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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

FILME 02: Instinto


Por Neilton Lima
Professor, pedagogo e psicopedagogo.

O que aprendi com esse filme? 


A liberdade não é um sonho. Está do outro lado dos muros que nós próprios erguemos.
Então pare de queixar do tempo que lhe resta, e use-o! ESPERANÇA!

Domínio, controle sobre a Natureza... Será esse o grande “Dom” da humanidade? Ou apenas uma ilusão temporária que tem nos levado às grades de nossas prisões físicas e mentais? Este é um filme para refletir sobre o que estamos nos tornando, e para onde isso vai nos levar. A polêmica surge de uma questão: o que levaria um ser humano a abandonar sua família, sua profissão, a sociedade e o próprio convívio com a sua espécie para viver com um grupo de gorilas? Um fio de retrocesso e contrariedade para a Evolução Humana?

No fundo é um filme de liberdade encontrada na Natureza, porque a prisão foi criada pela cultura humana para si mesma. A questão é: A agressividade de uma pessoa é resolvida com castigos, punições e prisões ou são elas, a guarda do Estado (polícia, autoridades, cientistas, letrados) que aprisionam a alma humana, as responsáveis pelos “animais indomáveis”? Ora, se você prender numa jaula uma fera que ama a liberdade, só conseguirá enfurecê-la ainda mais. 

Dizem que matar um animal não é pecado. Mas, matar um homem é pecado. A questão então é: onde termina um e começa o outro? Na verdade, o filme nos leva a reconhecer que existe um animal por trás do homem e um homem detrás do animal. Há perversidade na razão e benevolência nos instintos. Assim como há demência na razão e sanidade na loucura. O animal sobressai à civilidade em algum ponto, talvez naquele em que há uma lógica de equilíbrio na natureza e na convivência com seus membros. O louco meio que afasta da realidade coletiva, porque ela o empurra a um mundo só para si. Mesmo quando mata, o instinto impulsiona à vida. Mesmo quando fantasia, a loucura dialoga e zomba da realidade. Enquanto isso, a civilidade e a razão são capazes de usar a consciência de que dispõem para sustentar guerras, poder, dor, sofrimento, prisões e perversidade. Por que isso acontece? O instinto e a loucura têm razões, que a própria razão desconhece, mas que o coração compreende bem. Talvez o problema não esteja na civilidade ou no ato racional em si, mas nas direções e nos desdobramentos que lhes são dados, mediante os interesses políticos e econômicos daqueles que têm mais força, isto é, que estão no poder. Porque a nossa sociedade é uma hierarquia, um combate de relações de forças e poder, na maioria das vezes abusivas. O maior desafio lançado para a nossa espécie é encontrar o ponto de equilíbrio entre a civilidade e a barbárie, o coração e a mente, o eu e o nós, a cidade e a floresta, a razão e a loucura, a cultura e a natureza, a racionalidade e o INSTINTO.
 Aquele Abraço!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

FILME 01: O Sorriso de Monalisa


Por Neilton Lima
Professor, pedagogo e psicopedagogo.

O que aprendi com esse filme? 

