

Não concordo que antigamente as coisas eram melhores. No tempo dos nossos avós a sexualidade era reprimida, carregada de tabus e cheia de medos e recalques. Acho muito triste a história da minha mãe: casou nova, virgem, com 14 anos, inocente, quase não namorou, não conheceu bem seu próprio corpo nem o corpo do meu pai para saber se estava realmente feliz com ele. Esse discurso de que antigamente era melhor é puro moralismo.

Mas, também não concordo que hoje as coisas estejam melhores. As meninas e os meninos deixaram as brincadeiras de infância e adolescência de lado e passaram a brincar de fazer sexo. Antes se brincava de casinha, comidinha e família. Hoje, os próprios adolescentes se tornaram os personagens reais do que era para ser suas simples brincadeiras. São crianças tentando viver como gente grande. Só tentando...

Uma das maiores influências veio dos Meios de Comunicação de Massa, como a TV, a Internet e os sofisticados celulares. Essas novas ferramentas têm o poder de informar, mas também o de invadir nossa privacidade, escancarar as intimidades e banalizar o corpo.

Então saímos do fundo de um poço e entramos n'outro: do secreto para o escancarado. Sexo não é motivo de repressão, mas também não é uma simples brincadeira. Sexo são tempos de preparação, descobertas e prazeres com responsabilidade. Acontece que muitas músicas, programas televisivos e sites da Internet não falam dessa forma.


Se antigamente não era tão bom e atualmente estamos cheios de problemas, como a gravidez desplanejada, a banalização do corpo e as DST’s, então é hora de deixar os extremos do Secreto e do Escancarado de lado e ir pelo caminho do meio: o Equilíbrio Responsável.

O Império Atual na Música Brasileira

Vale ressaltar que antes dos europeus e dos africanos aqui chegarem, o “desconhecido Brasil” era habitado por índios que tinham interessantes hábitos musicais. Em festas ou em rituais, os primeiros povos faziam música. Particularmente, acho lindo o som da flauta, do tambor e do chocalho. Mas, historicamente é pouco valorizado, porque a música indígena só é lembrada nas datas comemorativas do folclore. Mas isso tem uma razão de ser: nossos primeiros professores de música foram padres jesuítas que trouxeram aqueles cantos catedráticos e carregados de apelação psicológica para catequizar os índios e fazê-los fiéis. Foi imposta a musica instrumental, harmônica e a literatura musical.

Não existe uma democratização da música brasileira. Por mais eclética que ela seja, os meios de comunicação de massa impõem determinados estilos musicais aos ouvintes. Internacionalmente somos conhecidos como o país do samba, mas o samba e o funk do Rio de Janeiro por influência da mídia carioca. É comum vê em certas emissoras de televisão o lançamento de músicas subordinadas a temas de novelas ou empresários que pagam programas de televisão para lançar modinhas de cantores, a fim de vender discos e satisfazer os interesses das gravadoras. A música brasileira está subordinada ao mercado.

A música africana aqui na Bahia, por exemplo, foi absorvida pelo carnaval. Não no sentido de criticar preconceitos, conscientizar as pessoas com letras educativas ou falar sobre nossas raízes. O ritmo africano foi transformado em pretexto de ostentação material e forte conotação sexual.

Há uma nítida separação entre música dita “erudita” e música popular. Se for verdade a separação de classes na música, entre um estilo dito refinado e outro de mau gosto, também é verdade que a música brasileira ganhou uma conotação sexual muito grande. Somos expostos a letras maliciosas que começam falando de decepções amorosas e terminam induzindo ao sexo, às drogas, às bebedeiras e à violência.


Diante de tudo isso a respeito do gosto musical, fica difícil acreditar nessa tal “independência brasileira”. O próprio país ridiculariza seu povo ao submeter-lhe e impor-lhe ritmos e letras anacrônicos. Como se não bastasse, ainda absorvemos o Rock e os estilos internacionais distantes da nossa cultura. Vale lembrar que as óperas são de origem italiana e francesa, o bolero é de origem espanhola, as valsas e polcas, alemãs, e o jazz, norte americano. Mas, nem tudo está perdido. Muitas comunidades de raízes ainda criam suas próprias músicas. Talvez o erro não esteja em absorver algum estilo ou ritmo diferente, mas o acerto maior é usar a música para expressar o que realmente é nosso.