Cuidado em quem você se espelha, seu ídolo pode não ser feliz de verdade. As escolhas que fazemos estão ligadas a quem nós somos. Muitas vezes exigimos, criticamos e apontamos nos outros aquilo que nos falta. Transferência. O filme é para quem ousa fazer a diferença. Existem muitos rótulos: família certa, escola certa, relacionamento certo, arte certa, forma certa de pensar... E pouco esforço em escolher por si próprio. Então, “vamos tentar abrir nossas mentes para uma nova concepção”? Talvez seja fácil seguir regras, manuais e normas de etiqueta padronizadas. Mas... Quem se habilita a recriá-las, contestá-las e buscar o seu real sentido? Quem define “o que é”, “por que é” e “para quem é”? “As pessoas mudam e as coisas acontecem...”. Você está preparado para encarar a imprevisibilidade do ser humano? Dizem que não é bom ser ousado, realista e sincero, pois se pode perder a oportunidade e contrariar pessoas. Mas há uma conseqüência pior por usar uma máscara: ela não sustenta a felicidade e um dia cairá. “Nem tudo é o que parece”. Então mais vale o risco de desapontar algumas pessoas do que o triste conforto de mentir para si mesmo (isso é trair-se). Você não pode lhe tirar o direito de escolher. “Mudar para os outros é mentir para si mesmo”. É verdade que o preço mais alto que se pode pagar por enxergar o mundo de outra maneira (diferente) é o de ser rotulado como subversivo, louco, ou empurrado para o isolamento social e a solidão. “Você pode se conformar com o que as outras pessoas disserem ou poderá ser você mesmo”. Viver conforme a sua própria definição. Quebrar muros, substituir idéias. Nem todo errante é sem propósito, especialmente aquele que busca a verdade além da tradição, além da definição, além da imagem... Uma vida inédita não pode ser a cópia de outras vidas, assim como a mais perfeita técnica usada para reproduzir um quadro nunca o fará igual ao original. E o motivo é simples: um quadro falsificado jamais terá as marcas das emoções e dos pensamentos do artista. O plágio consegue reproduzir as cores e suas formas, nunca as reais marcas dos ideais e da integridade do autor. Muitos artistas fizeram a diferença porque pintavam o que sentiam e o que pensavam não o modelo do que viam. Eis a verdadeira Arte, inclusive a de viver! Um sorriso sincero... Um sorriso feliz... Um sorriso verdadeiro... Um sorriso de ciência... Um sorriso de Monalisa. 
Aquele Abraço!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

APRENDER a RECONHECER: Existem variados modos de escolher o sofrimento e os afetos e lidar com eles.


Por Neilton Lima
Professor, pedagogo e psicopedagogo.

Somos regidos por fantasias, desejos sexuais ou lembranças inconscientes vindos da infância, ou seja, origem interior que devemos reprimir para nos socializar. Assim, nossos sintomas, sonhos e lapsos de linguagem têm sempre um sentido encoberto, isto é, que ultrapassa o que é tangível ou palpável. Nesse sentido psicanalítico, o essencial seria o retorno à consciência de uma lembrança esquecida, resultado de uma experiência traumática, carregada de um afeto penoso. Precisamos introduzir ou arrancar pensamentos novos do nosso psiquismo, resgatar de lá de dentro algo esquecido ou abandonado.

E por que esquecemos tais experiências? Isso pode ocorrer caso a pessoa a viva como um trauma, isto é, carregada de afeto, diante da qual seria pega de surpresa e portanto estaria indefesa. Essa experiência acaba por se constituir num outro grupo psíquico, mantendo isolada, sem relações com os pensamentos conscientes.

As dores existenciais tornaram-se via de acesso ao inconsciente. Elaborá-las é ir ao encontro dos porões obscuros da mente. Cabe-nos aprender a identificar nossos limites, vislumbrar saídas, reconhecer a si mesmo e a forma como estabelecemos relações. E são muitos os modos distintos de compreender, escolher e lidar com o sofrimento, o mal-estar e os sintomas.

Nessa empreitada, somos convidados a ser um detetive de nós mesmos. Detectar os sinais mínimos de perturbação interior e saber lidar com a aflição diante da verdade. Essa descoberta pode se dá por meio da palavra, que tem o poder tanto de curar quanto de adoecer uma pessoa. Logo, a palavra tem certo poder medicinal, cuja maior arte é a de curar: mesclada com razão, reflexão, sensibilidade, genialidade e por que não, atos “irracionais”.

Pois bem, sofrimentos e dores extremas, em princípio contrários à vida, estão fundamentados na cultura e no orgânico. Ou seja, distúrbios orgânicos e representações, idéias, podem funcionar como causa de doenças mentais. Isso mesmo, uma simples idéia ou raciocínio pode, sob determinadas condições, levar uma pessoa à loucura. Vamos dá o exemplo de uma forma de lembrança intolerável para uma pessoa, como ela atua de forma nociva no seu psiquismo.

É muito comum e freqüente encontrar na vida cotidiana pessoas lamentando perdas, tristezas e infortúnios de suas vidas. Ora, sem reconhecer como nossas algumas coisas “negativas”, jamais teríamos NOSSA HISTÓRIA, nossas criações positivas e inegavelmente enriquecedoras na vida, pois sem as dificuldades que encontramos pelo caminho não teríamos NOSSAS MARCAS. Estas fazem parte da vida humana, e deixar de sentir saudades ou de ficar triste, por exemplo, seria um tipo de empobrecimento que tornaria a vida muito desinteressante. A imprevisibilidade marca as nossas experiências e é preciso que estejamos abertos a ela. Estamos a mercê do acaso surpreendente, por mais que nos esforcemos em controlar nossas vidas. Encarar isso como fato nos ensina a conviver com nossas dores e sofrimentos. A negatividade ou a força do negativo precisa ser pensada com algo positivo no ser humano.

Então gostaria de compartilhar com vocês três orientações para lidar com as adversidades da vida: CONSERVAR, ADAPTAR ou AVENTURAR.
1ª) CONSERVAR: se você estava em paz consigo mesmo e algo novo desequilibrou seu estado mental, procure “restaurar seu sistema psíquico” e retomar a sua condição antiga;
2ª) ADAPTAR: aprenda a adequar-se com as situações novas. Estabeleça uma relação dinâmica com os desafios de fora, mantendo ou retirando no seu eu interior aquilo que lhe fará bem;
3ª) AVENTURAR: seja desbravador, aberto ao imprevisível. O acaso não é visto como perigo, mas como uma oportunidade a mais para viver. Um ser sempre em mutação através das novas descobertas.

No primeiro caso, o sujeito saudável seria uma identidade conservada; no segundo, o sujeito é capaz de se modificar para adaptar; e, por fim, um modelo muito mais interessante que os dois anteriores, pois a força do negativo é pensada como algo positivo no ser humano: temos a pessoa desbravadora. Eu uso um pouco da cada uma: muitas vezes precisamos preservar boa parte do nosso passado, outras, acrescentar experiências novas e ainda se lançar para o futuro.

É preciso realizar a catarse, isto é, num sentido aristotélico, a purificação e purgação dos sentimentos de terror e de piedade. Sabemos que a excitação inicial de uma pessoa é incompatível com a razão. Tomar consciência sobre essa excitação é purificar-se, pelo menos a médio prazo, causando efeitos benéficos sobre a capacidade de agir racionalmente. Então é preciso “colocar para fora” experiências desagradáveis, revivendo-as como se fosse a primeira vez, se preciso for, desabafando. Mas não é nada fácil, muitas vezes nós mesmos atuamos como defensores desses pensamentos, ou seja, temos o papel de defesa contra os pensamentos desagradáveis, para o qual contribuímos ativa e conscientemente. E o mais comum é de natureza sexual ou articulado a sensações eróticas, na maioria das vezes julgados como inaceitáveis por nós. Enfim, se existem pensamentos incompatíveis com a consciência é porque ela pode ser um antídoto do mal.

As idéias rejeitadas surgem para os sujeitos como frases e palavras, carregadas de energia, de excitação erótica. Assim, é impossível fazer os pensamentos e a insatisfação erótica sumirem. Todavia, é possível diminuir sua força, algo realizável por meio de uma separação entre a forma das palavras (representação) e sua carga de afeto, encontrando para esta um novo destino. É preciso recuperar a identidade perdida com a defesa contra as idéias indesejáveis. O problema é que, em estado de vigília, a nossa tendência natural é a de afastar tais lembranças. Por isso a hipnose era muito utilizada, pois a pessoa hipnotizada adormece o seu consciente e deixa o inconsciente se manifestar. Entretanto, é possível arrancar tais informações da fala do sujeito e, como ele se arma para não deixar o inconsciente “falar”, aqui está uma primeira pista: quanto mais próximos os sujeitos estão das lembranças recalcadas, tanto mais interrupções, esquecimentos e idéias aparentemente sem valor parecem interferir na fala deles – eis a fala espontânea, conhecida como associação livre: deitar e falar sobre o que aflige, mencionando tudo o que vem à mente, ainda que sejam idéias aparentemente sem sentido, indignas ou imorais. Tais idéias têm sempre algo em comum com o que se tenta esquecer.

Um bom especialista (psicanalista) analisa cuidadosamente essa técnica (associação livre):
a)      ele presta atenção cuidadosa a todos os aparentes desvios do tem essencial presente nas falas;
b)      esses desvios contêm traços em comum com os pensamentos recalcados;
c)      observa se o sujeito esquece parte do que está contando, enganava-se e trocava uma palavra por outra, ou seja, se cometia um lapso, se fazia construções ilógicas ou mudava a entonação da voz;
d)      quaisquer sinais de perturbação ou rupturas na fala adquirem valor de significação do recalcado;
e)      para traduzir esses sinais nos pensamentos recalcados é preciso uma técnica de deciframento muito interessante a partir de elementos fonéticos – para se chegar ao conteúdo recalcado ou pensamentos inconscientes.
f)        existem muitos obstáculos de acesso aos pensamentos inconscientes ou elementos inconscientes em questão – uma forma de resistência ao tratamento.
g)      muitas vezes há a “transferência” do problema para a pessoa do analista, como se ele fosse um dos personagens (em geral, são os familiares mais próximos: pai, mãe, irmãos etc.) implicados em seus pensamentos inconscientes, ou seja, repetiam o que haviam vivido ou fantasiado no passado, dirigindo demandas tipicamente infantis ao analista. A transferência também surge sob a forma de declarações de amor ou de ódio incondicional.
h)      As transferências são elementos inconscientes, intimamente ligadas aos sintomas como um todo.
i)        São inúteis as tentativas de persuasão intelectual dirigidas ao paciente.
j)        Na transferência, os conteúdos infantis são revividos como se fossem presentes, mas estão deformados de modo que o próprio sujeito não os reconhece como originários de sua infância;
k)      A repetição transferencial tem algo em comum com um sonho, no qual aquele que sonha vive alucinatoriamente seus pensamentos como se estes fossem realidades objetivas.
l)        A repetição, sob a forma da transferência, é uma arma terapêutica, precisamente a mais poderosa da psicanálise.
Em resumo, buscar atribuir valor positivo à resistência, uma indicação da aproximação ao recalque.

Outro ponto importante a se destacar é que o psiquismo busca a diminuição do nível de tensão interna, mesmo diante de adversidades ou algum revés na vida, como um fracasso financeiro, uma doença grave ou grande decepção, como traição do cônjuge ou de amigos, se movido pela necessidade inconsciente de punição. Assim, podemos redefinir a pulsão de uma força originária no corpo, que atinge o psiquismo de modo que este não possa fugir, para uma tendência inerente a todo organismo vivo de retorno a uma situação anterior. Ora, se toda “situação anterior” seria objeto de uma tendência de retorno do organismo há uma pulsão de vida e uma pulsão de morte. A de vida coagiria o organismo a retornar aos momentos posteriores ao nascimento; a de morte, o obrigaria a voltar ao estado anterior à vida orgânica.

A terapia psicanalítica é também uma cena do discurso, com regras e leis próprias, que se inscreve e modifica a cultura ao abrir o ‘romance subjetivo’ de cada um para novas possibilidades narrativas. O paciente não pode lembrar-se totalmente da própria história nem dizê-la de modo definitivo. Portanto, nem o analista pode construí-la nem o paciente pode apoderar-se inteiramente da própria verdade histórica. Esta é em si mesma uma criação do inconsciente durante o processo analítico. Sendo assim, a historicidade do sujeito freudiano é essencialmente não um dado concreto, mas produto do sentido. Diferentemente da história como disciplina, a historicidade psicanalítica, de acordo com o último modelo de aparelho psíquico freudiano, funda-se na abertura iminente para um passado imprevisível. Assim, podemos dizer que a alteração do outro em análise é uma possibilidade imprevisível e, sobretudo, indomável. Na terapia psicanalítica, a finalidade é cuidar dessa abertura, isto é, conservar aberta a possibilidade de transformação imprevisível dos sentidos do cotidiano e do destino. Estes podem e devem, numa cura analítica, estar abertos a transformações imprevisíveis.
Aquele Abraço!